Cultura Hip-Hop: Origens e Elementos
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O Hip-Hop não é só um estilo de música ou um modo de dançar. É, principalmente, um movimento cultural, iniciado nos Estados Unidos, que fala sobre a cultura das ruas, das esquinas, dos guetos, enfim, dos conflitos sociais e da violência urbana vividos pelas classes menos favorecidas da sociedade. É, sem dúvida, um movimento de reivindicação de espaço e voz, traduzido nas letras questionadoras, no ritmo forte e intenso e nas imagens grafitadas pelos muros das cidades. No Brasil, esse estilo mostra a realidade dos jovens negros e pobres de cidades grandes, como Rio de Janeiro e São Paulo, cantada (rap), dançada (street dance) e pintada (grafite) nas ruas, numa forma de discussão e protesto que envolve o preconceito racial e a miséria dessa população discriminada, ignorada e excluída. O Hip-Hop, nesse sentido, é o grito que pede para ser ouvido, a fim de modificar a vida de jovens que, a princípio, parecem sem esperança e sem força para romper com essa realidade. Hoje em dia os rappers de verdade preferem o não-estrelato, ficando no meio Underground, enquanto as "estrelinhas" que destroem a cultura se vendendo para a mídia são Eminem, Akon, Snoop Dogg (antigamente não era), Ne-Yo, Chris Brown, 50 Cent, Ja Rule e entre outros que você escuta facilmente nas rádios.
História do Hip-Hop
O Hip-Hop emergiu no final da década de 60, nos subúrbios negros e latinos de Nova Iorque. Estes subúrbios, verdadeiros guetos, enfrentaram todo tipo de problemas: pobreza, violência, racismo, tráfico, carências de infraestrutura, de educação, etc. Os jovens encontravam na rua o único espaço de lazer, e geralmente entravam num sistema de gangues (quem fazia parte de algumas das gangues, ou quem estava de fora, sempre conhecia os territórios e as regras impostas por elas), as quais se confrontavam de maneira violenta na luta pelo domínio territorial. Esses bairros eram essencialmente habitados por migrantes latinos, vindos principalmente da Jamaica, por lá existiam festas de rua com equipamentos sonoros muito possantes que eram chamados de Sound System e em alguns lugares com carros de som chamados de "sound systems" (carros equipados com equipamentos de som, parecidos com trios elétricos). O Sound System foi levado para o Bronx em Nova Iorque pelo DJ Kool Herc, que com 12 anos migrou para os Estados Unidos com sua família, iludidos pelo American way of life (estilo americano de vida). Junto, Herc levou o Toast (modo de se cantar bem parecido com o RAP, com levadas bem fraseadas e rimas bem feitas, muitas das vezes bem politizadas e outras banais e sexuais, cantadas em cima de Reggaes instrumentais).
Elementos do Hip-Hop
DJ (disc-jockey): Operador de discos, que faz bases e colagens rítmicas sobre as quais se articulam os outros elementos. Hoje o DJ é considerado um músico, após a introdução dos scratches de GrandMixer DST na música "Rock it" de Herbie Hancock, que faz parte da música, e não apenas um efeito, incremento ou Break. O Break-beat é a criação de uma batida em cima de músicas já existentes, uma espécie de LOOP. Seu criador DJ Kool Herc, desenvolveu esta técnica possibilitando B.Boys a dançarem e MC's a cantarem. O Beat-Junkie já é a criação de músicas pelos DJ nos toca-discos, com discos e músicas diferentes. Há diversos tipos de DJ's, há DJ de grupo, de baile/festas/aniversários/eventos em geral e o mais desconhecido, porém não menos relevante, pelo contrário, o DJ de competição. Este por sua vez, faz da técnica e criatividade, os elementos essências para despertar e prender a atenção do público. Um DJ de competição é um DJ que desenvolve e realiza performances contendo scratchs, batidas e até frases recortadas de diferentes discos (samples). Esses DJ's competem entre si usando todo e qualquer trecho musical de um vinil. Um exemplo de DJ de competição do Brasil é o DJ DaMente de São Paulo.
MC (mestre de cerimônias): Mestre de cerimônia, animação e comentários da festa. Porta-voz que relata, através de articulações de rimas.
Nada será feito sem a interação dos 4 elementos do Hip-Hop. O RAP não será Rap se não houver grafite, o DJ não será DJ (de Hip-Hop) senão houver B.Boys dançando, e assim por diante segue toda a cultura, senão o Hip-Hop não é Hip-Hop, e sim RAP, Grafite, DJ e B.Boy.
Grafite: Expressão plástica, pinturas geralmente feitas com latas de Spray em muros, escolas, metrôs, etc. Sendo considerado por muitos uma forma de arte, diferente do "picho", que têm outra função de apenas deixar sua marca, diferente do grafite, que é usado por muitos como forma de expressão e denúncia.
Break: Dançarinos que dançam as modalidades do hip hop.
DJ: Disc Jockey responsável pelo som, as músicas tocadas.
Modalidades de Street Dance
Popping: Pop, início nos anos 70, em uma pequena cidade americana chamada Fresno na Califórnia. Seu criador foi Boogaloo Sam que logo mais formaria um grupo chamado Electric Boogaloo. O Poppin é a evolução de uma dança antiga, o Robot (que era apenas uma cópia dos movimentos mecânicos de um robô). James Brown. Do Poppin também surgiu um passo muito conhecido e usado por Michael Jackson, originalmente Back-Slide (deslizar para trás), pois Moonwalk como foi chamado por Michael.
Waacking: Surgiu originalmente no ano de 1971 no underground gays club de Nova Iorque mas a cultura da dança nasceu em Los Angeles, um estilo de dança vertical que se desenvolveu na Costa Oeste nos anos Soul Train, com a interpretação gay do locking. É uma eletrizante forma de dança, com ênfase em movimentos complexos e altamente dinâmicos dos braços e mãos que se assemelham a implantação de Locking no pulso, mas mais exagerado e prolongado e ressaltam sensualidade e força ao mesmo tempo.
Locking: É praticamente o "pai" do waacking, é necessário saber muito de locking para entender e se aprofundar no waacking, é o mesmo que Waving dentro do universo do Popping, ou Lofting dentro do House Dance. Waacking é uma versão gay do Locking, pode parecer engraçado mas é o que aconteceu, uma comunidade gay desenvolveu o estilo dentro dos conceitos do Locking, depois as mulheres e até mesmo dos membros dos The Locker's aderiram o estilo, como Shabba Doo por exemplo.
Krump: Todos os grandes movimentos começam com um começo humilde, e tal foi o caso com a dança Krump. Seu início precoce pode ser rastreado até 1992, quando em South Central, Los Angeles o residente Thomas Johnson (Tommy Clown) teve um trabalho divertido com seus filhos em uma festa de aniversário. Ele rapidamente descobriu que o seu estilo único de dançar hip-hop. Principais movimentos de base: Clown Dancing, Arm Swings, Chest pops, Chest locks, Foot Stomps, Leg Pops, Hand Grabs, Shoulder Rolls. Kingdon, Radically, Uplifted, Mighty, Praise.
Ragga Jam: O Ragga Dancehall é o mistério da vida de Laure, nada lhe predestinava a seguir a dança. Porém, sempre foi atraída pelo ritmo e a energia da cultura afro, após procurar aulas desse tipo em 1990 e não encontrar, decidiu criar a dança de seus sonhos. Usou a música que lhe agradava, o raggamuffin, inspirou-se na energia e nas coreografias da dança afro, utilizou uma didática. Esclarecimento: Ragga Jam não é Dancehall e não faz parte do Street Dance, eles apenas andam juntos.
House Dance: House Dance surgiu junto com a house music, no início de 1980 após o fim da era da discoteca durante os tempos de clubes como o Warehouse de Chicago, The New York Loft e Paradise Garage. Ele é chamada de House dance porque ele foi desenvolvido mais nos clubes do que na rua. House Dance tem influência de muitos elementos de dança, tais como: Dança Afro, latinas (principalmente salsa), brasileiras, jazz, sapateado, e até mesmo contemporânea. Contrariamente à crença popular, house dance não é um descendente da hip hop dance. Ele não saiu da cultura hip hop, ele não veio das ruas, e na maioria das vezes é dançado com músicas house e disco, em vez de “hip hop”. House incorpora movimentos de dança de várias fontes, como a Capoeira, sapateado (tap), jazz, dança afro e salsa.
Ela inclui uma variedade de técnicas e sub-estilos que incluem skating, stomping, and shuffling. Um dos principais elementos da House Dance é uma técnica chamada de jacking que veio de Chicago e envolve mover o tronco para a frente e para trás em um movimento ondulante.
Influências de outras danças dentro do House Dance: Salsa, Sapateado/Tap. Afro Raízes Afro, Popping, Break.
Freestyle: Dança Urbana Americana originada em meados dos anos 80, em festas e Clubs (danceterias), através de Social Dances (danças sociais) com influência de outras danças. Improvisar.
Street Dance: Um Rótulo para Danças Urbanas
Street Dance é um rótulo que os americanos criaram para identificar os estilos de dança que surgiram nos guetos e centros urbanos. Muitos pensam que Street Dance é um único estilo de dança, mas na verdade é apenas um termo que engloba vários estilos de dança. A primeira vez que o termo surgiu foi nos anos 30 com o surgimento do Tap Americano (Sapateado). Os negros americanos, influenciados pelo sapateado clássico Irlandês, criaram uma dança nova com a técnica percussiva dos sons dos pés somada a estrutura e movimentação corporal das danças africanas, uma vez que estas eram sua herança cultural.
Em seguida nos anos 70 várias outras danças surgiram nos Estados Unidos com a mesma origem, uma dança Urbana e popular. Apesar de Street em Português significar “Rua”, para os Americanos ela não tem exatamente essa conotação, porque, neste caso, Street Dance significa “Dança Urbana do Povo” que não veio do meio acadêmico. Não quer dizer exatamente que ela foi inventada ou dançada nas Ruas. Entre os estilos de dança urbana, apenas o B. Boying foi criado exatamente nas ruas, durante as Block Partys (festas de rua), que deram origem à Cultura Hip Hop. Os demais estilos de dança tiveram diferentes ambientes para sua criação como Clubs (danceterias), programas de TV, Concurso de talentos estudantis etc. É das Ruas porque veio de pessoas que vivem nas cidades.