Compreendendo a Educação: Conceitos, Critérios e Distinções
Classificado em Filosofia e Ética
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Existe um número abundante de definições de educação na história da pedagogia. Por sua vez, há uma série de critérios e conceitos que podem ajudar a qualificar certas abordagens educacionais ou de aprendizagem como ensino. Assim, tentaremos redefinir o conteúdo dos termos teóricos, dependendo de seu lugar como membros do conjunto que é uma linguagem teórica, para que se possa apreciar sua "rede nomológica", ou seja, os critérios ou padrões lógicos que governam o uso dos termos incluídos nesta linguagem teórica distinta.
A Complexidade das Definições em Pedagogia
Ao definir os termos, eles não são considerados isoladamente, mas em relação aos outros termos de sua linguagem teórica. Isso tem três funções:
- Definir que tipo de fenômenos queremos expressar com o termo.
- Estabelecer quando usamos um termo diferente.
- Esclarecer quais são os critérios que nos permitem distinguir os fenômenos entre si, para afirmar que devemos aplicar um ou outro termo, conforme apropriado.
O termo formação é o conceito central que unifica a linguagem teórica; os nove termos restantes referem-se ao conceito de aprendizagem. Não aceitamos como aprendizado "educacional" aquele que despreza a liberdade e a dignidade do aluno. Nem toda a aprendizagem pode ser educativa.
Distinguindo Conceitos de Aprendizagem
Doutrinação: Intenção e Conteúdo Preconceituoso
O conceito de doutrinação, como forma de aprendizagem, pode ser desclassificado [como educativo] porque se caracteriza pela "intenção do agente de implementar suas próprias convicções ideológicas, preconceito no conteúdo aprendido".
Condicionamento: Resposta Através de Estímulos
No condicionamento, a aprendizagem de uma resposta ocorre através de um estímulo. Os conceitos de condicionamento e doutrinação têm algo em comum: são dirigidos e governados por um agente externo ao aluno. No entanto, o que realmente domina é a tentativa de obter este processo de aprendizagem.
Manipulação: Ocultação da Realidade e Consciência
Esta é a característica definidora do conceito de manipulação, pois aqui o agente manipulador oculta a realidade. O critério que separa os processos de manipulação das tentativas de influência (sem as quais a educação não faria sentido) é exatamente a consciência do aluno sobre o que está sendo feito e qual é o objetivo real procurado. Se aceitarmos o critério da intenção do agente, perdemos a linha entre a doutrinação e a instrução, sendo esta última aquela em que a aprendizagem é feita desprovida de justificação racional e onde o agente não tem intenção de manipulação.
Instrução: Justificativa Racional e Esquemas Conceituais
Para definir a educação, precisamos saber o que tem sido chamado de critério de uso, que é quando os alunos devem compreender a importância de certas coisas. É necessário desenvolver algum tipo de esquema conceitual para a organização de informações sobre os processos de instrução. Neles, pode faltar justificativa racional na aprendizagem, e o agente pode não ter intenção manipuladora, nem tentar impedir no futuro a descoberta dos motivos. Pelo contrário, essas aulas também podem ser a base para o desenvolvimento de esquemas conceituais próprios que proporcionem à aprendizagem justificação racional. Enquanto tais sistemas são desenvolvidos, estaremos falando sobre educação. A demarcação do conceito de educação ocorre onde a aprendizagem não exige o desenvolvimento de esquemas conceituais, e a tarefa se resume a saber executar algo automaticamente. Dentro dos processos de instrução estão os processos de doutrinação e formação. Nestes casos, o que é aprendido não é um ponto de conhecimento, mas uma habilidade. Esta aprendizagem requer prática repetida como um meio para dominar a tarefa. O processo instrucional é assim porque o desenvolvimento de esquemas conceituais fica em segundo plano.
Ensino e Formação: Conceitos Centrais na Rede
O Conceito de Ensino e a Liberdade do Aluno
Como vemos, todos os processos que caracterizam a aprendizagem têm um resultado em comum. Assim, o termo ensino pode ser usado em todos e cada um dos processos discutidos, com referência à atividade do agente que tentou induzir essa aprendizagem. É uma atividade que resulta em aprendizagem e que deve respeitar a liberdade, a integridade intelectual e a capacidade do aluno de julgar de forma independente. Portanto, o conceito de ensino pode ser colocado ao lado da aprendizagem como um conceito central na rede nomológica.
O Conceito de Formação: Desenvolvimento e Oportunidades
Deve-se então considerar como essa tarefa é executada e se o uso do ensino pode levar o aluno à aprendizagem, para saber se a aprendizagem é "educação", que respeitou a integridade e a capacidade de desenvolver a pessoa. O conceito de formação é o processo de desenvolvimento que ocorre de fora para dentro, criando múltiplas oportunidades para a instrução, pois torna o indivíduo mais perspicaz e ágil.
Educação: Vontade, Ação e Valores Morais
O Padrão de Conteúdo no Processo Educativo
Finalmente, para completar a rede nomológica, estabelece-se um critério para separar os conceitos de formação e educação: a educação faz referência à vontade e à ação, enquanto a formação é reduzida ao nível do conhecimento. Assim, o padrão de conteúdo aparece como um recurso do processo que chamamos de educação. De fato, parece claro que o processo educativo deve levar o aluno a uma situação desejável.
Educação e Treinamento: Distinções e Implicações
Essa abordagem é completada ao incorporar a educação com a prática, com a forma como operamos e com os valores morais que definem o componente utópico da "perfeição". Essa incorporação dos valores morais, que se referem não só à vontade, mas também à compreensão, seria o limite que nos permite distinguir o conceito de educação ao longo da vida. Finalmente, deve-se notar que ambos os processos não precisam ser mutuamente exclusivos. O conceito de educação envolve não somente a ideia de que se aprenda algo valioso, mas também o desenvolvimento de tal conhecimento, aprendizado e inteligência, formando um quadro conceitual que o aprendiz pode considerar como seu próprio, como vimos nos conceitos de doutrinação e treinamento. A única diferença é a possibilidade de que determinados modelos de treinamento possam levar a resultados indesejáveis, seja porque o processo é projetado sobre conteúdo moralmente repreensível, ou porque, mesmo que o processo tenha sido valioso, o estudante não desenvolveu a vontade de realizar na prática o que foi conceitualmente apreciado e considerado valioso.