E. coli e Salmonella: Patologias, Sintomas e Transmissão

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E. coli Entero-hemorrágica (EHEC/STEC)

A E. coli Entero-hemorrágica (EHEC), também conhecida como E. coli produtora da toxina Shiga-like (STEC), causa uma doença cuja gravidade varia desde uma diarreia leve e sem complicações até uma colite hemorrágica com dor abdominal severa e diarreia sanguinolenta.

  • 80% das cepas isoladas pertencem ao sorogrupo O157:H7.
  • A Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU), um transtorno caracterizado por insuficiência renal aguda, trombocitopenia e anemia hemolítica microangiopática, é uma complicação em 5% dos casos de EHEC.
  • Produtora da citotoxina Stx (Shiga), que causa colite hemorrágica.
  • Transmissão: Hambúrgueres contaminados (carnes malpassadas), pessoa a pessoa, fecal-oral.

E. coli Enteroagregativa (EAEC)

Identificadas como causadoras de diarreia aquosa persistente, com desidratação. As E. coli EAEC formam um padrão agregativo de adesão, lembrando a disposição de tijolos empilhados.

  • Possuem a fímbria AAF/I (aderência).
  • Causam diarreia secretória, mucoide e aquosa, persistente (mais de 2 semanas).
  • Provocam encurtamento das microvilosidades.
  • Resultam em diminuição da absorção de líquidos.

E. coli e Infecções Extraintestinais

Sepse

  • Se origina tipicamente em infecções do trato urinário ou gastrointestinal (ex: perfuração intestinal levando à infecção intra-abdominal).

Meningite Neonatal

  • E. coli e Streptococcus agalactiae causam a maior parte das infecções do SNC em bebês com menos de 1 mês de vida.
  • Aproximadamente 75% das cepas de E. coli possuem o antígeno capsular K1.
  • Este sorogrupo está também comumente presente no trato gastrointestinal de mulheres grávidas e neonatos.

Infecção do Trato Urinário (ITU)

  • 90% das ITUs são causadas por E. coli.
  • A maioria se origina no cólon, contamina a uretra, ascende para a bexiga e pode migrar para o rim ou a próstata.
  • Embora a maioria das cepas de E. coli possa causar ITUs, alguns sorotipos são mais comuns.
  • Estas bactérias são particularmente virulentas devido à sua capacidade de produzir adesinas, que se ligam às células de revestimento da bexiga e trato urinário superior (impedindo a eliminação das bactérias durante a micção), e hemolisina HlyA, que lisa eritrócitos e outros tipos celulares (levando à liberação de citocinas e ao estímulo de uma resposta inflamatória).

Salmonella: Tipos e Manifestações Clínicas

A maioria dos sorotipos de Salmonella são patogênicas para o homem, e os sintomas clínicos podem ser divididos em três grupos:

  • Febre Tifoide: Sempre causada pela S. typhi.
  • Febre Entérica: Causada pela S. paratyphi (A, B e C).
  • Salmoneloses: Causadas pelos demais sorotipos de Salmonella.

Febre Tifoide

Causada por S. typhi, que só acomete o homem e não possui reservatórios em animais.

Transmissão: Interpessoal e através da água e alimentos contaminados com material fecal humano.

Os sintomas são muito graves e incluem septicemia, febre alta, diarreia e vômitos. A bactéria atinge os linfonodos mesentéricos e, a partir destes, se dissemina para outros órgãos como fígado e baço, multiplicando-se.

  • Ao invés de ser destruída por células fagocíticas, S. typhi se multiplica dentro delas e se dissemina em diversos órgãos, especialmente no baço e fígado. No final, as células se rompem e liberam as bactérias para a corrente sanguínea (Mecanismo de evasão).
  • Após a infecção, os indivíduos podem se tornar portadores por meses ou anos, constituindo então uma fonte contínua de infecção.
  • A vesícula biliar é o local de refúgio dos microrganismos (a remoção da vesícula biliar pode ser a única solução para o estado de portador).
  • Exemplo notório: Mary Mallon (Typhoid Mary), uma cozinheira da cidade de Nova York que, no início do século XX, foi responsável por aproximadamente dez surtos na época.

Febre Entérica

  • O agente etiológico é a Salmonella paratyphi A, B e C.
  • Os sintomas clínicos são mais brandos que em relação à febre tifoide.
  • Pode evoluir para septicemia e frequentemente desenvolver um quadro de gastroenterite, febre e vômitos.
  • O período de incubação é usualmente de 6 a 48 horas e a duração média da doença é de três semanas.

Salmoneloses

Em decorrência de outras Salmonella (Salmonella spp.), como a S. enteritidis.

  • Desenvolvem um quadro de infecção gastrointestinal, tendo como sintomas dores abdominais, diarreia, febre baixa e vômito, sendo raros os casos clínicos fatais.
  • Os sintomas aparecem de 12 a 36 horas, podendo durar até 72 horas.
  • Trata-se da manifestação mais comum de infecção por Salmonella e o episódio geralmente sofre resolução em dois a três dias.
  • Os alimentos mais incriminados são carne bovina, aves, suíno e ovos crus.

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