Conceitos Fundamentais em Filosofia: Natureza Humana, Realidade e Verdade

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Conceitos Fundamentais em Filosofia

1. A Natureza Humana e a Cultura

Quando falamos da natureza humana, referimo-nos ao modo específico de ser ou à essência do ser humano. Esta essência é universal e, para ser universal, é eterna e imutável, independentemente do tempo, do espaço geográfico, social, cultural ou histórico. Em geral, a natureza humana seria congênita, não adquirida, bem estabelecida como inata, em oposição à cultura.

O conceito de cultura é um sistema estabelecido de tradições e estilos de vida, socialmente adquiridos pelos membros de uma sociedade, incluindo suas formas reguladas e repetitivas de pensar, sentir e agir (comportamento).

1.1. Dignidade Humana e o Estado

A vida do homem assenta numa base moral, e esta não pode ser considerada separadamente da constituição jurídica do Estado: a dignidade e o valor absoluto da pessoa humana.

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Marx argumenta que esta crença na natureza humana e na definição eterna do homem serve para esconder as reais condições e relações de dominação dentro do Estado capitalista, secularizado pelo interesse monetário.

1.2. Marx e o Conceito de Alienação

Marx parte da ideia do homem como ser livre e racional, mas essa racionalidade e liberdade não podem ser encaixadas numa definição ou num conceito abstrato de homem. Marx o identificou como resultado das relações de produção (relações sociais).

O conceito de alienação é chave nos Manuscritos Econômico-Filosóficos e no pensamento de Marx para compreender a sociedade capitalista, seu modo específico de produção e a situação dos homens nela. Ele identifica três relações que determinam a degradação do trabalhador e o reduzem a um servo dominado por aquilo que produz:

  1. A alienação do trabalhador em relação ao produto do trabalho, que, em vez de ser uma transferência com respeito à natureza, torna-se algo alheio.
  2. A alienação do trabalhador em sua própria atividade produtiva, ou seja, a autoalienação.
  3. A alienação do trabalhador em relação aos outros homens, ou seja, a alienação em relação aos outros.

2. O Que Entendemos por Realidade?

As coisas que existem são manifestadas e exibidas, e assim serão muitas, diferentes e específicas. É preciso também dizer que as coisas não são apenas de muitas maneiras, mas mudam e se transformam umas nas outras.

A definição de realidade implica a hipótese da ideia de realidade, que tem sido chamada de realismo ingênuo: acreditamos que as coisas existem e que as coisas são o que são, independentemente das noções que temos delas. Essa realidade também se inclui como real, ou seja, como sendo determinada independentemente da ideia do "eu".

Nesta realidade, independente dos sentidos, é chamada realidade objetiva e se opõe à realidade subjetiva.

2.1. Crítica ao Realismo Ingênuo

As coisas não são o que são sem ideias; é a ideia que as torna o que são. Pode haver algo cheiroso, palpável... mas que exista, não é rosa, não pode ser rosa. Agora, as ideias que fazem as coisas serem o que são não significam que as ideias estão criando coisas (fazendo-as aparecer do nada), mas deve haver algo além das ideias e da quantificação.

Portanto, as condições para que as coisas sejam são:

  1. Que haja ALGO.
  2. Que essa coisa seja o que é, ou seja, que seja determinada por uma ideia.

A operação de definição está ligada à quantificação. Para contar coisas, é necessário ter uma ideia das coisas que se contam. Mas, ao mesmo tempo, a ideia precisa se diferenciar das coisas. Com essas duas condições, a realidade material torna-se contraditória, porque uma coisa é uma coisa (indefinida), definida por uma ideia, ou seja, algo que faz o que é, mas essa ideia não a determina completamente.

Assim, cada coisa real e a realidade, em geral, é uma síntese contraditória de algo que tem que ser (indefinido) e as ideias que definem o indeterminado.

A contradição declarada é um enunciado que afirma e nega, ao mesmo tempo e no mesmo sentido, dois predicados que são mutuamente exclusivos, ou seja, um equivalente à negação do outro.

3. O Problema da Verdade

O problema da verdade torna-se o mesmo que o problema do conhecimento, pela simples razão de que o conhecimento que não é considerado verdadeiro não é considerado conhecimento adequado.

3.1. Realidade e Verdade

A realidade é frequentemente considerada a verdade. Esta identificação baseia-se no realismo ingênuo e, por sua vez, facilita a confusão entre realidade e verdade. Essa crença está geralmente presente quando se diz que "as coisas são o que são". Isso implica que a verdade é a linguagem a ser determinada.

Usamos muitas vezes a linguagem para falar da realidade (coisas, eventos...) para nos referirmos a objetos. Mas usamos a linguagem para nos referirmos à própria linguagem (frases, palavras...), o que tem sido chamado de metalinguagem.

A verdade empírica é confundida com a lógica da necessidade. Assim, as verdades dos fatos (empíricas) também são consideradas verdades lógicas, isto é, porque algo é de certo modo, considera-se que tem que ser assim, que deve ser produzido. Não se distinguem as noções de verdade empírica e verdade lógica.

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