Conceitos Essenciais em Antropologia e História Social

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Antropologia

É uma ciência integradora que estuda o homem no âmbito da sociedade e da cultura a que pertence, combinando perspectivas das ciências naturais, sociais e humanas. O primeiro antropólogo a sistematizar o conceito de cultura foi Edward Tylor que, em Primitive Culture, formulou a seguinte definição: cultura é todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade.

O Conceito de Cultura

O conceito de cultura pode ser pensado a partir de diferentes pontos:

  1. O homem atua de acordo com seus padrões culturais;
  2. A cultura é um modo de adaptação aos diferentes ambientes. Para se adaptar aos diversos ambientes ecológicos, o homem não modifica seu aparato biológico, mas sim constrói diferentes respostas culturais;
  3. Mesmo contando com uma estrutura física mais frágil que a de outros animais, o homem superou limites do meio ambiente e estendeu sua influência por toda a terra;
  4. A cultura é um processo cumulativo que resulta da experiência adquirida das gerações anteriores.

O Método Antropológico

O método dos antropólogos é o trabalho de campo, através do qual se produz a análise e a descrição do grupo estudado, isto é, a etnografia. De acordo com esse método, o pesquisador vai até o local (o campo de estudo) e investiga os costumes culturais, as regras, as relações que deseja apreender.

Etnocentrismo

É um conceito antropológico que define o que ocorre quando um determinado indivíduo ou grupo de pessoas, que têm os mesmos hábitos e caráter social, discrimina outro, julgando-se melhor, seja por causa de sua condição social, pelos diferentes hábitos ou manias, ou até mesmo por sua forma de se vestir. Essa avaliação é, por definição, preconceituosa, feita a partir de um ponto de vista específico. Basicamente, encontramos em tal posicionamento um grupo étnico a se considerar como superior a outro. Do ponto de vista intelectual, etnocentrismo é a dificuldade de pensar a diferença, de ver o mundo com os olhos dos outros.

Etnografia

É um método clássico que visa realizar a descrição dos significados pertencentes a um determinado grupo. Todo grupo social atribui significados às suas experiências de vida. A etnografia atua enfatizando a exploração da natureza e de um fenômeno social particular; realiza entrevistas em profundidade; inicia observações; analisa o discurso dos informantes; investiga os detalhes de um fato; lança uma perspectiva microscópica; e, por fim, interpreta os significados e práticas sociais. A etnografia investiga a realidade de um grupo e o saber gerado a partir do ponto de vista do outro. Essa ferramenta antropológica praticamente inaugurou as aplicações dos métodos na antropologia.

Relativismo Cultural

É a postura, privilegiada pela Antropologia contemporânea, de buscar compreender a lógica da vida do outro. Ainda segundo Roberto DaMatta, antes de cogitar se aceitamos ou não essa outra forma de ver o mundo, a antropologia nos convida a compreendê-la, e verificar que, ao seu jeito, outra vida é vivida, segundo outros modelos de pensamento e de costumes (...) pois cada sociedade humana conhecida é um espelho onde nossa própria existência se reflete.

Diversidade Cultural

A diversidade cultural compreende as diferenças culturais que existem entre os seres humanos, tendo vários tipos, tais como: linguagem, danças, vestuários e outras tradições, como a organização da sociedade. O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de ideias, características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente.

Globalização

Define-se pela intensificação de relações sociais mundiais que unem localidades distantes de tal modo que os acontecimentos locais são condicionados por eventos que acontecem a milhares de milhas de distância e vice-versa.

Multiculturalismo

É o reconhecimento das diferenças, da individualidade de cada um. Daí surge a confusão: se o discurso é pela igualdade de direitos, falar em diferença parece uma contradição. Mas não é bem assim. A igualdade perante a lei é igualdade relativa a direitos e deveres. As diferenças às quais o multiculturalismo se refere são diferenças de valores, de costumes, etc., posto que se trata de indivíduos de etnias diferentes.

Feudalismo

Modo de produção baseado em relações de servidão. Tem suas origens na decadência do Império Romano. Predominou na Europa durante a chamada Idade Média.

Burguesia

Classe social do regime capitalista, cujos membros são os proprietários do capital, ou seja, comerciantes, industriais, proprietários de terra, de imóveis, os possuídos de riquezas e dos meios de produção.

O Iluminismo

É a saída do homem do estado de tutela, pelo qual ele é o próprio responsável (...). Tenha coragem de usar seu próprio entendimento. Essa é a divisa do Iluminismo (...). Para o Iluminismo, a única condição é a liberdade; e a mais inofensiva entre tudo o que se chama liberdade, ou seja, a de exercer publicamente a razão sob todos os aspectos.

Dessa forma, o Iluminismo se apresenta como uma espécie de filosofia que se caracterizava principalmente pelos seguintes pressupostos:

  1. Razão como instrumento para alcançar qualquer tipo de conhecimento;
  2. Crença nas leis naturais, como instrumento que regulam todas as transformações que ocorrem no comportamento humano, nas sociedades e na natureza;
  3. Defesa da tese de que existem direitos naturais, que todos os indivíduos possuem em relação à vida, à liberdade, à posse e bens materiais;
  4. Crítica ao absolutismo, ao mercantilismo e aos privilégios de classe;
  5. Defesa da liberdade política, econômica e de expressão;
  6. Defesa da igualdade jurídica;
  7. Crítica à Igreja Católica.

As Revoluções Burguesas

Nessa época, a Europa viu acontecer muitas e importantes mudanças no cenário político, econômico e social, como as Revoluções Francesa e Industrial. Essas revoluções formaram, assim, a base do Estado Moderno. Por isso, o que se chama normalmente de revolução burguesa é o processo pelo qual o sistema capitalista passou a dominar a vida humana. A burguesia é a classe social surgida no mundo feudal da Idade Média europeia. Originalmente, são os artesãos de diversos ofícios e os comerciantes que se concentram em locais que viriam a ser as cidades medievais. A palavra burguês significa homem do burgo, isto é, da cidade medieval. É interessante observar que a palavra alemã Bürger, homem do burgo, da cidade, pode significar burguês ou cidadão. A revolução burguesa é um processo europeu que se estendeu pelo mundo inteiro. Embora países como a Holanda e Portugal tenham vivenciado o capitalismo mercantil antes, Inglaterra e, depois, França, mergulharam nessa sucessão de transformações sociais que marcaram a transformação radical da vida social humana.

A Revolução Francesa

Foi um marco de liberdade e igualdade que marcou profundamente a vida dos franceses. Encontrou, no final do século XVIII, um cenário de grave crise econômica em toda a França. Crise marcada pela falência do modelo econômico francês, sustentado pela agricultura. Esse modelo já não dava conta de suprir as necessidades básicas da sociedade. Dessa forma, fome, desemprego e miséria faziam parte do cenário de uma França em decadência. Para piorar ainda mais a situação, o Estado Absolutista francês gastava muito mais do que podia arrecadar. Essa crise econômica associava-se a uma grave crise social, marcada por intenso desemprego e por uma insatisfação generalizada.

A Sociedade Francesa e os Estados Nacionais

A sociedade francesa era dividida em classes sociais, ou Estados Nacionais:

  • Primeiro Estado – clero; cerca de 2% da população.
  • Segundo Estado – nobreza; também 2% da população.
  • Terceiro Estado – burguesia: alta burguesia, média burguesia, baixa burguesia (artesãos, aprendizes, proletários, servos e camponeses semi ou livres).

O Terceiro Estado arcava com o peso dos impostos e contribuições para o rei, o clero e a nobreza. Os outros dois estados não pagavam tributos e ainda viviam à custa do dinheiro público.

Fases da Revolução Francesa

Era das Instituições (1789-1792)

Tem início com eventos já narrados, a convocação da Assembleia dos Estados Gerais e termina com a prisão e condenação do Rei Luís XVI. É um período moderado em que a burguesia, apoiada pelas camadas populares, conseguiu impor limites à Monarquia Absolutista. É nesse período que é escrita a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Constituição inaugurava um novo formato de Estado, ainda monárquico, mas limitado por uma constituição, daí chamamos esse modelo de Monarquia Constitucional.

Era das Antecipações (1792-1794)

Essa nova fase caracteriza-se por uma radicalização política e pela criação de medidas populares. O órgão que controlava a nação era a Convenção, eleita por sufrágio universal, que elaborou a Constituição do Ano I (1793), abolindo a Monarquia e estabelecendo a República. Nessa convenção disputavam o poder dois grandes grupos: os Girondinos e os Jacobinos. O grupo que iria controlar a convenção seria o dos Jacobinos que, por um lado, empreenderam reformas econômicas populares (reforma agrária, tabelamento de preços etc.) e, por outro, executaram uma verdadeira perseguição a todos que fossem contrários a tais medidas, condenando-os à morte por guilhotina, o que conferiu ao período o nome de Grande Terror, em função das inúmeras condenações à morte.

Era das Consolidações (1794-1815)

Essa nova fase, como o próprio nome sugere, foi o período em que se estabilizaram as conquistas da Alta Burguesia, afastou-se definitivamente qualquer possibilidade de restauração monárquica e de participação popular. Uma nova constituição foi promulgada, pondo fim ao sufrágio universal, estabelecendo o voto censitário e criando o Diretório, órgão controlado pela Alta Burguesia, que exercia o poder executivo.

Efeitos da Revolução Industrial

  1. Marcou o início da sociedade capitalista;
  2. Estabeleceu que a burguesia (proprietária do capital) e o proletariado (força de trabalho) são as novas classes sociais básicas;
  3. A utilização constante e cada vez maior de máquinas, que garantiram o aumento da produção de bens materiais até então nunca visto;
  4. Foi responsável pelo desaparecimento progressivo de artesãos e das corporações de ofício;
  5. A partir dela, a sociedade passou a ser mais urbana. Cidades cresceram e a população no campo diminuiu, uma vez que até mesmo a agricultura foi mecanizada;
  6. Com o aumento da produção, a busca de mercados externos, fora das fronteiras nacionais, cresceu progressivamente;
  7. As péssimas condições de trabalho e de vida da classe trabalhadora (proletariado) fizeram surgir ideologias que defenderam o trabalhador e que foram fundamentais na organização deles, naquilo que se convencionou chamar de movimento operário.

Revolução Industrial no Século XIX

Avanços e um novo cenário: na ciência, a energia elétrica e o petróleo. Efeitos: aumento da produção industrial e crescente necessidade de novos mercados consumidores e fornecedores de matérias-primas, impulsionando a expansão imperialista rumo à Ásia e África.

Críticas ao Darwinismo Social

A transposição de conceitos físicos e biológicos para a análise das sociedades gerou desvios graves:

  1. Em termos científicos: a diversidade cultural como resultado da desigualdade de estágios no processo evolutivo (vida selvagem, bárbara, civilizada);
  2. No aspecto político: serviu como justificativa para a ação política e econômica europeia sobre a Ásia e África, sob o pretexto de "ações humanistas civilizatórias".

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