Critérios e Tipos de Produção Televisiva
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Introdução às Modalidades de Produção Televisiva
Este documento detalha os diversos critérios e métodos de classificação da produção televisiva, abordando desde os meios técnicos e o planejamento até o suporte e o local de realização dos programas.
1. Classificação por Meios Técnicos
Este critério de classificação da produção baseia-se principalmente nos meios técnicos utilizados na execução dos programas de televisão. O tipo e o número de câmeras (estúdio, filmadora) são essenciais para o tipo de produção a ser desenvolvida.
Para aumentar a capacidade de execução, expandindo o número de locais de câmera e a variedade de pontos de vista, geralmente recorre-se à produção ao vivo, que permite a montagem sequencial do material gravado. Alternativamente, se a produção ao vivo for preterida em favor de uma que permita a montagem das cenas após a captura, pode-se utilizar múltiplas filmadoras para obter diversos ângulos.
1.1. Câmera Única
É a produção que envolve a gravação de planos de um programa com uma única câmera e, posteriormente, em uma fase posterior, a reestruturação através de edição ou montagem. Este tipo de produção é comum em documentários, ficção e programas informativos.
1.2. Multicâmera
É o tipo de produção que ocorre em estúdio ou no local, envolvendo o uso de duas ou mais câmeras simultaneamente durante a captura de imagens, que são selecionadas e montadas durante o evento ou programa.
2. Classificação por Número de Programas
As possibilidades de produção em uma rede de televisão são fortemente afetadas pela natureza seriada do evento e pela forma como ele é organizado e gerido.
2.1. Serial ou Periódica
Toda a produção é composta por diversos capítulos ou edições. Esse tipo de produção oferece vantagens e peculiaridades para as emissoras, como a constância de personagens e cenários ao longo das emissões, permitindo longos períodos de recrutamento de pessoal técnico e artístico. Obtém-se um maior retorno sobre as equipes de produção devido à continuidade do trabalho. A estratégia de programação televisiva, ao ter programas diários ou semanais por um longo período, fomenta a fidelidade da audiência.
Dependendo de sua natureza, a produção em série pode apresentar conteúdos diferentes a cada dia ou semana de lançamento (característico de formatos como fórmulas, notícias, concursos, programas de entrevistas, relatórios, etc.), ou manter uma ordem cronológica e de conteúdo entre as diferentes edições (normalmente usado em obras de ficção).
2.2. Única
É a produção que resulta em um programa com caráter singular e único no momento da emissão. Esse tipo de produção não é muito comum na estratégia de programação televisiva (por ser uma edição única) e tende a gerar pouca fidelidade do público.
3. Classificação por Planejamento do Programa
Esta seção refere-se ao tipo de produções conforme o grau de preparação ou planejamento prévio necessário para a execução do programa. Ou seja, a diferença entre um modo de produção baseado em um planejamento preciso de todo o processo de desenvolvimento do programa e aquele que é mal preparado ou improvisado em alguns casos.
A forma como qualquer programa organiza sua produção varia de acordo com os procedimentos utilizados em cada local e a natureza do conteúdo. Portanto, existe uma escala que varia do "espontâneo" ao meticulosamente planejado. Muito depende também do nível artístico e da qualidade técnica desejada, bem como da experiência da equipe operacional.
3.1. Planejamento Complexo
É a produção que dedica muita atenção à pré-gravação e posterior edição de imagens. Preserva um certo rigor no planejamento, desenvolvimento e produção, realizando reuniões de estudo prévias, análise de roteiro, seleção de elenco, viagens a locais, planejamento de filmagem, etc. Programas de estúdio, séries de ficção e documentários, entre outros, se enquadram neste nível de preparação.
Trabalhando em estúdio ou fora dele, o tempo é precioso e deve ser utilizado com eficiência. Enquanto programas menores podem ser discutidos poucos dias antes da realização, para projetos mais importantes e complexos é essencial um plano mais amplo e elaborado. A equipe deve ser organizada e as instruções devem ser claras; é necessário um exame para chegar a um acordo, considerando fatores como tempo estimado, custo, recursos humanos, seguros, etc.
Tudo depende, é claro, do tipo de programa em questão, da forma como é gravado, do tratamento dos elementos ou dispositivos especiais a serem utilizados, do tempo de ensaio, da montagem de mídia, etc.
Em um programa ao vivo, seja ele transmitido ao vivo ou gravado, deve-se dar tempo para que o pessoal e as câmeras (incluindo a girafa) possam se mover entre os planos ou cenas, tempo suficiente para qualquer mudança de cenário e figurino ou para restaurar equipamentos ou materiais. A gravação fragmentada evita esses problemas, embora outros surjam, típicos da falta de continuidade e da necessidade de montagem adicional.
3.2. Planejamento Simples
É a produção que exige um mínimo de planejamento, permitindo um desenvolvimento de programas mais criativo, livre e flexível no momento da realização. Permite que os responsáveis pelo conteúdo e imagem do programa realizem seu trabalho sem roteiros técnicos e literários rigorosos, oferecendo oportunidades para improvisar a melhor solução no momento da gravação.
Casos típicos incluem inúmeras entrevistas, debates, concertos (piano ou orquestra), apresentações de cantores, noticiários, etc. Estes são geralmente familiares para a equipe, e as mudanças significativas no planejamento são limitadas. Interpretar o que é dito ou o que está sendo atuado é mais importante do que se esforçar para conseguir um tratamento novo e original. Consequentemente, tais produções seguem linhas reconhecíveis, de modo que o diretor-produtor planeja as posições de câmera e, se necessário, adiciona um tratamento especial.
O planejamento da produção habitual pode ser, em grande parte, uma questão de coordenação de pessoal, para garantir que as gravações ou materiais de vídeo sejam organizados (dada sua extensão e os pontos de corte), que os gráficos, títulos, etc., sejam preparados e que qualquer material adicional seja planejado e organizado. A realização pode ser baseada em uma série de planos "mestre" (sequência fixa) e decisões espontâneas no momento.
3.3. Sem Planejamento
A total falta de planejamento e preparação é um risco. Gera esforços extras e resultados inesperados. A produção televisiva em equipe consome recursos financeiros substanciais e não pode ficar à mercê da improvisação. Se aqueles que trabalham na produção não têm ideia do que está acontecendo e por que isso acontece, é fácil que o nível exigido não seja atingido, a iluminação não seja adequada, a câmera tenha um enquadramento errado ou o áudio do alto-falante não seja ouvido. O profissional deve sempre começar com um plano de trabalho, mesmo que seja um esboço, e então obter o material disponível conforme o previsto. Este tipo de produção tem pouco peso na televisão.
4. Classificação por Modalidade de Transmissão
Este modo de produção resulta da relação estabelecida entre o momento em que um programa é desenvolvido e o tempo em que é emitido para as famílias, afetando as características de produção e a forma de realização.
A partir da diferença entre a possibilidade de transmissão simultânea da sua recolha, processamento e desenvolvimento (qualificando a produção como ao vivo), ou a transmissão de um programa previamente desenvolvido e armazenado em um meio de vídeo (DVD, arquivo de computador), chamamos esse tipo de produção de diferida ou gravada.
4.1. Direta
É a produção que ocorre quando o sinal do programa é transmitido simultaneamente à sua captura. Envolve sempre uma produção realizada ao vivo, sem possibilidade de interrupção ou repetição do desempenho ou do evento que está sendo capturado.
4.2. Diferida Direta
É o mesmo tipo de produção anterior, a produção de um programa ao vivo e direto em um estúdio de TV, mas com a particularidade de que não é transmitido simultaneamente, mas gravado para posterior transmissão. Este tipo de produção permite maior produtividade do conjunto, mantendo as vantagens de programas ao vivo, facilitando estratégias de programação (já que não dependem de um tempo fixo para emissão) e melhorando a qualidade do produto final, permitindo um trabalho posterior na finalização do programa.
4.3. Gravada
Um modo de produção em que o programa é desenvolvido em diferentes momentos ou fases (pré-produção e pós-produção), sendo a pós-produção a mais importante para completar a preparação. Sua emissão ocorre em um momento posterior à sua preparação.
4.4. Transmissões ao Vivo
Produções ao vivo realizadas fora do estúdio de TV com unidades móveis de produção e sistemas de transmissão externos.
4.5. Envio Diferido
Este tipo de produção televisiva refere-se à possibilidade de gravar o programa ao vivo produzido por unidades móveis para oferecê-lo em um momento posterior, de acordo com a estratégia de programação.
5. Classificação por Suporte
Esta abordagem permite distinguir diferentes tipos de produções, levando em conta as características do sistema de transmissão ou gravação de um programa.
5.1. Televisiva ou Eletrônica
A produção de um programa sem suporte, transmitido ou em transmissão ao vivo. Este tipo de produção exige que tudo o que se deseja seja produzido e captado no momento em que está sendo desenvolvido, incluindo qualquer tipo de efeitos visuais e sonoros.
Essa produção é praticamente obsoleta, uma vez que a maioria dos programas são gravados simultaneamente por interesses econômicos da emissora.
5.2. Videográfica
É a produção que utiliza o sistema de vídeo e que permite o movimento do desenvolvimento da narrativa de um programa (conjunto) para um posto de captação de imagem. Esse tipo de produção possibilitou a aplicação de técnicas e procedimentos de produção cinematográfica para a televisão em um quadro geral e flexível: gravação quadro a quadro, trabalho de câmera única, planos de trabalho por critérios econômicos, capacidade de repetir tomadas, etc.
5.3. Cinema
É a produção que utiliza técnicas e suporte cinematográficos. No seu início, a televisão só era capaz de produzir programas gravados usando tecnologia de filme até o advento do vídeo e sua generalização na televisão.
Hoje, não é normalmente utilizado devido a limitações tecnológicas e econômicas, mas para certos produtos que buscam um alto nível de qualidade, o suporte de filme ainda é empregado (documentários, anúncios especiais, etc.).
5.4. Infográfica
É o tipo de produção cujo processo de fabricação se baseia no processamento digital de imagens por computador (realidade virtual). Este tipo de produção, inicialmente presente em pequenas áreas e segmentos de alguns programas desenvolvidos com imagens cuja referência é a realidade natural, começa a ter uma maior presença em anúncios de televisão.
6. Classificação por Local de Produção
O local de produção de um programa determina o processo e os possíveis métodos de produção utilizados, além de caracterizar o formato do programa desenvolvido. A decisão de produzir um programa dentro ou fora das instalações de televisão pode ser determinada por vários fatores, incluindo a natureza do conteúdo do programa, o orçamento ou limitações técnicas envolvidas na sua produção, a atração do cenário, as exigências do roteiro, etc.
6.1. No Estúdio
É a produção que ocorre no interior das instalações de um canal de televisão, utilizando todas as instalações operacionais e tecnológicas de um estúdio: multi-realização técnica, montagem direta controlada, iluminação, etc. Este tipo de produção exige a construção de cenários e iluminação artificial e, portanto, geralmente é utilizada em programas que não buscam o realismo natural, tendendo a apresentar um realismo fantástico ou imaginário, como em concursos, musicais, programas de variedades, etc.
6.2. No Campo
É a produção que ocorre no exterior das instalações de uma televisão. Através do desenvolvimento tecnológico de equipamentos de produção específicos para aplicações externas (unidades móveis, equipamentos eletrônicos portáteis – PEL, sistemas de transmissão de luz, etc.), aumentaram as possibilidades de trabalho fora do estúdio, com agilidade e custo de produção controlados, permitindo que os cenários naturais desenvolvam seus aspectos cênicos.
6.3. Mista
São programas onde a produção ocorre, em parte, no estúdio, aproveitando as técnicas e vantagens deste local de produção, e parcialmente ao ar livre, com o uso de unidades móveis ou gravação, o que enriquece sua apresentação e diversidade cênica. Este tipo de produção permite a introdução de segmentos externos (ao vivo ou pré-gravados) no formato normal do programa de estúdio: noticiários, debates, programas de variedades, etc.