Coprodução de Serviços Públicos: Papel do Cidadão e Desafios

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O Papel dos Cidadãos na Coprodução

  • Epstein et al. (2006) afirmam que os cidadãos possuem múltiplos papéis na resolução de problemas da comunidade, dentre os quais se pode destacar o de colaborador.
  • Como colaboradores, os cidadãos podem desempenhar papéis voluntários de coprodutores que ampliam a oferta de serviços públicos (Epstein et al., 2006).
  • No entanto, para os autores, a coprodução não é um substituto para a produção de serviços públicos pelo Estado – ela deve ser um complemento, alavancando o uso de recursos.
  • Embora o voluntariado seja um caminho natural, para Epstein et al. (2006), a coprodução pode usar os esforços de organizações de mercado para gerar serviços públicos. Esta ideia, entretanto, não é desenvolvida por eles.
  • No conceito de coprodução, a participação cidadã não somente promove a democracia, mas também aumenta a transparência da Administração Pública e compartilha poder, numa concepção de “poder com os cidadãos” em vez de “poder sobre os cidadãos”.

Coprodução e Administração Pública

Características da Coprodução (Salm, Menegasso e Ribeiro, 2007)

Salm, Menegasso e Ribeiro (2007, p. 234) afirmam que a coprodução do bem público se caracteriza por:

  • Participação do governo, por meio do aparato burocrático do Estado.
  • Participação ativa da comunidade.
  • Esforços coletivos e processo colaborativo.
  • Responsabilidade compartilhada.
  • Resultados que beneficiam a todos.
  • Atmosfera de confiança, promoção da cidadania e aprendizado coletivo.

O Papel do Servidor Público no Modelo de Coprodução

  • No modelo de coprodução, o servidor público deve articular o interesse público e a democracia, buscando assegurar a voz do cidadão em todo o processo de governança.
  • O servidor público é um facilitador de um processo, e não um fornecedor de bens e serviços acabados – o que envolve uma mudança de comportamento (Salm, Menegasso e Ribeiro, 2007).
  • Para Bovaird (2007), o modelo de coprodução assume que os usuários de serviços públicos e suas comunidades podem ser parte do planejamento e do fornecimento dos serviços.
  • Essa ideia é diferente do modelo tradicional e da administração gerencial, em que o foco era colocado no servidor.
  • O setor público deve facilitar as conexões entre diferentes atores sociais para a produção do bem público.
  • A motivação do setor público deve alavancar o interesse público de modo a educar e capacitar os cidadãos para a ação num estado democrático e fortalecer os servidores na superação de seus interesses pessoais, dentre outros aspectos, de acordo com esses autores.

Tipologia e Desafios da Coprodução (Bovaird, 2007)

  • Para Bovaird (2007), é possível criar uma tipologia de formas de coprodução a partir das funções de planejamento (planning) e fornecimento (delivery) dos serviços, combinada com as dimensões do profissional (servidor público) e do usuário do serviço ou da comunidade.
  • Para o autor, a coprodução pela comunidade tende a se tornar tão importante quanto a coprodução pelo usuário (Bovaird, 2007).
  • Um aspecto importante é que tanto os servidores quanto os cidadãos devem estar preparados para correr riscos: os cidadãos devem confiar no profissionalismo e na capacidade dos servidores, e os servidores devem estar preparados para aceitar e confiar nas decisões e comportamentos dos usuários, em vez de simplesmente estabelecer como estes devem ser.

Desafios e Limitações da Coprodução

  • A coprodução pode diluir a accountability (responsabilização) ao tornar indistintas as fronteiras entre os setores público, privado e voluntário (Bovaird, 2007).
  • É preciso discutir quem participa na coprodução e as razões pelas quais deve fazê-lo; afinal, alguns serviços não podem ser participativos, como as prisões.
  • Por fim, é preciso cuidar das resistências dos profissionais (Bovaird, 2007).

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