Controle Ambiental e Conforto Térmico em Instalações Animais

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Controle Ambiental em Instalações Animais

Tendo em vista a importância do controle do condicionamento ambiental, busca-se apresentar uma metodologia simples para o diagnóstico térmico de qualquer localidade, visando obter instalações que permitam a manutenção de temperatura, umidade relativa, velocidade do ar e nível de contaminantes dentro de limites aceitáveis.

Metodologia de Diagnóstico Térmico

Consiste em 3 fases:

  • Sistematização dos dados climáticos do local;
  • Sistematização das exigências dos animais;
  • Diagnóstico térmico do sistema (análise do conforto térmico com base nos dados levantados e análise do sistema - identificar pontos críticos).

Vazio Sanitário na Produção Animal

Definição e Importância do Vazio Sanitário

Considera-se vazio sanitário o período em que a instalação permanece vazia e os processos de limpeza e desinfecção são realizados. O vazio sanitário, juntamente com o programa de limpeza e desinfecção, permite a destruição de certos organismos não atingidos pela desinfecção, mas que se tornam sensíveis à ação de agentes físicos naturais, como aumento da temperatura, ventilação e incidência de sol, permitindo a secagem das instalações.

O tempo de vazio sanitário varia com o tipo de criação, status sanitário da propriedade e a programação dos novos lotes. Para ser possível a adoção deste sistema de manejo, é necessário planejar a construção das instalações em salas visando o atendimento de um determinado fluxo de produção. Para maior eficiência do vazio sanitário, as salas devem ser independentes, tendo apenas uma porta de acesso.

Considerando que este sistema ainda é pouco praticado nas criações de suínos no Brasil, exceto em granjas de porte industrial, e a importância da sua utilização para o controle de doenças e para redução no uso de medicamentos para fins de prevenção ou cura, elaborou-se os procedimentos necessários para subsidiar técnicos e produtores no planejamento para implantação de novas granjas ou para readequação de granjas já implantadas.

Planejamento e Variáveis para o Vazio Sanitário

Inicialmente deve-se calcular o número de salas necessárias para cada fase de produção e o número de lotes de matrizes. Para poder fazer estes cálculos é necessário definir as seguintes variáveis:

  • Intervalo entre lotes: 7, 14 ou 21 dias.
  • Idade ao desmame: 21 ou 28 dias.
  • Idade de saída dos leitões da creche: 63 ou 70 dias.
  • Idade de venda dos suínos: deve ser definida em função das características de mercado que se pretende atender.
  • Intervalo desmama cio: média 7 dias.
  • Duração da gestação: 114 dias.

Duração Recomendada do Vazio Sanitário

Duração do vazio sanitário entre lotes: recomenda-se 7 dias (um dia para lavagem da sala + um dia para desinfecção + cinco dias de descanso).

Conforto Térmico em Instalações Animais

Considerações Arquitetônicas por Região Climática

Para regiões de clima muito quente no verão e expostas a grandes variações de temperatura durante todo o ano, como é o caso do sul do país, a arquitetura deverá cuidar especialmente da eliminação da radiação solar no período quente. Os materiais de construção do galpão deverão ter um bom poder de amortecimento e a ventilação deverá contar com dispositivos que permitam um regime de ventilação diferente de dia e de noite, no verão e no inverno.

Nas regiões com clima quente e úmido durante todo o ano e sem muitas amplitudes térmicas, como é o caso do norte brasileiro, as respostas arquitetônicas englobando as modificações ou sistemas auxiliares devem procurar a eliminação permanente da radiação solar e uma ventilação contínua e abundante. Como os galpões são abertos, a utilização de materiais com maior amortecimento não é necessária, desde que se realize a eliminação da radiação solar, como a utilização de sombreamento natural nas cabeceiras, laterais e coberturas dos galpões. Nesse caso, os fechamentos podem ser construídos com materiais leves, mas com alguma resistência térmica, no caso em que sejam usados equipamentos de refrigeração, como as ventilações tipo túnel, comuns em sistemas dark-house para matrizes, ou na produção de frangos de corte em alta densidade ou para regiões com ventos noturnos frios, principalmente para aves jovens. A exploração do paisagismo circundante e da ventilação natural, juntamente com a adequada concepção arquitetônica e escolha do material de melhor comportamento térmico para a cobertura constituem a solução ideal para os galpões abertos dessas regiões. No que diz respeito ao acondicionamento artificial, a ventilação forçada constitui a decisão mais acertada, sendo que os processos adicionais de resfriamento do ar por via evaporativa devem ser estudados com cautela nessas regiões, devido a problemas com umidade do ar excessiva, como é o caso do estado do Pará.

Para a grande maioria do Nordeste e Centro Oeste brasileiro, contudo, regiões caracterizadas por climas quentes e secos e maior amplitude térmica, os processos de arrefecimento da temperatura do ar por evaporação, se adequadamente dimensionados, podem ser adotados sem inconvenientes. Da mesma forma, a utilização de materiais de construção com maior amortecimento, especialmente na cobertura, é fundamental.

Materiais de Cobertura e Desempenho Térmico

Os telhados mais usuais podem ser constituídos dos seguintes materiais, na sequência de sua qualidade térmica, do melhor ao pior:

  • Isopor entre duas lâminas de alumínio: é muito eficiente, porém dispendioso.
  • Sapé: muito bom isolante, porém susceptível ao ataque de pragas e fogo.
  • Madeiriti: madeira compensada, ondulada, revestida na parte superior por lâmina de alumínio. É durável (aproximadamente 20 anos), bom comportamento térmico, porém caro.
  • Alumínio simples: sujeito a danos pelo granizo e ventos, menos quente que o amianto, porém mais caro. Quando novos, há referências de que são melhores que os de barro, porém oxidam com o tempo, perdendo a vantagem inicial. Por serem muito barulhentos.
  • Barro: melhor termicamente que o amianto comum e que os de alumínio quando esses oxidam. Exige engradamento mais caro, apresenta muitas frestas que atuam como pequenas bolsas de ar e permitem certa ventilação, o que é desejável, mas dificultam a limpeza.
  • Amianto: mais comuns, apesar de esquentarem muito ao sol. Fácil construção. Melhoram termicamente quando pintados de branco, porém as tintas comerciais, com durabilidade aproximada de 8 anos, são caras e as caseiras duram menos de 1 ano.
  • Chapa zincada ou ferro galvanizado: pior de todos, porém não quebra, é durável e mais barato. Quando novo, é praticamente tão efetivo na redução da carga térmica de radiação quanto a chapa de alumínio, porém com o uso, sofre processos corrosivos e perde a efetividade muito mais rapidamente.

Pesquisas sobre Conforto Térmico e Coberturas

Rosa, trabalhando com três materiais de cobertura (barro, cimento amianto e alumínio novo) com o objetivo de avaliar a influência desses materiais no índice de conforto térmico ambiente, em condições de verão, na cidade de Viçosa, MG, concluiu que a cobertura feita com telha de barro foi mais efetiva na redução da carga térmica de radiação (CTR), seguido do alumínio e, por último, o cimento amianto.

Campos, em pesquisa realizada no verão na Universidade Federal de Viçosa, em quatro galpões para frangos de corte com idênticas características construtivas e orientação, diferindo apenas quanto aos materiais para cobertura (telhas cerâmicas, tipo francesa e telhas de cimento amianto com e sem forro de esteira de taquara), verificou que o uso de forro contribuiu significativamente para a melhoria do conforto térmico, avaliado pelo índice de temperatura de globo negro e umidade e carga térmica de radiação, sendo os melhores valores obtidos no interior do galpão com telha de barro com forro e os piores no galpão com telhas de amianto sem forro.

Técnicas Adicionais para Conforto Térmico

  • a) Uso de forros sob a cobertura: O forro atua como uma segunda barreira física, a qual permite a formação de uma camada de ar móvel junto à cobertura, o que contribui sobremaneira na redução da transferência de calor para o interior da construção. Entretanto, o uso do forro praticamente inexiste nas instalações suínas, por razões econômicas, temores com relação à desinfecção, uma vez que os materiais mais comuns para forros são higroscópicos e também pela possibilidade de se tornarem abrigos para pragas. Vale a ressalva de que a alternativa de forros de fibra de vidro e outros materiais merece ser melhor investigada, uma vez que é o recurso que possibilita a melhor proteção contra a insolação, o maior contribuinte para o agravamento do estresse por calor.
  • b) Pinturas com cores claras e escuras: Com o uso de telhas claras, a diferença de temperatura hipotética adicional de insolação se reduz e, naturalmente, a penetração de calor devido à insolação se reduz na mesma proporção. No entanto, o uso de telhas pintadas de branco para a solução do problema da insolação sobre as coberturas, embora ajude, é insuficiente quando adotada isoladamente, além de seu efeito temporário a tornar imprática.
  • c) Pintura reflexiva: A pintura reflexiva pode reduzir o ganho de calor por radiação advindo das telhas metálicas. Essas pinturas têm sido usadas para reduzir o ganho de calor por radiação em construções residenciais e comerciais.
  • d) Uso de materiais isolantes: O uso de isolantes sobre as telhas, sob as telhas ou mesmo formando um forro abaixo da cobertura, pode se constituir em ótima proteção contra a radiação solar. A disposição mais efetiva das três consiste na colocação de um forro isolante que aproveite a camada de ar formada entre o mesmo e a cobertura. As demais soluções são bastante antieconômicas, para uma efetividade similar obtida pela cobertura simples com forro adequadamente ventilado.
  • e) Materiais de grande inércia térmica: Os materiais de grande inércia térmica (capacidade calórica) apresentam a melhor proteção contra o calor de insolação. Exemplo: concreto.
  • f) Aspersão de água sobre o telhado: Com o objetivo de reduzir a temperatura da telha e circunvizinhança nas horas de calor intenso, pode-se usar aspersão de água sobre a cobertura.

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