A Crise da Primeira República Portuguesa: Instabilidade e Declínio

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Tema 1: Portugal no 1º Pós-Guerra

1. Dificuldades Económicas

-> A Agricultura

  • A atividade agrícola não evidenciava grandes desenvolvimentos técnicos;
  • No Norte, mantinha-se o tradicional parcelamento da propriedade, o que dificultava os grandes investimentos;
  • No Centro e Sul, predominava a grande propriedade e a pobreza dos solos não atraía o investimento do débil setor empresarial português, que preferia investir na especulação financeira.

-> A Indústria

  • A produção industrial continuava impedida pela debilidade que caracterizava o setor dos transportes e das comunicações;
  • O apetrechamento dos grandes portos marítimos de Lisboa e Leixões era cada vez menos adaptado às novidades da circulação marítima, e a marinha mercante era incapaz de competir com as grandes frotas estrangeiras que continuavam a dominar o tráfego dos produtos nacionais.

-> As Dificuldades Financeiras

  • A insuficiência produtiva provocava a prática dos racionamentos e o constante aumento dos preços;
  • Para responder às dificuldades, os governos procediam à emissão de notas de banco cada vez mais desvalorizadas, o que vinha agravar ainda mais a inflação;
  • As dificuldades financeiras do país eram maiores pela crescente fuga de capitais para o estrangeiro, devido à desvalorização do escudo e à descrença na força da moeda portuguesa pelos detentores de capitais;
  • Os governos da 1ª República assistiam impotentes ao agravamento do défice da balança comercial e ao disparar da dívida pública.

2. Instabilidade Social

-> As profundas desvalorizações da moeda e a inflação galopante, não acompanhada pela subida dos salários, provocavam sérias dificuldades nas classes médias titulares de rendimentos fixos;

-> Os operários, além do custo de vida, não suportavam as frequentes situações de desemprego, condenados face às dificuldades do setor produtivo;

-> A agitação social, patente em manifestações e greves, sucedia-se de forma cada vez mais violenta;

-> Os mais poderosos grupos económicos e as altas patentes militares ficaram apreensivos e receavam que Portugal se encaminhasse pela via do socialismo triunfante;

-> Culpam o regime parlamentar de ser o causador de todos os males da República e aspiravam por um governo forte e autoritário, que pusesse termo à instabilidade política e à agitação social e que defendesse melhor os seus interesses de classe.

3. Instabilidade Política

-> A seguir ao triunfo da revolução, vieram ao de cima as divergências no seio do Partido Republicano, motivadas por ambições pessoais de poder, que conduziram às primeiras cisões internas;

-> O Movimento Republicano acabou por se pulverizar em pequenas fações, que, uma vez eleitas, transportavam para o Congresso as suas rivalidades, envolvendo-se em lutas políticas;

-> A Constituição de 1911 instituía o predomínio do poder legislativo sobre o poder executivo;

-> O poder legislativo interferia constantemente na atividade governativa, tornando ineficaz a ação dos governos;

-> Repetidos desentendimentos faziam cair governos e presidentes;

-> As medidas legislativas não agradavam nem aos setores revolucionários, por as considerarem insuficientes, nem aos setores conservadores, por as considerarem exageradas.

4. Falência da 1ª República

-> O país estava cansado de tanta agitação social, de greves e atentados bombistas. Também não surgia qualquer solução para os problemas económicos e financeiros na democracia parlamentar. Assim, crescia a vontade de um governo que restaurasse a ordem e a tranquilidade e trouxesse, finalmente, ao país o tão desejado e prometido desafogo económico. As forças antidemocráticas e antiparlamentares, praticamente sem oposição, organizaram, a partir de Braga, um movimento militar e levaram a cabo um golpe de Estado. Em consequência, foi instituído um regime de ditadura militar. O novo Governo estabeleceu o fim das liberdades individuais e extinguiu todas as instituições de inspiração liberal e democrática. A 1ª República chegava ao fim e, com ela, a democracia parlamentar.

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