Conceitos Fundamentais de Aprendizagem e Memória

Classificado em Psicologia e Sociologia

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Tipos de Esquecimento

O esquecimento regressivo ocorre quando surgem dificuldades em reter novos materiais e em recordar conhecimentos, factos e nomes apreendidos recentemente. Este tipo de esquecimento é especialmente sentido por pessoas de certa idade e pode ser devido à degenerescência dos tecidos cerebrais.

Geralmente, distinguem-se duas formas de interferência:

  • Inibição Proativa: As recordações anteriores afetam a capacidade de recordar as novas aprendizagens.
  • Inibição Retroativa: As novas aprendizagens afetam a capacidade de recordar os materiais memorizados anteriormente.

Segundo Freud, o esquecimento é motivado e inconsciente. Os conteúdos traumatizantes, penosos e as recordações angustiantes são esquecidas para evitar a angústia e a ansiedade, assegurando, assim, o equilíbrio psicológico. Este processo designa-se por recalcamento. Segundo Freud, seria através do recalcamento que os conteúdos do inconsciente seriam impedidos de aceder ao Ego, à consciência (mecanismo de defesa).

Condicionamento Clássico vs. Condicionamento Operante

Dentro da aprendizagem associativa, é possível distinguir dois tipos de condicionamento: Condicionamento Clássico e Condicionamento Operante.

Condicionamento Clássico (Pavlov)

O investigador russo Pavlov, ao estudar os reflexos digestivos do cão, descobriu uma nova forma de aprendizagem presente nos seres humanos e noutros animais: o reflexo condicionado. Na experiência, Pavlov apresentava a carne ao cão e este salivava. Em seguida, apresentava a carne acompanhada pelo som de uma campainha e o cão salivava. Repetiu várias vezes esta associação. Ao ouvir apenas o som da campainha, o cão passou a salivar.

Os termos chave são:

  • Estímulo Incondicionado (EI): O estímulo que desencadeia uma resposta não aprendida (ex: a carne).
  • Resposta Não Condicionada (RNC): A resposta inata, não aprendida (ex: salivar com o cheiro a carne).
  • Estímulo Condicionado (EC): O estímulo neutro que, associado ao estímulo incondicionado, passa a provocar uma resposta semelhante à desencadeada pelo EI (ex: o som da campainha, depois de associado à carne, passa por si só a provocar salivação).
  • Resposta Condicionada (RC): A resposta que, depois do condicionamento, se segue ao estímulo que antes era neutro (ex: o cão aprendeu a salivar com o som da campainha).

Este tipo de aprendizagem não envolve a vontade do sujeito: o sujeito é passivo.

Condicionamento Operante ou Instrumental (Thorndike e Skinner)

O condicionamento operante ou instrumental foi investigado por Thorndike, que enunciou a Lei do Efeito. Aprendemos a comportarmo-nos de certa maneira no sentido de obter recompensas ou evitar punições.

Skinner aprofundou a investigação com a criação de uma caixa especial (Caixa de Skinner) que apresentava um dispositivo automático que libertava o alimento quando acionado. O investigador colocou um rato na caixa. O animal explora o ambiente, cheirando e deambulando no interior da gaiola. Por acaso, aciona a alavanca, recebendo uma porção de alimento. A partir de várias tentativas bem-sucedidas, o rato passa a premir a alavanca para receber alimento. Esta experiência mostra que o rato aprendeu a obter alimento graças ao reforço (consequência positiva). O papel do sujeito é ativo.

Reforço Positivo vs. Reforço Negativo

Reforço designa o estímulo que, por trazer consequências positivas, aumenta a probabilidade de uma resposta ocorrer. O reforço pode ser positivo ou negativo.

  • Reforço Positivo: Corresponde a um estímulo que tem consequências positivas, agradáveis, e que se segue a um dado comportamento.
  • Reforço Negativo: O sujeito evita uma situação dolorosa se se comportar de determinado modo. É a eliminação do estímulo que permite evitar a situação dolorosa.

Quer o reforço positivo quer o negativo têm as mesmas consequências: fortalecer e aumentar a ocorrência de um comportamento.

Aprendizagem Social de Bandura

Grande parte das aprendizagens humanas está baseada no processo de socialização. Bandura desenvolveu numerosas experiências que fundamentaram a importância da aprendizagem que resulta da interação e da imitação social.

A aprendizagem social estudada por Bandura processa-se através do processo de socialização e ocorre por modelação: observação e imitação de um modelo e integração de novas formas de comportamento que passam a fazer parte do quadro de respostas do sujeito.

Assim, aprendemos a maior parte dos nossos comportamentos observando o que os outros fazem, bem como as consequências que os seus atos lhes acarretam. Podemos aprender com os sucessos e os fracassos dos outros, sem termos de passar diretamente por essas experiências.

Segundo Bandura, trata-se de uma aprendizagem por reforço vicariante, ou seja, uma aprendizagem feita pela observação das consequências favoráveis ou desfavoráveis — reforço ou castigo — que são experimentadas pelo modelo. Assim, observamos e aprendemos a imitar as pessoas cujos modos de pensar, sentir e agir são para nós um exemplo, um modelo.

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