O Que é Competência? Definições e Perspectivas
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Vamos aprender o que é competência? Para começar, é relevante sabermos que, com relação à definição do termo competência, não há consenso entre os diferentes autores e suas correntes. Por isso, traremos algumas definições de competência que contemplam diferentes perspectivas, até nos aproximarmos da definição que seja válida para nós. Os autores Kilimnik e Sant'Anna (2006) observam que o conceito de competência não é novo e nem recente. Trata-se de uma ideia consideravelmente antiga que foi retomada nos dias atuais devido aos inúmeros fatores de mudanças que impactaram o mundo do trabalho, como os processos de reestruturação produtiva em curso, o ambiente de imprevisibilidade na economia, as transformações nos modelos de gestão das organizações e o fenômeno da globalização. "Esses aspectos têm exigido das organizações (...) uma ampla capacidade adaptativa, assim como a busca sistemática por elementos que visem assegurar uma competitividade sustentável" (KILIMNIK; SANT'ANNA, 2006, p. 90).
A autora Gramigna (2007) relata que o termo competência vem do verbo "competir". Segundo ela, desde o século XV, o verbo "competir" esteve relacionado a "rivalizar-se com", gerando substantivos como "competição", "competidor" e "competência", e hoje o termo é usado em vários contextos e com significados específicos.
Saiba mais Segundo Resende (2003, p. 30), existem inúmeras acepções para a palavra competência. O termo tem sido usado, mais tradicional e frequentemente, com os seguintes significados:
- Incumbência: "Este assunto é de sua competência."
- Idoneidade: "A pessoa indicada tem competência para responder pelo grupo."
- Poder de decisão: "Somente a diretoria tem a competência para resolver esta questão."
- Suficiência: "Ele é competente bastante para cuidar do assunto."
É curioso constatar que, com o significado predominante no presente - capacitação para realizar algo, saber fazer alguma coisa -, o termo competência era anteriormente usado mais com sentido negativo (fulano é incompetente; falta de competência de sua parte etc.) e tinha o poder de ferir a sensibilidade de quem assim fosse acusado, mais do que expressões como ineficiente, despreparado ou atrasado, por exemplo.
Atualmente, a crença é a de que o domínio de determinadas competências leva profissionais e organizações a serem um diferencial no mercado de trabalho. De acordo com Kilimnik e Sant'Anna (2006), os primeiros estudos realizados sobre o tema referem-se à perspectiva anglo-saxônica (EUA e Canadá), destacando os trabalhos de autores como Spencer e Spencer (1993), Boyatzis (1982) e McClelland e Dailey (1972). Para estes últimos, a competência pode ser resumida como o conjunto de características individuais observáveis (conhecimentos, habilidades, valores), que podem predizer e/ou causar um desempenho efetivo ou superior no trabalho ou em outras situações da vida. Já para Spencer e Spencer (1993 apud KILIMNIK e SANT'ANNA, 2006), influenciados pelos estudos realizados por McClelland, a competência é definida como as características implícitas ao indivíduo que se relacionam a um critério de eficácia e/ou desempenho superior na execução de um determinado trabalho ou vivência de uma determinada situação. Boyatis (1982 apud KILIMNIK; SANT'ANNA, 2006), por sua vez, procura fixar ações e comportamentos específicos esperados, a partir das exigências do cargo, destacando preocupação com os resultados apresentados pela pessoa. Frente à multiplicidade de definições quanto ao conceito de competência, Barato (1998 apud KILIMNIK; SANT'ANNA, 2006) evidencia a prevalência de duas principais perspectivas:
- a perspectiva inglesa: definição de competências de acordo com o mercado de trabalho, enfatizando fatores ou aspectos relacionados a descritores de desempenho requeridos pelas organizações;
- a perspectiva francesa: definição de competências enfatizando a vinculação entre trabalho e educação, cujas competências são uma resultante de processos sistemáticos de aprendizagem.
Vejamos agora algumas definições de competências por diferentes autores: Tabela 1 - Definições de competências
Definições de competências, na revisão de Dias (2001 apud LIMA e BORGES-ANDRADE, 2006, p. 203):
Definição Fonte:
Conjunto de conhecimentos, habilidades e experiências que credenciam um profissional a exercer determinada função. Magalhães e colaboradores (1997), apud Brandão (1999).
Conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionados que afeta parte considerável da atividade de alguém, que se relaciona com o desempenho, que pode ser medido por padrões preestabelecidos e que pode ser melhorado por meio de treinamento e desenvolvimento. Parry (1996), citado por Dutra e colaboradores (2000).
Conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes interdependentes e necessários à consecução de determinado propósito, no trabalho. Durand (1999), apud Brandão (1999).
Características individuais observáveis - conhecimentos, habilidades, objetivos, valores - capazes de predizer/causar desempenho efetivo ou superior no trabalho ou em outra situação de vida. McClelland (1970), citado por Resende (2000).
Atributos pessoais (motivações, qualidades, habilidades), evidenciados pela maneira como a pessoa se comporta no trabalho, que predizem a efetividade ou o alto desempenho no trabalho. Klemp (1999), citado por Brandão (1999).
Repertórios comportamentais identificados como relevantes para a obtenção de alto desempenho em um trabalho específico, ao longo de uma carreira profissional, ou no contexto da estratégia profissional. Sparrow e Bognanno (1994).
Capacidade da pessoa em gerar resultados dentro dos objetivos estratégicos e organizacionais da empresa. Dutra e colaboradores (2000).
Competência não é estado ou conhecimento que se tem nem é resultado de treinamento. Competência é na verdade colocar em prática o que se sabe em um determinado contexto, marcado geralmente pelas relações de trabalho, cultura da empresa, imprevistos, limitações de tempo e de recursos etc. LeBortef (1995), apud Dutra e colaboradores (2000).
Assumir responsabilidades frente a situações laborais complexas e desenvolver uma atitude reflexiva sobre trabalho, que permita ao profissional lidar com eventos inéditos, surpreendentes, de natureza singular. Zarifian (1996).
Fonte: Dias (2001, apud LIMA e BORGES-ANDRADE, 2006, p. 203)