Controle da Dor e Inflamação na Odontologia

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Controle da Dor, Inflamação e Infecção na Odontologia

6.1 Categorias de Medicamentos

Controle da dor, anestesia e analgesia:

  • Controle da inflamação: AINEs e esteroides.
  • Controle de infecção: antimicrobianos.
  • Controle de ansiedade: benzodiazepínicos.
  • Bochechos: aplicação tópica de substâncias em meio líquido de lavagem.

6.2 Anestesia Local

A anestesia local é a principal forma de anestesia loco-regional. O objetivo é suprimir a sensação dolorosa de forma localizada e sem afetar o nível de consciência do paciente. Para isso, substâncias anestésicas locais são injetadas na vizinhança da área que se pretende anestesiar.

Anestésicos locais: substâncias capazes de suprimir a sensação de dor por bloqueio da condução nervosa do estímulo através do axônio de neurônios sensoriais que coletam as sensações dolorosas, também chamadas de nociceptivas.

Classificação dos anestésicos locais (dependendo da estrutura química):

  • Ésteres: procaína. Representam um bom anestésico, mas são mais susceptíveis de produzir reações alérgicas no paciente.
  • Amidas: lidocaína e mepivacaína. São mais seguros.

Vasoconstritores:

Para prolongar o efeito anestésico, muitas vezes adiciona-se um vasoconstritor, como a adrenalina, que reduz o diâmetro dos vasos sanguíneos, mantendo a ação anestésica local por mais tempo. Cuidado com pacientes com problemas cardíacos ou hipertensão. No palato, não se usa vasoconstritor, pois a mucosa fina e o fechamento do vaso podem causar necrose palatal.

Instrumental para anestesia:

Utiliza-se uma seringa carpule. Os cartuchos são feitos de um cilindro de vidro com uma extremidade selada com uma rolha de borracha fixa e outra extremidade com um pistão móvel também de borracha. A agulha usada para anestesia facilita a saída do líquido e o êmbolo o empurra para expelir o líquido.

Seringas metálicas não descartáveis:

  • O barril: forma cilíndrica oca para introduzir o carpule de anestesia. O carpule pode ser inserido lateralmente ou por trás. Possui na frente um pequeno parafuso para ajustar a agulha descartável.
  • Aros de contenção: três pontos de apoio (polegar, indicador e dedo médio).
  • Êmbolo: permite pressionar a extremidade do carpule para fazer o líquido anestésico sair.

As agulhas são mais finas, de diâmetro especial, atravessando tecidos laxos. Possuem corpo de plástico, com um parafuso para fixar à seringa.

Duplo fio:

  • Mais curto: para perfurar a rolha de borracha fixa do carpule.
  • Mais longo: é a extremidade ativa.

Agulha longa para a arcada inferior e agulha curta para a arcada superior.

Seringas descartáveis de plástico:

Neste caso, apenas o êmbolo não é descartável.

Técnicas de anestesia:

  • Por injeção.
  • Topicamente: spray ou mistura viscosa. A anestesia tópica é muito superficial e não elimina a dor completamente.

Anestesia infiltrativa ou bloqueio do nervo:

Duas funções distintas:

  • Anestesia infiltrativa: visa anestesiar as terminações nervosas que chegam a um território particular. No osso da mandíbula, que é muito poroso, a injeção até as raízes dos dentes faz com que o anestésico possa atravessar facilmente o osso e atingir o ápice do dente. A partir desse ponto, penetra na polpa através de cada raiz nervosa (periapical).
  • Anestesia troncular: visa anestesiar todo o território cuja sensibilidade é retransmitida por um único nervo. A injeção é feita no tronco do nervo. Técnica utilizada na parte inferior da arcada (mandíbula inferior). O osso é muito compacto e não permite que o anestésico passe para chegar ao ápice do dente. Isso envolve anestesiar o nervo alveolar inferior antes da sua entrada no interior da mandíbula.

6.3 Anestesia Geral e Sedação

Anestesia geral: gases anestésicos por via intravenosa.

Indicações: crianças com comportamento difícil, pacientes com deficiência e comprometimento motor, tratamentos de longa duração.

Sedação consciente:

Deixa o paciente em estado de sonolência, mas sem perder a consciência. Utiliza-se o gás óxido nitroso. O paciente é equipado com uma máscara nasal, por onde o gás é fornecido de forma contínua. Ao final, o paciente acorda.

6.4 Controle da Inflamação e da Dor

A dor nos adverte que algo está errado, é uma reação defensiva. Este sentimento pode ser controlado no sistema nervoso central e nas terminações nervosas.

A) Anestésicos opioides:

Receptores opioides para uma substância que o próprio corpo fabrica para reduzir a dor: endorfinas. Existem medicamentos que agem sobre esses receptores: são os opioides. O mais importante é a morfina. Os mais utilizados são codeína e tramadol.

Características:

  • Tolerância: para produzir o mesmo efeito analgésico, são necessárias doses cada vez maiores da droga.
  • Dependência: alteram o funcionamento do corpo de tal forma que este necessita deles para continuar seu trabalho, produzindo vício.

B) AINEs (Anti-inflamatórios não esteroides):

A dor, a inflamação e a febre são defesas. Em todas essas situações, intervêm substâncias chamadas prostaglandinas. Para reduzir a dor e a inflamação, usam-se medicamentos que suprimem a síntese de prostaglandinas. A estrutura é a mesma de outros esteroides, por isso o nome de anti-inflamatórios ou analgésicos. Os AINEs estão contraindicados em pacientes com patologia gástrica, pois algumas prostaglandinas são responsáveis pela proteção do revestimento do estômago. Os mais utilizados são: diclofenaco, ibuprofeno, piroxicam, cetoprofeno.

Paracetamol:

Combate a dor e a febre, mas não é anti-inflamatório. Inibe a síntese da prostaglandina no sistema nervoso, não afeta o trato digestivo e pode ser administrado a pacientes com problemas gástricos.

Aspirina:

Analgésico e anti-inflamatório poderoso. Inibe a agregação plaquetária, previne a formação de trombos e promove o sangramento. Não deve ser usado na extração de um dente.

C) Corticosteroides:

Uma série de hormônios que regulam o metabolismo da glicose, entre os quais se incluem os glicocorticoides. Foram desenvolvidos medicamentos cuja atividade é reduzir a inflamação e diminuir as defesas do organismo. São utilizados em reações alérgicas ou no tratamento de doenças autoimunes. Os mais utilizados são a prednisona e a triancinolona. Podem ser usados localmente, em fórmulas magistrais com uma substância viscosa (ORABASE), que permite a fixação na mucosa sem dissolver facilmente.

6.5 Como Combater Infecções

Utilizam-se antimicrobianos no caso de infecções por microrganismos específicos ou se houver risco de propagação da infecção.

Antibióticos:

Agem sobre as bactérias e se distinguem pela estrutura química e pelas espécies bacterianas que atacam. O mais utilizado é a amoxicilina (penicilina). Na boca, as bactérias da cavidade oral são capazes de produzir substâncias de defesa que as protegem desses antibióticos. Por isso, muitas vezes é combinada com ácido clavulânico.

Macrolídeos:

Geralmente reservados para pacientes alérgicos à penicilina. Exemplo: azitromicina.

Metronidazol:

Para bactérias anaeróbias que habitam o sulco gengival. No caso de periodontite, pode ser usado em combinação com um macrolídeo (espiramicina).

Antifúngicos:

Para infecções fúngicas, como a candidíase. Os principais são:

  • Nistatina: soluções para enxaguamento.
  • Fluconazol: mais potente que a nistatina.

Antivirais:

Aciclovir: pomada para herpes zoster ou herpes labial.

6.6 Controle da Ansiedade

Os ansiolíticos mais comuns são os benzodiazepínicos, que também induzem o sono. Exemplos: diazepam, bromazepam, clorazepato, lormetazepam. Podem ser administrados antes do tratamento.

6.7 Bochechos

Soluções para lavar a cavidade bucal. Três grupos:

  • Antissépticos: para infecções na boca. Incluem clorexidina, hexetidina, triclosan.
  • Antiplaca: amolecem a placa para melhorar a ação da escovação.
  • Reforço dos tecidos orais: flúor, vitaminas, nitrato de potássio (para hipersensibilidade dentinária).

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