Cronistas-Mor: FL, GEZ e Rui de Pina
Fernão Lopes (FL): Cronista-mor do reino de D. Duarte em 1434. O seu objetivo era escrever as histórias dos soberanos, com o propósito de educar a nobreza através da leitura das crónicas. Foi o primeiro cronista-mor, guarda-mor da Torre do Tombo. Cronista de D. Pedro, D. Fernando e D. João I. Utilizou diversas fontes no seu trabalho: narrativas, natureza, diplomática e arquivística, e testemunhos vários. António José de Saraiva descobre em Fernão Lopes uma linha de pensamento que vai no sentido de apresentar "uma teoria biológica do patriotismo", que assenta na distinção entre os naturais de Castela e os naturais de Portugal. A Crónica de D. João I é escrita em duas partes, tendo características próprias porque era para ser lida nas cortes e para produzir o efeito desejado. Não podia ser um texto denso, de forma a que fosse possível uma aprendizagem através da repetição de certas matérias pelos presentes ouvintes. Fernão Lopes não escreveu apenas a vida de D. João I, mas conseguiu abordar uma série de problemas emergentes, como o lançamento de impostos para suportar a guerra.
Guarda-Mor (GEZ): Cronista do reino, nomeado em 1448, tomando posse do cargo de guarda-mor da Torre do Tombo em 1454. Mateus Pisano foi "bom gramático, distinto astrólogo, grande historiador". Os seus textos são marcados pela honra cavaleiresca e pela dilatação da fé. Foram-lhe atribuídas: a Tomada de Ceuta; a do Conde D. Pedro de Meneses, de D. Duarte de Meneses e, por fim, a Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné, onde nesta última deixa claro que foi criado do rei D. Afonso V. No que diz respeito à primeira crónica, em princípio seria a 3ª parte da crónica de D. João I, mas Fernão Lopes, fruto do fado da vida, acabou por envelhecer e deixou notas para esta 3ª parte para ser recolhida pelo seu sucessor (mas não temos certeza absoluta porque as crónicas não eram assinadas). Segue-se a Crónica do Conde D. Pedro de Meneses e posteriormente a Crónica de D. Duarte de Meneses. Mas com a Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné surge um problema, pois não temos um nome pessoal no título da obra, uma crónica em louvor ao Infante D. Henrique, um homem responsável por descobrir a costa africana. A nível económico, conseguimos pela primeira vez endireitar as nossas finanças públicas, pois começamos a produzir em grande quantidade quatro mercadorias na Europa: a malagueta, o marfim, o ouro e os escravos. Demonstra um profundo sentimento de dor e uma extraordinária visão dos horrores provocados pela captura dos escravos e pela sua partilha pelos cristãos.
Rui de Pina (RdP): Foi o 3º cronista-mor encarregado da elaboração das crónicas dos reis portugueses. Rui de Pina conhecia o grego e o latim. Não era humanista, apesar de visíveis os traços dessa mentalidade. Escreveu cerca de nove crónicas, levantando dúvidas sobre a autoria das mesmas devido à relação entre o número de obras e o curto espaço de tempo. Escreveu: Crónica de D. Sancho I; de D. Afonso II; de D. Sancho II; de D. Afonso III; de D. Dinis; de D. Afonso IV; de D. Duarte; de D. Afonso V e de D. João II.
A narrativa histórica expõe factos por ordem cronológica, surgindo em Itália no século XV. Tem como objetivo o registo da memória dos Reis. Registam-se para não se perder. Está organizada em pequenos capítulos para serem lidos no serão da corte, de forma a não se tornarem massudos. Em 1804, foi criado o cargo de cronista-mor, passando a memória escrita a conter aspetos positivos dos monarcas e aspetos negativos.
Definição de Cultura: "Cultura ou civilização, no sentido mais lato do termo, é esse complexo que compreende o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade."