Comunicação Educacional, Conhecimento e Profissionalismo Docente

Classificado em Língua e literatura

Escrito em em português com um tamanho de 9,42 KB

Comunicação Educacional

A educação é educativa na medida em que é realmente capaz de promover a formação, o que leva necessariamente a um impacto sobre a subjetividade do aluno. A lição, como resultado da educação, é um ato perfeito se eleva o aprendiz. A formação humana está ligada ao desenvolvimento da comunicação e da linguagem.

A comunicação é a partilha de informação. Seu núcleo duro é a participação. Pode-se definir a comunicação como uma relação filosoficamente estabelecida entre dois ou mais seres humanos, em virtude da qual um envolve o outro ou ambos estão envolvidos um com o outro, ou como a relação real entre duas pessoas estabelecida sob a qual entram em contato, e um deles, ou ambos, faz uma doação de algo. Essa participação, em um sentido espiritual, onde algo é doado, é um dar sem empobrecimento para o doador, pois esse tipo de enriquecimento por difusão real gera apenas o enriquecimento do destinatário.

Pode-se distinguir a comunicação objetiva e a comunicação subjetiva. A comunicação objetiva é aquela em que são trocadas informações que levam ao conhecimento dos objetos, comunicadas com pouca influência das subjetividades envolvidas. Na comunicação subjetiva, existencial ou pessoal, a reciprocidade é mais intensa: a consideração do outro exige uma resposta de você. Então, fala-se de um caminho compartilhado de ação: incide sobre e também afeta a inteligência. É verdade que a afetividade não conhece a realidade, mas seu significado é conhecido pela mente. Ela envolve a passagem do 'tu'. Segue o caminho do conhecimento racional.

A conversa é a livre troca de palavras que só pode ser feita no âmbito da comunicação subjetiva; em uma conversa, falar é falar algo para alguém. Na educação, a comunicação objetiva e subjetiva complementam-se e não são mutuamente exclusivas, mas se sobrepõem hierarquicamente. A finalidade do ensino, embora a comunicação formativa predomine, tem uma intencionalidade subjetiva. O ensino não é feito *em* uma conversa, mas *como* uma conversa. Não se pretende a exposição objetiva do conhecimento, mas a participação subjetiva no conhecimento, e a linguagem é, portanto, essencial para o ensino. A educação é educação, ou seja, promove a formação, se sua linguagem é permanentemente um uso intencional de recursos linguísticos capazes de mover as emoções.

Conhecimento Educacional

Tipos de Conhecimento na Pedagogia

O conhecimento humano é diversificado em dois âmbitos operacionais: o prático e o teórico. Aristóteles distinguiu entre esses dois conhecimentos, teóricos e práticos, entre a busca desinteressada da verdade (conhecimento teórico) e aquela que visa encontrar a verdade que deve reger e orientar a ação humana (conhecimento prático).

O conhecimento humano é também dividido em conhecimento teórico e conhecimento prático. O saber prático é o conhecimento da ação, que é baseado na ação. O conhecimento da educação, como um conhecimento prático, é baseado no desempenho da educação, na pedagogia. O conhecimento educacional é um conhecimento prático. Em certo conhecimento prático, a experiência é sua componente formal.

Podemos distinguir três níveis de conhecimento:

  • Teórico ou especulativo: que é o conhecimento que busca a verdade como correspondência entre a razão e a realidade.
  • Prático ou ético: que é o conhecimento que orienta a ação moral, expressando-se na busca da verdade ou na harmonia entre razão e apetite reto.
  • Saber ou práticas de eficiência técnica: que é a busca da verdade como correspondência entre a razão e a ideia ou modelo do produto a obter.

O ensino técnico é um conhecimento que incorpora um conhecimento da ética. Nas palavras do educador Alvira, não só as necessidades do aluno para o exercício de educar, mas o educador tem de ser educado pelo conhecimento educacional. O conhecimento educacional ou pedagogia é um conhecimento que integra outros conhecimentos em diferentes graus, mas sempre com um componente essencial de praticidade; é um conhecimento artístico ou técnico. A educação é uma atividade produtiva, não uma ciência, um know-how ou techné ars. O ensino moral é uma arte que não tem como objetivo produzir nada, mas ajuda a ação ética do aprendiz a ser formada.

Características do Profissionalismo Docente

Seguindo W. Carr e S. Kemmis, há três características definidoras de profissionalismo, que usamos para estudar a possível docência. São elas:

  1. Conhecimento baseado em conhecimentos teóricos.
  2. A subordinação do interesse profissional ao bem-estar do cliente.
  3. O direito de fazer julgamentos independentes, isentos de controle externo profissional.

Desafios da Profissão Docente

A profissão docente clássica está passando por grandes transformações, alterando sua própria estrutura social. Em relação à primeira condição, surge a questão do conhecimento subjacente à prática educativa: os conhecimentos teóricos são suficientes para a prática educativa, ou o conhecimento educacional, sendo prático, não pode ser considerado como derivado de um puro conhecimento teórico ou científico? O conhecimento teórico auxilia a educação, mas não a resolve por si só, pois educar implica que o aluno aprenda.

Em muitas profissões (medicina, engenharia), conhecimentos teóricos prescrevem a atividade a ser realizada pelo profissional, mas podem ser modulados pela prática. A experiência prática apoia a competência profissional, e a diferença no trabalho é definida a partir da experiência subjetiva de cada prática profissional. Nesses casos, a experiência é secundária à ação, que é resolvida a partir do conjunto de conhecimentos teóricos. No conhecimento educacional, não há conhecimento teórico que se manifeste plenamente no desempenho de cada situação.

No entanto, o conhecimento científico e técnico não é patente exclusiva do conhecimento profissional. Conhecimentos científicos e técnicos, na prática, não resolvem a complexidade das situações que surgem e que nos levam a tomar decisões. Em relação ao segundo traço, a subordinação aos interesses do cliente, o problema surge ao tentar determinar, particularmente na tarefa educacional, quem é o cliente do professor, uma vez que o processo tem uma referência definida. A resposta mais fácil seria: o aluno. No entanto, no ensino primário e secundário, este é menor e, portanto, não está incluído no contrato com os professores, mas sim seus pais ou responsáveis. No entanto, estes não são os destinatários diretos do trabalho e, assim, não podem ser bons juízes do trabalho dos professores, não estando nas melhores condições para avaliar o trabalho.

O profissional típico pode ainda explicar o fracasso dos seus primeiros trabalhos, pois ele controla a situação em que atua. Mas o professor nunca tem controle total sobre a aprendizagem, pois esta depende de muitos fatores além de suas atividades docentes. Disto se segue que o ensino não pode ser uma profissão plena. A relação profissional com os clientes é mantida, mas também foi modificada pela crescente vinculação dos profissionais a organizações e instituições. Por várias razões, tais como o alto custo dos meios necessários para desenvolver sua prática profissional, os profissionais estão cada vez mais ligados a empresas, o que torna sua situação profissional cada vez mais semelhante à de empregados.

Os professores podem fazer julgamentos independentes, livres do controle externo, no âmbito de suas classes. No entanto, os professores têm pouco controle sobre o contexto organizacional em que executam sua atividade, o que limita sua autonomia. A autonomia, como uma característica das profissões liberais que determina as agendas e as relações de remuneração entre profissional e cliente, praticamente nunca existiu no ensino. Normalmente, o professor é um funcionário da administração escolar ou educacional, mas desfruta de uma certa autonomia dentro da sala de aula, o que torna impossível a comparação com o profissional ou o empregado: o primeiro beneficiaria de uma plena autonomia, enquanto o segundo é inteiramente desprovido de autonomia.

O professor é responsável perante a escola que o contratou, que é, por outro lado, responsável por aqueles que recebem o ensino – o cliente real, o destinatário dos serviços do professor – que não exigem diretamente a responsabilidade pelo trabalho. Também se deve levar em conta que o professor tem uma certa autonomia na organização do tempo de trabalho: o trabalho de ensino em si é marcado e prevalente na organização do seu tempo de trabalho, mas o restante é distribuído por ele. Esta é uma das características que diferenciam o profissional assalariado. Além disso, considera-se que as mudanças sociais estão espalhando uma limitação da autonomia no nível profissional, aproximando-se daquela que os professores já possuíam: eles pertencem a uma instituição que é controlada pelos serviços.

Entradas relacionadas: