Contribuição do povo africano para a cultura brasileira
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Contribuição do povo africano para a cultura brasileira
A contribuição do povo africano para a formação brasileira foi primordial tanto na composição física da população quanto na conformação do que viria a ser cultura, isso inclui várias dimensões, como a culinária, língua, música, religião, estética, valores sociais e estruturas mentais.
Assim, é possível dizer que esse grande intercâmbio cultural vai além de regiões, para se tornar uma cultura única, a cultura brasileira, considerada uma das mais ricas, fazendo do Brasil um país de grande miscigenação cultural e racial.
Conclui-se nesse contexto, que a história do povo africano é rica, e que apesar da aculturação, do sofrimento, e das grandes batalhas por direitos, os negros se tornaram um fator preponderante na construção do Brasil de hoje.
E apesar da necessidade de políticas públicas que apoiem o desenvolvimento social, econômico e política da comunidade brasileira, o negro foi e sempre será um dos alicerces dessa nação.
O negro no Brasil teve sua imagem, bem como sua aceitação marcada por uma forte ideologia inferiorizante, a qual, baseada em estudos falaciosos, desenvolvidos no chamado “Século das Luzes”, corroboraria ainda mais a questão da discriminação racial no país.
Estes estudos seriam a justificativa ideal para a exploração do trabalho escravo que, tinha por função, segundo estudos da época, humanizar o africano.
A religião também teve seu papel nesta conjuntura, ao afirmar por meio de sua liturgia a virtude do branco, do claro, do alvo em detrimento dos vícios ditados pelo preto e suas desinências.
Em contrapartida, os movimentos de resistência traziam em si, a esperança por uma liberdade significativa, já que a abolição não contemplou os direitos dos “livres”, negando-lhes uma aposentadoria, indenização ou ainda, uma reforma agrária.
Entraria em ação, no sentido de evitar contendas entre os libertos, a conjectura da democracia racial, que avaliaria as relações raciais no Brasil como saudáveis, e abertas à miscigenação da população.
Com vistas a contemporizar a emancipação dos negros, a democracia racial se aliaria a outro conceito, o de eugenia, que assegurava aos negros, total impotência intelectual e cognitiva, sem a mistura de raças.
Mesmo atuando em caráter de políticas públicas, a eugenia e a democracia racial não romperam com a obstinação dos negros, que passaram a se organizar, ao inferirem que não havia solução mais diplomática e eficiente que não fosse por vias da educação formal.
Neste sentido, formou-se um movimento negro legitimado pelo denso arcabouço teórico que conseguiu fomentar no decorrer de seus anos de experiência.
Dentre eles, a lei 10.639/ 03, apresentada no trabalho como divisor de águas entre a ausência de especificidade nas orientações didáticas sobre a cultura negra, na LDB de 1996, e a obrigatoriedade 59 do ensino de história e cultura da África e dos afro-brasileiros, regulamentada por diretrizes curriculares dirigidas ao tema.
Neste sentido, torna-se fundamental, por parte dos profissionais dos estabelecimentos de ensino de todo país uma mudança de postura, tanto no trato pedagógico, quanto na dimensão das relações humanas, pois como foi observado no decorrer do trabalho, o afeto, bem como a importância que se dá a uma denúncia de racismo feita por um aluno, pode contribuir para que este transponha as barreiras ideológicas que venham a lhe envolver.
Nesta configuração, as práticas educativas, conscientes de sua função social, precisam visar um ensino voltado para a diversidade e sua aceitação, de modo que a tolerância à alteridade – não à desigualdade – prevaleça.
Quando aplicadas em classe, as atividades didáticas voltadas para o tema favorecem a busca por um novo paradigma, focado no estabelecimento de formas mais críticas de lidar com a questão da diversidade.
Isto sem deixar de lado o aspecto do respeito que o assunto preconiza, bem como a promoção de um ambiente reflexivo, na acepção de ampliar o repertório cultural do aluno a partir da experiência com o outro.
O que foi possível perceber durante todo o trabalho, tanto na parte teórica quanto na prática é que ainda é complexo para muitos educadores mudar ou mesmo questionar sua conduta, no tocante a forma de tratar assuntos relacionados aos negros e afrodescendentes em sala de aula.
Muitas vezes o eufemismo, herdado da democracia racial, se traduz no cotidiano plural como óbice para a tomada de decisão frente aos caminhos a se assumir, já que não deve haver nenhum tipo de protecionismo ou exclusão nas práticas educativas.
De certa maneira, esta será uma das formas de se preparar, tanto docentes quanto alunos, para os conteúdos referentes à emudecida História da África e dos afro-brasileiros.
Diante do exposto, podemos inferir que a ação do educador compromissado em levar a cultura e a história da África e do afro-brasileiro ao cotidiano escolar é fundamental no rompimento com práticas não expressivas, bem como para o avanço qualitativo das relações raciais no âmbito educacional.