A Crise da Dívida Latino-Americana e as Políticas Econômicas dos Anos 80

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A Crise da Dívida Latino-Americana e Seus Impactos

Em 1979, os bancos credores mostravam-se preocupados, pois os países começaram a sentir o impacto profundo da crise que viria a acontecer. Preocupados com a liberação imprudente de empréstimos para países latino-americanos que contraíram dívidas maiores que sua capacidade de pagamento, a situação tornou-se cada vez mais complicada na década de 1980, quando ocorreu a elevação considerável das taxas de juros. Os bancos começaram a pressionar os devedores, recusando novos empréstimos. Sentindo a necessidade de se ajudarem, os países adotaram novas políticas econômicas (novas regras) que tinham como objetivo aumentar a exportação e diminuir a importação, combatendo a inflação que já estava em um nível bastante elevado.

Os Três Choques Externos e Seus Impactos na América Latina

Três choques externos viriam a causar graves problemas aos países latino-americanos. Estes três choques foram: o segundo choque do petróleo, que triplicou seus preços; a elevação brusca das taxas de juros internacionais, que aumentou de forma significativa o total dos juros pagos pelos países devedores; e, finalmente, a recessão norte-americana de 1979-1982, que se considera ter sido a mais grave desde a Grande Depressão de 1930. A triplicação dos preços do petróleo aumentava sensivelmente o valor das importações da maioria dos países latino-americanos (exceto o México e o Equador) e, particularmente, do Brasil. O aumento da taxa de juros elevava os pagamentos anuais de juros, decorrentes do grande volume de financiamentos externos captados durante a década de 1970. E, finalmente, a recessão norte-americana reduzia as exportações latino-americanas para aquele país, claramente o seu principal parceiro comercial.

Políticas Econômicas Ortodoxas e Recomendações do FMI

As políticas econômicas ortodoxas, em função dos desequilíbrios mais comuns destas economias, como a inflação e o desequilíbrio externo, estavam geralmente contidas nas recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI) e consistiam basicamente em:

  • Reduzir as despesas do Estado e equilibrar o orçamento público;
  • Reduzir e controlar a quantidade de moeda em circulação;
  • Liberalizar os preços de quaisquer tabelamentos;
  • Liberalizar a taxa de juros, que, dada a redução da oferta monetária, deverá aumentar;
  • Liberalizar (geralmente desvalorizar) a taxa de câmbio;
  • Eliminar todos os subsídios;
  • Reduzir os salários dos setores público e privado.

É possível observar que, à exceção da limitação da proposta para os salários, todas as demais medidas são liberalizantes. Aliás, uma das regras estipuladas pela política econômica sempre foi o arrocho salarial.

Assim, a redução das despesas do Estado, a redução da quantidade de moeda em circulação e a elevação da taxa de juros (que leva tecnicamente à redução dos investimentos) têm como consequência reduzir a procura agregada e provocar a recessão (aumentando as taxas de desemprego e diminuindo os níveis de produção). Como resultado, a inflação cairia, uma vez que, por definição, é considerada como sendo causada por um excesso de procura. De um lado, a queda do consumo faria com que sobrassem mais mercadorias para serem exportadas. De outro, a queda no investimento implicaria em uma menor procura por bens importados. Aumentadas as exportações e reduzidas as importações, a balança comercial tornar-se-ia superavitária e o balanço de pagamentos tenderia a equilibrar-se.

Planos Cruzado e Bresser: O Governo Sarney

O fracasso do Plano Bresser colocou o governo Sarney em estado terminal (o Plano Verão constituiu essencialmente uma tentativa de assegurar uma sobrevida a um governo moribundo, preservando o calendário político-eleitoral estabelecido). O artigo compõe-se de três seções, além desta introdução. A seção 1 examina o período de 1984-1985, que pode ser descrito como uma peculiar fase de transição: o perfil da política econômica consagrado após a severa crise de balanço de pagamentos prolongou-se durante parte do ano de 1985, refletindo a singular conjuntura política criada com o desaparecimento de Tancredo e a passagem do governo para o vice Sarney.

O Plano Bresser e Sua Formulação

Bresser Pereira foi um participante assíduo do debate econômico e, no ambiente de perplexidade e indefinição que se seguiu ao Cruzado II, ele novamente marcou presença. Suas intervenções não se restringiram ao nível do diagnóstico e da análise da conjuntura, incluindo sugestões concretas de política econômica. Com isso, ele acabou antecipando as linhas gerais do futuro Plano Bresser. Esse talvez tenha sido um raro caso de combinação entre formulação de ideias e sua aplicação prática – até onde a complexidade do processo político-econômico o permite.

Características da Economia Brasileira nos Anos 80

A estagnação e as altas taxas de inflação são as principais características da economia brasileira nos anos 80.

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