Comportamento Coletivo: Características e Teorias

Comportamento Coletivo

Características

Características Básicas

• Emergentes: Espontâneas, expressivas, informais, não estruturadas, não planejadas, improvisadas, imprevisíveis.
• Extra: Não especificadas pela cultura, não convencionais, não de acordo com regras estabelecidas, com filiação, papéis e objetivos mal definidos, emergindo geradoras de padrões.

Características Secundárias

• Parece mutável e instável, em rápida mutação, versátil, fluido, efêmero, transitório.
• Excitação emocional como uma reação a uma situação problemática ou estressante. Pessoas se tornam mais influentes.
• Afeta um grande número: O número está relacionado à amplitude do grupo afetado pela situação-problema.

Teorias e Conceitos

Lofland

1. Componente cognitivo: Refere-se a como as pessoas estão definindo a situação.
2. Componente emocional: Nível crescente de excitação emocional nos participantes.
3. Componente de ação: A ação definida pelos participantes e observadores como fora do comum.
4. Componente físico: O comportamento coletivo requer a suspensão da ação da vida cotidiana para um grande número de pessoas.
5. Componente temporal: A proporção de uma comunidade que suspende a atitude da vida cotidiana em diferentes graus e experimenta a excitação emocional ao longo do tempo.

Os três primeiros componentes mantêm uma relação interativa: um aumento de excitação emocional contribui para rotular a situação como extraordinária, a excitação emocional facilita o "degelo" da situação e novos comportamentos surgem.

O número de pessoas é importante para uma equipe que cria uma sensação de anonimato, por outro lado, tornam-se mais intensos os processos de facilitação social, o impacto da liderança e da excitação emocional.

O fator tempo é um indicador da intensidade e persistência do comportamento.

Tipos de Comportamento

Comportamento convencional: É típico de grupos estabelecidos que foram formalmente regidos por regras estabelecidas e têm a força da tradição.

• Comunidades: O comportamento não é abordado por normas culturais, é desestruturado, falta de procedimentos para a seleção de seus membros, sem papéis ou regras para eleger seus líderes.
• Grupos: As pessoas que estão em interação e cuja interação é afetada pelo sentido de que eles formam uma unidade.
• Comunidade: Grupo relativamente desorganizado, sem procedimentos formais definidos para a seleção de seus membros, para definir objetivos, escolher os líderes e tomar decisões.
• Organização: Grupo formal governado por certas regras, permitindo que os membros se identifiquem, definam objetivos, escolham os líderes e tomem decisões.
• Multidão: Coletividade cujos membros estão em presença mútua, imediata e face a face.
• Massa: Comunidade de pessoas que se preocupam com um objeto comum, mas não se encontram em proximidade física e imediata. Pode envolver amplos segmentos da população. Sentimentos: hostilidade, medo, alegria, tristeza.
• Movimento social: É um movimento da comunidade desorganizado na interface, em grande parte informal, com senso de unidade que torna possível um objetivo comum ou coletivo não-institucional. Funciona com continuidade, que envolve um certo grau de estratégia, organização, comprometimento, enquanto permite a continuidade da identidade de grupo e o desenvolvimento de crenças e valores. Objetivos de mudança social ou a resistência a ela.

Touraine

1. Princípio de identidade: Refere-se àqueles que se definem como os participantes.
2. Princípio da oposição: Especifica quem é o inimigo que o movimento está combatendo.
3. Princípio da totalidade: Visão de mundo que procuram impor.

Psicanálise / Homo irrationalis

Seu comportamento é impulsionado por emoções e motivos inconscientes. A melhor fonte desses impulsos é a libido.

Contribuições: Eric Hoffer (fanatismo das massas), Zimbardo (desindividualização), Le Bon, Freud, Jung (o inconsciente coletivo).

Atribuição Causal, Variáveis Cognitivas e Ação Coletiva

Temos a tendência de explicar o que acontece com uma pessoa com base em suas características individuais em vez de atribuí-la a fatores situacionais (erro fundamental de atribuição).

Sem uma interação homogênea e intensa é improvável que uma pessoa reconheça que seus distúrbios privados refletem problemas públicos.

Aqueles que defendem a crença em frente ao mundo podem ser mais propensos a fazer atribuições para o sistema.

Teoria da Privação Relativa

Tenta explicar o sentimento de descontentamento que pode levar à ação coletiva. Argumenta que as pessoas avaliam o que elas têm em relação aos seus grupos de referência. Se você receber menos do que elas esperam, percebem-na como injusta e repleta de descontentamento.

• Privação egoísta ou pessoal
• Privação fraternal ou coletiva. Quando a privação é mais coletiva, é mais provável que façam atribuições externas.

Tajfel - Teoria Social da Identidade

Acredita que os indivíduos mudam seus caminhos quando são membros de um grupo. Seus experimentos mostraram que a simples atribuição de um sujeito a um grupo ou categoria leva ao surgimento de um novo tipo de comportamento motivado pelo desejo de promover os interesses do grupo ao qual se sente um membro.

Interacionismo Simbólico

A mudança social introduzida pelo comportamento coletivo é vista como parte de um processo normal de renovação constante da sociedade. O indivíduo é visto como um ator consciente que constrói seu comportamento através de representações simbólicas de si mesmo e do que os outros esperam. Enfatiza o papel da interação na construção de sentido e na coordenação do comportamento individual.

Blumer

Se há agitação social, a vida vai de acordo com as normas e papéis sociais e não existe um comportamento coletivo. Se a agitação social aumenta, este é um sinal do colapso da ordem normativa social, criando condições favoráveis para o surgimento de comportamento coletivo. O comportamento torna-se errático e sem um objetivo preciso, estendendo-se uma excitação que leva a visões exageradas, percepções tendenciosas e rumores. Aumento da irritabilidade e sugestionabilidade.

Modelo de Recompensa-Custo de Berk - Princípio da Maximização da Utilidade Esperada

Um tomador de decisão ideal vai escolher a ação que proporciona o melhor resultado.

Processo seguido pelos participantes em uma multidão para tomar decisões:

1. Buscando informação.
2. Prevendo o que eles consideram que ocorrerá.
3. Classificando as opções de ação por ordem de prováveis resultados.
4. Escolhendo o tipo de ação que minimiza os custos.

Probabilidade de ação = [(Ra - R) (S)]
Ra = resultado esperado da ação
R = resultado da inação
S = Probabilidade de suporte

Olson

Analisa a importância dos custos e benefícios para explicar o envolvimento individual e organizacional em atividades de movimentos sociais. Examina a variedade de recursos a serem mobilizados, os vínculos entre movimentos sociais e outros grupos, a dependência dos movimentos em relação ao apoio externo e as táticas usadas pelas autoridades para controlar ou incorporar movimentos. Como os movimentos sociais fornecem bens coletivos, poucas pessoas querem sofrer sozinhas os custos de trabalhar para obtê-los.

• Grupos reais: Aqueles que podem se beneficiar de um determinado grupo, seja ele ajudando a pagar o custo da sua prestação.
• Incentivos orientados: Um único ator que pode ganhar ou perder e influenciar o ator a contribuir para a ação coletiva.
• Estrelas: Indivíduos ou organizações com a capacidade de tomada de decisão e controle social.
• Ação coletiva: A luta por bens coletivos, que envolve a organização dos atores e a mobilização coletiva.
• Grupos de atores: As organizações e as organizações formais, cuja principal finalidade é a realização de tais lutas.

Marx

De acordo com Marx, a força básica que impulsiona a sociedade e a história é o conflito de interesses e, portanto, o conflito é a chave para enfrentar a mudança social. O conflito resulta em uma luta por recursos econômicos.

Teoria do Processo Político

Em tempos de instabilidade política, há uma oportunidade para aqueles com interesses opostos poderem desafiar o poder estabelecido.

Estrutura de oportunidade política: O grau em que alguns grupos têm probabilidade de acesso ao poder e manipulação do sistema político.