Conhecimento: Perspectivas Filosóficas
Classificado em Filosofia e Ética
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Distinção entre relações de ideias e questões de facto
Relações de Ideias
- São conhecidas a priori (intuitivas ou demonstrativamente certas).
- Verdades necessárias (proposições que têm de ser verdadeiras).
Questões de Facto
- Afirmam ou implicam a existência de entidades concretas.
- São conhecidas a posteriori.
- Verdades contingentes (possível negá-las sem contradição).
Perspetivas de Descartes e de Hume
Descartes
- Origem do conhecimento: razão e intuição do cogito.
- Ideias inatas (presentes na mente humana desde a origem).
- Percepção intelectual clara e distinta leva à verdade.
Hume
- Origem do conhecimento: impressões ou experiências.
- Não existem ideias inatas.
- Conhecimento de questões de facto apoia-se em dados dos sentidos e da introspecção.
- Experiência limita o conhecimento factual.
O problema da indução
Questões filosóficas sobre se o raciocínio indutivo leva ao conhecimento:
- Generalizar sobre propriedades de uma classe de objetos com base em observações.
- Pressupor que eventos futuros ocorrerão como no passado.
Segundo a linha indutivista, a ciência começa com a observação, fornecendo base para construção do conhecimento científico através da indução.
Conceção indutivista do método científico
Investigação inicia-se com observações regulares. Observação sistemática e registo de dados originam leis gerais, permitindo previsões. A experiência científica verifica a correção das previsões, reforçando ou não a teoria.
O princípio da uniformidade
Raciocínios indutivos pressupõem o princípio da uniformidade da natureza (crença de que o futuro será semelhante ao passado). Argumentos indutivos são iguais a argumentos causais (só serão verdadeiros se forem CVJ).
Crítica à bifurcação de Hume
A bifurcação de Hume (conhecimento apenas de relações de ideias e questões de facto) é contraditória, pois o próprio princípio da bifurcação não parece ser nem relação de ideias nem questão de facto, tornando-se autorrefutante.
Falsificabilidade de Popper
- Detetar o problema.
- Elaborar teorias (conjeturas/hipóteses) e testá-las (para falsificar, não confirmar).
- Tentar refutar/falsificar a hipótese.
- Identificar novos problemas criados pela hipótese (corroborada, mas não provada).
Perspetiva humeana sobre inferências causais
Segundo Hume, a ideia de conexão necessária entre causa e efeito surge da observação de múltiplos casos uniformes. A expectativa resultante é a impressão da qual resulta a ideia de conexão necessária.
Conjunção constante (Crítica de Thomas Reid)
Hume afirma que a mente passa de conjunções constantes a conexões necessárias. Reid contra-argumenta que nem sempre isso ocorre (ex: sucessão do dia e da noite).
Dimensões do ceticismo humeano
Hume é um cético moderado. Acredita que em certas áreas não há conhecimento (além da experiência), mas não aconselha a suspensão de crenças, apenas prudência. Áreas sem conhecimento: princípio da uniformidade da natureza, conexões necessárias, realidade do mundo exterior.
Observação e experimentação: verificabilidade ou confirmabilidade
Verificabilidade
Experiências/observações servem para verificar (provar conclusivamente) a verdade das teorias científicas. Proposições universais são geralmente não verificáveis, exceto em casos específicos.
Confirmabilidade
Experiências/observações servem para confirmar (apoiar indutivamente) as hipóteses científicas. Associada à visão indutivista do método científico.
Conhecimento vulgar vs. conhecimento científico
Embora ambos sejam CVJ, o conhecimento científico é sistemático, explicativo, controlável, crítico e mais propenso a mudanças, ao contrário do conhecimento vulgar, que é assistemático, descritivo, não controlável, menos crítico e mais estável.