Comunicação e Linguagem: Conceitos Essenciais

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Comunicação

Capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, de conversar, com o objetivo de um bom entendimento entre as pessoas.

Linguagem

É a forma de comunicação humana, através de códigos; um conjunto estruturado e organizado de códigos ou elementos que juntos possibilitam a comunicação humana. A linguagem é exclusiva do ser humano.

Filosoficamente, a linguagem é um instrumento de formação do indivíduo; expõe o sujeito à sociedade e é importante para construir o futuro, mas também pode construir realidades que não existem (ex.: holocausto). É um organismo vivo e em constante mudança.

Língua, Fala e Linguagem

  • Linguagem: É um fator universal; é todo conjunto estruturado de códigos;
  • Língua: Fator cultural e social; o lugar onde vivemos determinará a forma como usamos a língua;
  • Fala: A fala é o uso individual da língua e da linguagem; cada indivíduo possui uma fala diferente do outro. Dividida em Fator Inato (aparelho fonador, cérebro e aparelho auditivo) e Meio Social (convívio com seres humanos).

Linguagem Verbal e Não Verbal

Verbal

A língua é o principal código verbal empregado pelo homem, pois permite as combinações mais funcionais e diversificadas.

Não Verbal

  • Sinais gestuais: Consiste na movimentação com a intenção de transmitir alguma informação;
  • Sinais sonoros: Emprego de som para transmitir alguma informação;
  • Sinais luminosos: Quando a luz (e não a cor) transmite a informação;
  • Sinais cromáticos: Quando a informação está contida na cor;
  • Ícones: Informação transmitida através de um sinal gráfico e possui apenas um significado. Possui uma relação muito próxima com a realidade, já que se assemelha à realidade;
  • Símbolo: Gráficos que podem se desdobrar em mais de um significado. Exige um conhecimento mais apurado do receptor para o entendimento.

Obs.: Os índices naturais não configuram códigos comunicacionais, pois não há um emissor intencionado a transmitir uma informação.

Ruído Comunicacional

É tudo aquilo que atrapalha ou interfere na transmissão da informação.

Linguagem e Cultura

Cultura

É todo elemento que define o sujeito dentro de determinado grupo social. Só não é cultural aquilo que é natural, que não teve intervenção do homem.

Linguagem

A linguagem é um elemento cultural; o homem que não domina a linguagem não possui história, porque não pode recebê-la com verdade e não tem a capacidade de transmiti-la.

Língua

A língua é o elemento que constitui a linguagem verbal utilizada pelo homem, composta por dois elementos essenciais:

  • Elementos léxicos: as palavras;
  • Elementos gramaticais: as regras combinatórias da gramática.

Aquisição da Língua Materna

A língua materna é o primeiro idioma que aprendemos e a primeira a ser condicionada, acomodada pelo aparelho fonador.

Segundo a psicolinguística, existem dois fatores que condicionam a aquisição da língua materna:

  • Fator inato: É o perfeito funcionamento do aparelho fonador;
  • Fator meio ambiente: É a inserção do indivíduo em um contexto apropriado; convívio com o meio artificial (cultural).

Estados Mentais dos Falantes

Estado Mental Inicial

Comum a toda espécie humana. É o estado do cérebro quando nascemos. O chamado estado inato.

Estado Mental Intermediário

  • 1ª fase: Fase dos balbucios (quatro aos oito meses);
  • 2ª fase: Fase nominativa (desde o primeiro ano) – não sabe falar, mas sabe o nome de algumas coisas;
  • 3ª fase: Fase das estruturas binárias (um ano e meio) – começa a falar palavras com sílabas repetidas (ex.: papa, mama, tetê);
  • 4ª fase: Fase das palavras que denotam posse (a partir do segundo ano);
  • 5ª fase: Fase das frases telegráficas (a partir do terceiro ano) – elaboração de frases curtas; sabe estruturar frases, mas omite alguns elementos;
  • 6ª fase: Fase das analogias (a partir dos quatro anos) – elabora frases completas, mas conjuga o verbo de maneira errada, pois conjuga de maneira análoga a outros verbos.

Estado Mental Estacionário

É o estado mental da criança gramaticalmente adulta para escrever e ler (depois dos cinco anos).

Língua Escrita e Língua Falada

Língua Falada

  • Abrangente: “Todo mundo” tem a capacidade de falar. Os requisitos para a prática da língua falada são menos burocráticos e mais práticos;
  • Incorrigível: Não se pode corrigir e não é planejada;
  • Existência dos vícios de linguagem;
  • Existência dos marcadores conversacionais: ai, né, que nem;
  • Redução de palavras: Ex: “Está” em “tá”;
  • Vale-se de linguagem não verbal: Emprego de gestos para reforçar a ideia;
  • Repetição de palavras;
  • Utilização de gírias.

Língua Escrita

  • Restrita: Nem todo mundo sabe escrever. A língua escrita exige conceitos mais técnicos do usuário;
  • Corrigível: Planejada e passível de correção;
  • Predomínio da norma culta padrão;
  • Utilização apenas da linguagem verbal;
  • Utilização de sinônimos para evitar a repetição de palavras.

Elementos da Comunicação

  • Emissor: Aquele que emite a informação, intencionalmente;
  • Receptor: Aquele que recebe a informação;
  • Mensagem: É a parte física da informação (tudo o que o receptor vê ou ouve);
  • Código: São os gestos, sons, cores, luzes, ícones, símbolos ou língua utilizada para a transmissão da informação;
  • Canal de comunicação: Meio físico por onde a mensagem viaja do emissor ao receptor (voz, carta, e-mail);
  • Contexto ou referente: Assunto da mensagem, informação transmitida.

Signo Linguístico

Constitui-se de dois aspectos básicos: o significante (representação física da palavra; aquilo que eu vejo ou ouço) e o significado (a ideia que determinada palavra representa).

Ex.: O signo “casa” possui como significante, as letras C, A e S. Como significado, possui a ideia de moradia.

O signo não permite que a ele sejam atribuídos novos significados.

Denotação e Conotação

  • Conotação: É o emprego da palavra no sentido figurado. Muito utilizado para a formação de metáforas;
  • Denotação: Emprego da palavra no seu sentido usual, literal (sentido que corresponde ao que está no dicionário).

Intersecção Semântica

Dá-se com a utilização da conotação:

“João é um leão”: A aproximação das palavras “João” e “leão” dá um sentido novo a uma das palavras. Como leão pode entender-se que João é uma pessoa valente, corajosa.

Porém, o emprego de uma comparação não caracteriza uma conotação.

Ex.: “João come como/igual a/parecido com/semelhante a um leão”, pois aqui a palavra “leão” está sendo empregada no seu sentido denotativo (sentido real).

Variantes Linguísticas

A língua não é estática e pode variar de acordo com a região geográfica, a classe social, a idade, o sexo, entre outros fatores.

Variação Histórica ou Diacrônica

Varia de acordo com o tempo cronológico. Palavras que, ao longo do tempo, foram “substituídas” por outras. Os dois principais fenômenos da variação histórica são:

  • Arcaísmo: Palavras que não são mais usadas;
  • Neologismo: Criação de palavras novas.

A variação histórica ou diacrônica pode dar-se na alteração:

  • Do som ou pronúncia: Vossa mercê, vosmicê, você...
  • Do nível do significado: “Amigo” para os medievais era entendido como amante (daí as cantigas de amigos), para os modernos entende-se como colega;
  • Do nível da grafia: Pharmácia, farmácia.

Variação Geográfica ou Diatópica

São mudanças características da variação geográfica:

  • O sotaque (variação no plano do som);
  • O regionalismo (variação no plano da grafia): quando a palavra tem o mesmo significado (ideia), mas tem significantes (grafia) diferentes. Ex.: Aposentado é o mesmo que reformado;
  • Dialetos ou falares locais (variação no campo dos significados): O falante brasileiro prefere o gerúndio, o português o infinitivo preposicionado:

“Estou lendo” (Brasil)

“Estou a ler” (Portugal)

Variação Social ou Diastrática

Varia de acordo com a classe social, como por exemplo, a presença de [r] em lugar de [l], o uso de gírias.

Variação Estilística ou Diafásica

Variação que ocorre de acordo com a situação. Ex: O indivíduo usa determinado vocábulo quando está em casa e outro em seu ambiente de trabalho.

Níveis de Linguagem

Língua Culta

É aquela que obedece às regras ditas pela gramática normativa; é empregada em situações formais pelas elites da sociedade, que têm acesso a uma boa escolarização. Ex: Dê-me um refrigerante.

Língua Popular Coloquial

Utilizada em nosso dia a dia, é bastante comum o uso de gírias, estrangeirismos e abreviações. É empregada em situações informais com os amigos, familiares e em ambientes onde a norma culta possa ser dispensada.

Jargão

Qualquer termo técnico profissional. A medicina é a que mais possui jargões.

Gírias

Sentido amplo: Signo de grupo, a princípio secreto. Linguagem típica de um determinado grupo para enviar mensagens decodificáveis apenas pelo grupo.

Sentido lato: Linguagem informal com vocabulário rico em expressões jocosas, com intenção de chiste. (Ex: maneiro, vazar etc.)

Transferência (de Gírias)

Gírias que se agregam ao vocabulário cotidiano graças à influência de livros, filmes, músicas e noticiários.

Regionalismo

Palavras ou expressões típicas de uma determinada região geográfica.

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