D. João V, Bartolomeu de Gusmão e Domenico Scarlatti

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D. João V: O Magnífico e a Sua Época

D. João V foi Rei de Portugal de janeiro de 1707 até sua morte em 31 de julho de 1750. Filho de Pedro II e Maria Sofia, recebeu o cognome de O Magnífico devido ao luxo ostentado durante seu reinado.

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O reinado de D. João V coincidiu com o auge do fluxo de ouro brasileiro. No entanto, o aumento da receita pública e privada não resultou em transformações econômicas duradouras ou mudanças significativas na estrutura social portuguesa.

O rei utilizou grande parte da riqueza proveniente das minas brasileiras para manter uma corte luxuosa e financiar projetos grandiosos que visavam fortalecer o prestígio real. Contudo, o dinheiro, por si só, não era suficiente para resolver os problemas existentes. A forma como era utilizado refletia a mentalidade e a formação das pessoas que o detinham.

A época de D. João V caracterizou-se pela escassez de quadros empresariais e pela falta de indivíduos capacitados para transformar a riqueza em novas oportunidades.

Portugal carecia de elites em diversas áreas, como cultura, arte, política e economia. A ausência de empresários dinâmicos impediu o surgimento de empreendimentos que pudessem gerar riqueza durante o período do ouro.

A abundância de ouro atraiu estrangeiros que buscavam estabelecer indústrias ou eram incentivados pelo Estado a produzir bens importados em Portugal. No entanto, a maioria dessas iniciativas fracassou devido à falta de organização econômica.

O Convento de Mafra e o Aqueduto das Águas Livres

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A mais notável realização pessoal de D. João V foi a construção do Convento de Mafra, um edifício de proporções grandiosas, inaugurado em 1744. Quatro anos depois, o Papa Bento XIV concedeu-lhe o título de Sua Majestade Fidelíssima, extensível aos seus sucessores.

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D. João V também teve a oportunidade de satisfazer sua paixão por construções grandiosas com o Aqueduto das Águas Livres, em Lisboa, considerado um dos locais mais belos da cidade. O aqueduto ergue-se sobre o vale de Alcântara.

O Aqueduto das Águas Livres resistiu ao terramoto e continuou a fornecer água a diversas fontes. No entanto, a falta de água persistiu, especialmente devido à instalação de ramais privados por nobres e membros da Igreja.

O principal objetivo do aqueduto era abastecer os chafarizes construídos por toda a cidade, como o Chafariz das Amoreiras, Entrecampos, Janelas Verdes, Estrela, Rato, Carmo, Esperança, Cais do Tojo, Flores, entre outros. Alguns desses chafarizes também possuíam tanques para lavagem de roupa.

D. João V está sepultado no Panteão dos Braganças, ao lado de sua esposa, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.

Bartolomeu de Gusmão: Pioneiro da Aerostação

Bartolomeu Lourenço de Gusmão, filho de Francisco Lourenço e Maria Álvares, nasceu em dezembro de 1685, na Vila de Santos, Brasil.

Desde cedo, destacou-se por sua inteligência e ideias inovadoras. Realizou seus estudos primários na Vila de Santos e, posteriormente, ingressou no Seminário de Belém para completar o Curso de Humanidades, sob a orientação do Padre Alexandre de Gusmão, amigo de seu pai e fundador do seminário.

Em 1705, aos 20 anos, solicitou à Câmara da Bahia o privilégio para seu primeiro invento: um aparelho que elevava a água de um riacho a uma altura de aproximadamente 100 metros, eliminando a necessidade de transporte manual ou por animais.

Entre 1708 e 1709, Bartolomeu de Gusmão embarcou para Lisboa, onde aprofundou seus conhecimentos.

Na Universidade de Coimbra, dedicou-se ao estudo da Matemática, Astronomia, Mecânica, Física, Química e Filologia, além de exercer atividades de Diplomacia e Criptografia a serviço de D. João V. Obteve o grau de Bacharel em 5 de maio de 1720 e concluiu o Doutoramento em 16 de junho.

A observação de uma bolha de sabão elevando-se ao se aproximar do ar quente de uma vela despertou em Gusmão a compreensão da diferença entre as densidades do ar. A partir daí, concebeu a ideia de que um objeto mais leve que o ar poderia voar. Em 1709, anunciou à corte que apresentaria uma "Máquina de Voar". Em 19 de abril do mesmo ano, recebeu autorização de D. João V para demonstrar seu invento perante a Casa Real.

Em 3 de agosto de 1709, realizou-se a primeira tentativa na Sala de Audiências do Palácio. No entanto, o pequeno balão de papel, aquecido por uma chama, incendiou-se antes de alçar voo. Dois dias depois, uma nova tentativa obteve sucesso: o balão elevou-se cerca de 20 palmos, causando espanto entre os presentes. Temendo um incêndio, os criados do palácio lançaram-se contra o engenho antes que atingisse o teto.

Três dias depois, em 8 de agosto de 1709, a terceira experiência foi realizada no Pátio da Casa da Índia, perante D. João V e a rainha D. Maria. Desta vez, o sucesso foi absoluto. O balão elevou-se lentamente, caindo no Terreiro do Paço após o esgotamento da chama. Assim, foi construído o primeiro engenho mais leve que o ar. Impressionado, o rei concedeu a Gusmão o direito sobre toda e qualquer nave voadora, sob pena de morte para quem ousasse interferir ou copiar suas ideias.

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O invento do Padre Bartolomeu de Gusmão chamou-se Passarola, devido à sua forma de pássaro.

A concepção e realização do aeróstato por Bartolomeu de Gusmão representaram um avanço significativo na história da aviação, sendo ele considerado o Pai da Aerostação, precedendo em 74 anos os irmãos Montgolfier, que voaram em um balão de ar quente em 1783.

Bartolomeu de Gusmão foi uma figura singular, unindo o homem, o sacerdote e o inventor em uma personalidade complexa, com uma visão à frente de seu tempo, sofrendo as consequências de sua excepcionalidade.

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O Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão faleceu em 19 de novembro de 1724, em Toledo, Espanha, sendo lembrado como um dos pioneiros da Aeronáutica.

Domenico Scarlatti: Mestre do Cravo

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Domenico Scarlatti, compositor, cravista e organista italiano, nasceu em Nápoles, Itália, em 26 de outubro de 1685.

Filho de Alessandro Scarlatti, compositor de óperas, Domenico foi mestre de capela da rainha Cristina da Suécia em Roma e maestro de São Pedro.

Após anos viajando pela Europa, fixou-se em Lisboa, onde foi professor da Princesa Maria Bárbara, filha de D. João V e futura rainha da Espanha. Em 1729, quando a princesa se casou com o herdeiro do trono espanhol, Scarlatti mudou-se para Madrid, onde viveu o resto de sua vida. Foi durante este período que compôs suas obras mais notáveis, sonatas para cravo de grande complexidade e inventividade.

Na Espanha, começou a compor pequenos exercícios para cravo, inspirados na música popular e na vida cotidiana espanhola, que denominou sonatas.

Considerado um dos fundadores da moderna técnica de teclado, Scarlatti utilizou em suas sonatas recursos inovadores como mão-cruzadas, arpejos rápidos e repetições de notas. A Sonata em Ré maior, por exemplo, é uma referência para as composições de teclado do Período Clássico. Suas composições para cravo foram comparadas às obras de Chopin e Liszt para piano.

Além das sonatas e 12 óperas, Scarlatti compôs cantatas e música sacra, incluindo um Stabat Mater. Faleceu em Madrid, em 23 de julho.

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