Crônicas Medievais Catalãs: Desclot, Muntaner, Pedro IV e Llull
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Crônica de Bernat Desclot: Na crônica de Bernat Desclot, ou Livro do Rei Pedro, elaborada entre 1283 e 1288, o autor permanece na sombra. A verdadeira estrela é Pedro II, o Grande, contemporâneo do autor, cujo breve reinado (1276-1285) é detalhado com precisão e clareza histórica. Primeiramente, Desclot narra brevemente o reinado de três monarcas anteriores, para então retratar D. Pedro II como um herói cavalheiresco. A crônica foca na conquista da Sicília e na invasão da Catalunha pelos franceses, culminando na libertação do rei. Pouco se sabe sobre Bernat Desclot, exceto que possivelmente era membro da elite catalã. Sua prosa demonstra habilidade na composição, sendo vigorosa, austera, flexível, precisa e clara.
Crônica de Ramon Muntaner: Escrita entre 1325 e 1328, a crônica de Ramon Muntaner (1265-1336) é considerada uma das mais belas e emocionantes da literatura catalã, um marco da Idade Média na Europa. A narrativa abrange desde o nascimento de Jaime I (1207) até a coroação de Afonso III (1328). Reis e líderes militares protagonizam a narrativa principal, mas Muntaner também se insere como participante de diversos eventos. A crônica, como a de Jaime I e Pedro II, assume o formato de livro de memórias, revelando a vida agitada do autor, repleta de aventuras, viagens, negócios, diplomacia e guerras. Destaca-se a Expedição Catalã ao Oriente, na qual Muntaner participou como um dos principais personagens, ao lado de Roger de Flor.
Crônica de Pedro, o Cerimonioso: A última das quatro crônicas é a de D. Pedro IV de Aragão (1319-1387), escrita entre 1349 e 1385. Inspirado por Jaime I, Pedro IV busca justificar sua política. Assim como a de Jaime I, esta crônica também se assemelha a um livro de memórias reais, dirigido e supervisionado pelo rei, com trechos ditados por ele e material compilado por colaboradores. A narrativa aborda o reinado de Pedro III e de seu pai, Afonso IV. Os eventos principais são o restabelecimento do reino de Maiorca e a guerra contra os nobres rebeldes da União de Aragão e Valência. Diferente das outras crônicas, esta é escrita em tom autobiográfico, sem o aspecto épico. É a única que não utiliza a prosa rimada. O rei não é retratado como um herói cavalheiresco, mas como um príncipe renascentista: autoritário, meticuloso, intrigante, astuto, cruel e até mesmo impiedoso.
Ramon Llull (século XIII): Nascido em Maiorca, em uma família nobre, Ramon Llull escreveu poemas aos 30 anos, após ter visões de Jesus Cristo. Decidiu se dedicar à conversão dos infiéis. Para isso, seguiu alguns passos: 1. Aprender idiomas; 2. Usar exemplos (aprendizado); 3. Estudar cultura; 4. Viajar (para se abrir a diferentes mundos e culturas). Lecionou em Montpellier e escreveu diversos livros. Sua mentalidade era feudal, mas com aspectos modernos. Obras: (Primeiras poesias em catalão): Llibre de contemplació en Déu (1272-1275), Llibre de l'orde de cavalleria (1275-6), Blanquerna (1283-6, contendo o Llibre de les bèsties - fábulas), Llibre d'amic e amat (1286), Llibre de meravelles ou Fèlix (1288-9), Lo Desconhort (1311), Cant de Ramon, e Lo desconhort.