Conceitos Fundamentais de Epistemologia: Descartes e Hume

1. Conceitos Fundamentais de Conhecimento

1.1. Conhecimento A Priori: Universalidade e Necessidade

O conhecimento a priori é universal e necessário. É universal no sentido em que não admite qualquer exceção, sendo sempre verdadeiro. É necessário porque, sendo verdadeiro em qualquer tipo de circunstância, negá-lo seria contraditório.

1.2. Juízos Analíticos vs. Juízos Sintéticos

Juízos Analíticos

São aqueles cujo predicado está implícito no conceito do sujeito, sendo encontrados pela simples análise e explicação desse conceito. Estes são universais e necessários, mas não contribuem para o aumento do conhecimento (exemplo: “O solteiro é não casado”).

Juízos Sintéticos

O predicado não está implícito no conceito do sujeito. Estes juízos não são estritamente universais e são contingentes. São conhecimentos extensivos, pois visam aumentar o nosso conhecimento.

2. René Descartes: O Racionalismo

2.1. O Primeiro Princípio Indubitável

O primeiro princípio indubitável aceite por Descartes foi o Cogito (“Penso, logo existo”).

2.2. A Primeira Regra do Método

A primeira regra do método consistia em nunca aceitar algo como verdadeiro sem o conhecer claramente. O objetivo era evitar a precipitação e a prevenção, e não incluir nos nossos juízos senão o que se apresentasse de forma tão clara e distinta ao nosso espírito que não houvesse ocasião para o pôr em dúvida.

2.3. Tipos de Dúvida Cartesiana

Dúvida Metódica e Provisória

Representa um meio para atingir a certeza e a verdade, e não uma barreira para a continuação do raciocínio. É um instrumento metodológico.

Dúvida Hiperbólica

Põe em causa tudo aquilo que apresente a mínima suspeita de incerteza. Incide sobre tudo, não só no conhecimento em questão, mas também nas bases e fundamentos que o sustentam.

2.4. Argumentos para a Existência de Deus

A ideia inata de um ser perfeito (Deus) permite a Descartes demonstrar a sua existência através de dois argumentos:

• Argumento Ontológico: A ideia de ser perfeito está relacionada com a existência desse ser perfeito, pois a existência é uma das suas perfeições.
• Argumento da Marca Impressa: A causa da existência do ser pensante e imperfeito só podia ser Deus, que “imprimiu” essa ideia em nós.

3. David Hume: O Empirismo

3.1. A Classificação das Perceções: Impressões e Ideias

Hume classificava as perceções humanas segundo os critérios da vivacidade e da força com que impressionam o espírito.

• Impressões: Apresentam o maior grau de vivacidade (sensações, emoções e paixões).
• Ideias: São representações ou cópias enfraquecidas das impressões (pensamentos).

Tanto as ideias quanto as impressões podem ser simples ou complexas. As ideias derivam sempre das impressões, sendo estas os elementos fundamentais do conhecimento empírico.