Conferência de Paris e Revolução Russa: Tratados e Consequências
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A Conferência de Paris e os Tratados de Paz
Em 1918, Wilson apresentou no Congresso dos Estados Unidos os "Quatorze Pontos", diretrizes para uma paz justa e duradoura. Os objetivos incluíam:
- Abolição da diplomacia secreta.
- Liberdade de navegação e comércio internacional.
- Redução de armas.
- Divisão de impérios antigos e reconhecimento da independência das minorias étnicas e linguísticas.
- Criação da Liga das Nações, baseada na igualdade entre os estados.
Contudo, esses princípios não foram respeitados, pois os aliados europeus estavam mais preocupados em defender seus próprios interesses do que em alcançar uma paz justa. A França exigiu que a Alemanha pagasse reparações de guerra e até mesmo fosse dividida.
A Paz Imposta pelos Vencedores
Na Conferência de Paris, cinco tratados foram redigidos, estipulando as condições de paz e as novas fronteiras entre vencedores e vencidos. Os vencidos não foram ouvidos e apenas foram convocados para assinar os tratados impostos pelo Conselho dos Quatro.
De todos os tratados assinados em Paris, o Tratado de Versalhes, que regulava a paz com a Alemanha, foi o mais importante:
- A Alemanha teve de ceder a Alsácia-Lorena à França, a região de Poznan à Polônia, e foi criado o Corredor Polonês com Danzig, separando a Prússia Oriental do resto da Alemanha. As colônias alemãs tornaram-se mandatos da Liga das Nações.
- A Alemanha foi responsabilizada pela eclosão da guerra e, consequentemente, teve de pagar pesadas reparações de guerra. Cedeu sua frota mercante, suas locomotivas e a exploração das minas de carvão do Sarre à França por quinze anos.
- A Alemanha teve de abolir o serviço militar obrigatório e limitar seu exército a 100.000 homens. Foi proibida a união da Alemanha com a Áustria.
Os tratados de Saint-Germain, Trianon, Neuilly e Sèvres estabeleceram uma nova organização das fronteiras e dos estados da Europa Central, Oriental e dos Bálcãs. Os impérios Austro-Húngaro e Turco foram desmembrados em vários Estados, formando um "cordão sanitário" em torno da Rússia para evitar a propagação da revolução bolchevique.
Implicações Políticas dos Tratados
Com o fim da guerra, desapareceram os impérios que existiam na Europa antes de 1914. Assim, de acordo com o princípio wilsoniano do respeito às nacionalidades, novos estados foram formados.
Em 1920, a Europa era formada por um total de 28 estados. Todos, exceto dois, eram democracias parlamentares e o sufrágio universal foi introduzido.
A Revolução Russa
A Revolução de Fevereiro e a Queda dos Czares
Em 23 de fevereiro de 1917, o início de uma greve espontânea na fábrica de armas Putilov deflagrou uma revolução em Petrogrado. No dia seguinte, a cidade foi paralisada por uma greve geral.
Greves e manifestações espalharam-se para Moscou. Em 26 de fevereiro, o exército reprimiu violentamente as manifestações, mas no dia seguinte as tropas da guarnição de Petrogrado juntaram-se aos grevistas.
Os revolucionários reorganizaram o Soviete de Petrogrado. Decidiu-se exigir reformas democráticas e o fim da guerra.
A dissolução da quarta Duma empurrou os liberais a se oporem ao czar, que já não tinha praticamente nenhum apoio. Em 2 de março, o czar Nicolau II abdicou e, no dia seguinte, um governo provisório foi formado, presidido pelo príncipe Lvov, com Kerenski como ministro da justiça.
De Março a Outubro: O Governo Provisório
Entre março e outubro, existiram na Rússia dois poderes paralelos: o governo provisório e os sovietes. Apenas os bolcheviques se opuseram à colaboração com o governo interino.
O governo provisório aprovou uma série de reformas:
- Declarou anistia.
- Reconheceu as liberdades civis e dissolveu a polícia czarista.
- Prometeu entregar terras dos latifundiários aos camponeses.
- Preparou eleições para uma Assembleia Constituinte como passo para uma república parlamentar.
- Reconheceu a independência da Finlândia e da Polônia.
O governo interino manteve seus compromissos na guerra e adiou as reformas de base para encerrar o conflito. O governo passou por crises sucessivas, enfrentando mencheviques, bolcheviques e socialistas revolucionários.
A Crise com os Bolcheviques
Nessa situação, ocorreu a crise de abril, quando Lênin explicou em suas Teses de Abril a política mais radical de seu partido. Ele propôs:
- Ruptura com o governo interino e seus colaboradores.
- Mudança da revolução burguesa para a socialista.
- O poder deveria repousar nos sovietes.
Mencheviques e SRs formaram um governo de coalizão com os liberais. Em maio, Kerenski assumiu o ministério da guerra.
Após mais um fracasso da Rússia na guerra, os bolcheviques organizaram uma manifestação armada para tomar o poder. A manifestação foi dissolvida e o Partido Bolchevique foi declarado ilegal. Lênin fugiu para a Finlândia e Trotsky foi preso. O príncipe Lvov renunciou em favor de Kerenski, que formou um novo governo de coalizão.
O Golpe de Kornilov
Em agosto, o general Kornilov revoltou-se e marchou sobre Petrogrado, com o objetivo de estabelecer uma ditadura militar. Kerensky buscou a ajuda dos bolcheviques e do Soviete de Petrogrado, convencendo os soldados a se juntarem à revolução.