O Contexto Histórico do Surgimento do Cristianismo
Classificado em Religião
Escrito em em português com um tamanho de 6,79 KB
O Império Romano e a Unificação do Mundo
Assim como o cristianismo apareceu, nos primeiros séculos da sua existência, os romanos eram senhores do mundo. O Império Romano, através do seu domínio, abrangia a Europa do sul, a maior parte da Inglaterra, o Egito, toda a costa da África, como também grande parte da Ásia, desde o Mediterrâneo. Os romanos também incluíam todas as terras que seriam alcançadas pelo cristianismo durante os três primeiros séculos da era cristã. Roma dominava as regiões não apenas pela força, mas também pela inteligência.
Com o Império Romano, os povos se unificaram no sentido de todos os governos serem derrubados; agora, um único poder dominava em toda parte. O cristianismo, de caráter universal, não conhecendo distinção de raça, tornou todos os homens um só em Cristo.
Sob o domínio de Roma, todos os povos das regiões do Mar Mediterrâneo que viviam em guerra tiveram paz. Essa paz entre as nações favoreceu o cristianismo, que pretendia um domínio espiritual universal.
A administração de Roma, sendo sábia, forte e vigilante, tornou fáceis e seguras as viagens pelo mundo. Os piratas que saqueavam e dificultavam o comércio marítimo foram varridos dos mares pelos romanos. As esplêndidas estradas romanas davam acesso a todas as partes do Império. As estradas eram tão policiadas que ladrões desistiram dos seus assaltos. A facilidade de transporte auxiliou o trabalho missionário por intermédio de Paulo; essas estradas contribuíram muito para o progresso do cristianismo e o intercâmbio entre os vários povos.
A Influência Grega e o Pensamento Universal
O Legado de Alexandre, o Grande
Ao surgir o cristianismo, os povos que habitavam as regiões do Mediterrâneo tinham sido profundamente influenciados pelo espírito do povo grego. Algumas colônias gregas, com centenas de anos, foram disseminadas ao longo das costas de todo o Mediterrâneo. Por intermédio do seu comércio, os gregos foram a toda parte. A influência dos gregos foi tão grande que foi denominado Greco-Romano porque Roma o governava politicamente, mas a mentalidade dos povos desse período tinha sido moldada pelos gregos.
Por muitos séculos antes da era cristã, os gregos eram detentores da vida intelectual mais vigorosa, mais desenvolvida no mundo. Os problemas que os homens mais cogitavam eram da origem e do significado do mundo, a existência de Deus e do homem, do bem e do mal. Enfim, tudo que se relacionava com as pesquisas filosóficas foi objeto de meditação dos gregos como de nenhum outro povo, e os filósofos incentivaram as atividades intelectuais.
A influência dos gregos estendeu-se por toda parte, aprofundando o pensamento dos homens nessas ideias e pesquisas que se relacionavam com os grandes problemas da vida. A curiosidade intelectual e o raciocínio prevaleceram nos principais centros do mundo, inclusive aos primeiros missionários na pregação do cristianismo.
A Língua Grega: Um Veículo para a Mensagem
Uma prova da extensão e da influência do grego é vista no fato de que a língua mais falada nos países situados às margens do Mediterrâneo era o dialeto grego, conhecido por Koiné ou dialeto comum. Esta era a língua universal do mundo Greco-Romano, usada para todos os fins no intercâmbio popular. Era um idioma entendido em toda parte, principalmente nos grandes centros onde o cristianismo foi primeiramente implantado (Paulo fez quase todas as suas pregações nessa língua). Nessa língua foram escritos os primeiros livros do Novo Testamento.
A Preparação Judaica para o Messias
O Papel dos Judeus na Revelação Divina
Os hebreus receberam a missão da revelação de Deus, uma revelação especial a respeito do próprio Deus e de Sua vontade. É verdade que os hebreus tinham recebido uma revelação de Deus e de Sua vontade, que os gregos jamais possuíram, mas os judeus não eram dados às pesquisas, às indagações, nem se interessavam pela discussão dessas questões como fizeram os gregos.
Do terceiro ao quarto século antes de Cristo, um grande movimento intelectual sobre assuntos filosóficos e teológicos ocorreu entre os gregos. Esse movimento produziu os mais profundos e influentes pensadores do mundo, ensinando muita coisa de valor que hoje ainda perdura. Devido a isso, verificou-se um desenvolvimento maravilhoso da mentalidade do povo grego, que aprendeu a pensar muito e profundamente nas questões debatidas pelos seus filósofos.
O raciocínio e a curiosidade dessa gente desenvolveram-se ao máximo. Como exemplo dessa influência, temos Sócrates, que, aparecendo nas praças públicas de Atenas, fazia perguntas e debatia assuntos e ideias que obrigavam os homens a meditar em problemas que jamais tinham entrado em suas cogitações. Isso resultou em que o grego típico tornou-se um homem vivaz, inquiridor, polemista e ansioso por falar em assuntos profundos e coisas que se relacionavam com o céu e a terra.
A Esperança Messiânica e as Limitações do Judaísmo
Os judeus prepararam o berço do cristianismo, fizeram os preparativos para o seu nascimento e o alimentaram na sua infância, sendo preparados na vida religiosa. O Senhor Jesus, os cristãos primitivos, inclusive os apóstolos e os primeiros missionários em geral, eram de origens judaicas. Sendo assim, os primeiros cristãos foram preparados na vida religiosa judaica.
A esperança de um Messias era apreciada por todos os judeus como a mais preciosa das suas possessões. Havia uma expectativa de um enviado de Deus para redimir o seu povo. O que havia realmente nos povos romano e grego era uma forte dose de desespero, cansaço e desilusão. O cristianismo encontrou quase todos os seus primeiros seguidores entre os judeus porque eles tinham a esperança de um salvador divino.
Mesmo enquanto Jesus vivia, o judaísmo, sua religião, deu provas de que não era capaz de se constituir em uma religião universal. Isso se verifica no caráter de seus líderes, que eram os sacerdotes (saduceus) e os mestres (fariseus). O valor dos fariseus era subestimado em virtude da oposição deles a Jesus, mas, apesar do vigor moral, entre os fariseus da Palestina desenvolveu-se um estreito preconceito racial, com o objetivo de limitar a religião judaica para ser exclusivamente do povo judeu, e por isso se opunham à obra missionária entre os gentios, obra que tinham iniciado durante o cativeiro.
Concluindo, as classes mais altas, sem dúvidas, estavam tremendamente corrompidas. Entre a classe média e baixa existiam homens e mulheres que levavam uma vida virtuosa, com alguns gestos de bondade. E também muitos homens tinham seus espíritos perturbados. As religiões e as filosofias exerciam influência sobre a vida dos povos quando começou a propagação do cristianismo.