Conceitos Filosóficos em Tomás de Aquino
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Abstração: Capacidade de compreender a maneira pela qual se extrai o universal de coisas individuais e específicas, eliminando o material. Através deste processo, surgem os conceitos da experiência sensorial. No nosso caso, estes conceitos são os efeitos, nos quais se baseia a divisão das cinco vias. A metafísica está no terceiro nível de abstração, onde permanecemos com as formas abstratas do ser, isto é, os corpos puros.
Ato: A realização desse potencial, o que torna algo o que é. Já está sendo feito para adquirir uma forma. Opõe-se à potência e é usado com o conceito de potência para explicar a mudança como a passagem da potência ao ato. Este par de conceitos é utilizado na primeira via. A noção de ato tem uma pluralidade de significados, com os seguintes fundamentos: mudança ou movimento, ação, forma e ser.
Analogia: A propriedade que as palavras têm de serem atribuídas a vários indivíduos com um significado parcialmente idêntico e parcialmente diferente. A predicação analógica é utilizada por Santo Tomás em nível ontológico e teológico. O discurso teológico de Santo Tomás é baseado na analogia, ou seja, é mediado por predicados tomados da realidade sensível, mas que depois são aplicados analogicamente a Deus. Mas, tendo em conta o princípio da causalidade transcendente, que limita o conhecimento direto do conhecimento humano, essa analogia está sujeita a um processo dialético, que consiste em três fases: negação, afirmação e eminência.
Causa-efeito: Chamado assim porque, no início de algo, surge algo que não existia necessariamente, ou seja, o efeito. Seguindo Aristóteles, as causas podem ser de quatro tipos: material, formal, eficiente e final. Usar o princípio da causalidade no plano ontológico implica uma semelhança entre causa e efeito, o que permitiria a identificação da causa pelo efeito.
Definição: Segundo Aristóteles, a definição essencial expressa a essência de uma coisa permanente, por gênero e diferença específica. Para a ciência, uma definição é a conexão entre termos ou conceitos que devem ser realizados através da demonstração. Em nosso texto, encontramos dois tipos de definição: a definição real, que indica a essência ou natureza de uma coisa, e a definição nominal, que se afirma em um nome.
Demonstração: Procedimento discursivo que pretende extrair a verdade de uma proposição. Aristóteles foi o primeiro a analisar e definir a noção de prova por meio do silogismo, que segue uma conclusão verdadeira a partir de premissas verdadeiras. Mais tarde, Averróis, seguindo Aristóteles, faz a seguinte distinção entre raciocínio dedutivo e indutivo, no qual, a partir de um fundo real, se obtém uma coerência real.
Deus: Na teologia fundamental, define-se a essência de Deus com os seguintes atributos: simplicidade (não tem composição), perfeição, bondade infinita, imensidão, eternidade, imutabilidade e unidade. Deus é definido como um ser cuja essência é existir. Em essência e existência se identificam. Em resumo, é necessário por causa da própria existência. Por Deus, entendemos um ser supremo, diferente do mundo (contingente) e criador.
Evidência: A verdade clara para o entendimento. Essa verdade se manifesta no julgamento, cuja expressão é a proposição. Uma proposição é evidente quando se conhecem os termos (sujeito e predicado) dentro dela. Uma proposição é evidente em si mesma e para nós se sabemos o conteúdo do sujeito e do predicado, e este está incluído na definição do sujeito. Uma proposição é evidente em si mesma, mas não para nós, quando sabemos o conteúdo de apenas um dos termos.
Crença: A faculdade do homem é definida por Santo Tomás como o ato do intelecto que assente à verdade divina por causa da influência da vontade, que por sua vez é movida pela graça divina. O ato de fé, sendo feito pela ação eficaz na compreensão do sujeito, é, por outro lado, uma atividade.
Necessário: Aquele que não requer uma causa externa para existir, que tem a capacidade de existir por si mesmo. No contexto da terceira via, refere-se a Deus, que é a própria razão de sua necessidade.
Possível: Aquilo que pode existir ou não existir. No contexto das vias, refere-se a seres contingentes ou criaturas, geradoras e corruptíveis, que necessitam de uma causa externa para existir e para justificar a sua existência.
Potência: Como ser intermediário entre o ser em ato e o não ser. Geralmente indica uma falta ou privação de forma. A potência a que se refere Santo Tomás, na primeira via, é a potência passiva ou capacidade de ser alterado, e não a capacidade de alterar ou potência ativa. Opõe-se ao ato.
Princípio: Designa tudo aquilo a partir do qual algo surge de forma adequada. Existem dois tipos de princípios: o lógico e o ontológico:
- Lógico: Uma premissa em relação às consequências. Conjunto de verdades que não precisam de prova, mas toda a demonstração se baseia nelas. É visível e inverificável.
- Ontológico: Aquilo a partir do qual alguma coisa é, e que dá razão aos efeitos.
Processo ao infinito: A formulação da sucessão sem fim na série de motores, causas eficientes, causas das causas, causas da perfeição e da inteligência de um orientador, que causa outro na medida em que outras causas. Deve-se notar que Santo Tomás não levanta o processo ao infinito no domínio da matemática ou da física, mas no campo da metafísica. A negação da série infinita é impossível, pois fazer uma viagem sem fim no número de instâncias implicaria que não haveria causa para o efeito e, portanto, a formulação de uma primeira causa.
Proposição: Unidade mínima de sentido constituída por dois termos: o sujeito e o predicado ou atributo, e a relação entre eles. Ela pode ser verdadeira ou falsa e assumir diferentes formas: universal, particular, positiva e negativa. O texto menciona proposições analíticas e sintéticas.
Razão: O conhecimento racional é o conhecimento natural do homem, explicado pela teoria da abstração. Este ato de conhecimento é causado pela ação do objeto sobre as habilidades cognitivas do sujeito, ou seja, do manifesto aos sentidos, mas complementado pelo dinamismo das competências do sujeito, e seu critério de verdade é a evidência.
Verdade: Para Santo Tomás, a verdade é a adequação ou correspondência entre o intelecto e a coisa. Nesse sentido, a verdade é dada na tentativa de confirmar ou negar a afirmação ou proposição. Este tipo de verdade é chamado de semântica ou lógica, em comparação com a verdade ontológica ou a verdade do ser.