As Concepções da Linguagem em Ludwig Wittgenstein

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Conceitos Elementares e Analíticos da Linguagem em Wittgenstein

A filosofia de Ludwig Wittgenstein deve ser enquadrada na tradição analítica de Bertrand Russell, inspirada na tradição empirista positivista. Russell foi mentor de Wittgenstein, e seu interesse pela matemática levou ao conceito de linguagem figurativa. Enquanto com G.E. Moore, ele se interessou por questões de caráter moral. Wittgenstein acreditava que a filosofia deve ser baseada na análise da linguagem. Para ele, a linguagem lógica revela imediatamente a estrutura lógica dos fatos. Wittgenstein separou-se teoricamente de Russell e sentiu-se mais identificado com a concepção ética que G.E. Moore tinha sobre a linguagem.

O Tractatus Logico-Philosophicus e a Linguagem

Ludwig Wittgenstein escreveu "Tractatus Logico-Philosophicus", cujo objetivo é definir os limites do que pode ser expresso linguisticamente através de proposições e o que não pode ser explicado, mas apenas demonstrado. O ponto de partida e foco da obra é a linguagem. No Tractatus, ele distingue entre a linguagem perfeita (uma linguagem lógica construída) e a linguagem natural. O livro apresenta uma estrutura composta por proposições lógicas. A obra apresenta uma dupla crítica: uma aos conceitos tradicionais da metafísica, que derivam de más interpretações da linguagem, e outra à lógica dos "Principia Mathematica" de Russell.

A Primeira Concepção: Linguagem Lógica como Ideal

Na sua primeira concepção da linguagem, Wittgenstein considerava a linguagem lógica como o ideal. Este ideal do pensamento moderno visava construir um "pensamento lógico-matemático dedutivo", uma análise ideal em que, ao aceitar as premissas, as consequências deveriam ser aceitas. Essas ideias foram desenvolvidas no final do século XIX e início do século XX para resolver problemas matemáticos. As ideias da "nova lógica" seriam aplicadas para tornar a linguagem inequívoca, buscando construir uma linguagem com a precisão da álgebra. Wittgenstein procurou construir a linguagem perfeita baseada em relações lógicas.

Proposições Lógicas e a Estrutura do Mundo

Na lógica, decisiva é a linguagem dos sinais utilizados; Russell desenvolveu uma linguagem muito boa. A lógica é transcendental; não podemos fazer qualquer descrição do mundo sem incluir nele as estruturas lógicas da linguagem. Proposições lógicas podem ser elementares, que consistem de nomes e referem-se a "estados de coisas", e proposições complexas, que se referem a fatos. O mundo é a totalidade dos fatos; o limite disso é o limite da linguagem. A tabela verdade é um método de decisão que nos permite saber se uma proposição é uma tautologia, contingência ou contradição. Enquanto o espaço lógico é composto por todas as combinações possíveis que o mundo poderia ter.

A Teoria Pictórica da Linguagem

Sobre a "Teoria Pictórica da Linguagem", Wittgenstein afirma que a linguagem é a totalidade das proposições, e uma proposição é um modelo da realidade tal como a imaginamos. As correlações entre proposição e realidade são mantidas da mesma maneira. Pensar é um processo que estabelece as correlações; "não podemos expressar em palavras o que estamos pensando".

O Dito e o Mostrado: Limites da Linguagem

As linguagens da matemática e das ciências são as que se referem ao que pode ser dito; o restante será uma linguagem metafórica, que apenas mostra. O que é mostrado é o místico (o místico se mostra); as proposições do Tractatus pertencem ao reino do que é mostrado.

A Segunda Concepção: A Linguagem como Prática Social

A segunda concepção de linguagem de Wittgenstein, a concepção pragmática, surge da observação do autor sobre a aquisição da linguagem por crianças.

A Crítica à Linguagem Privada

Nesta segunda concepção, a ideia de uma linguagem privada é criticada. A incapacidade de tal linguagem se baseia no fato de que regras auto-criadas e privadas não permitem que alguém a compreenda, e, portanto, não pode ser considerada uma linguagem. Essa crítica à linguagem privada estende-se à definição ostensiva, que, embora importante na aprendizagem de uma língua, não é suficiente. Essas definições preparam para o uso de palavras em situações de comunicação, o que leva Wittgenstein a reconsiderar a concepção inicial da linguagem.

A Linguagem como Prática e Comunicação

A concepção pragmática da linguagem entende que a prática linguística, como uma forma de vida humana, tem seu sentido na interação com outras atividades humanas vitais, ou seja, na comunicação.

Usos Múltiplos e Regras de Uso da Linguagem

Existem múltiplos usos da linguagem, para além do figurativo. O significado da linguagem é baseado em regras de uso estabelecidas em uma sociedade.

Os "Jogos de Linguagem"

Wittgenstein chamou de "jogos de linguagem" os casos simples de uso da linguagem, que podem ajudar a entender os usos mais complexos. O conceito de "jogos de linguagem" estende-se a toda a linguagem e às atividades a ela relacionadas.

Significado, Regras de Uso e Aprendizagem

Finalmente, a compreensão do significado de uma palavra implica o conhecimento das suas regras de uso. A regra pragmática de significado é um processo para analisar e esclarecer o significado de certos sinais. O operacionalismo generaliza esta regra para a concepção do significado dos termos teóricos que fazem parte das teorias científicas. O behaviorismo tende a reduzir o significado de um sinal ao efeito que ocorre na comunicação. Esta segunda concepção de linguagem é baseada na aprendizagem através do uso e, portanto, é mais natural.

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