David Hume: A Ciência da Natureza Humana e o Progresso

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A Ciência da Natureza Humana em David Hume

David Hume defende a interdependência entre todas as ciências, chamando-a de "a ciência da natureza humana". Todas as ciências são criadas pelo homem, e é o homem quem deve ser estudado. Tudo o que o homem pode conhecer depende de sua capacidade. A filosofia de Hume pretende levar o homem ao progresso e à modernidade. Esta "ciência do homem" afasta-se da velha ciência, que era muito racional e supersticiosa, e o conduz a um mundo sem preconceito e intolerância religiosa.

Para Hume, a superstição (religião) e a metafísica racionalista são a base ideológica do atraso experimentado pela sociedade de seu tempo. Hume pensa que a intolerância religiosa, a hipocrisia, a maldade, o terror e a ignorância que a religião utiliza são as principais fontes de infelicidade e ansiedade para os homens, além de um obstáculo ao progresso, à cultura e ao bem-estar da sociedade. Hume procura libertar o homem desse mal e acredita que a ciência do homem é a única forma de combater a filosofia dogmática. Ele pensa que, quando o espírito religioso não é levado em conta, a sociedade se torna mais feliz e próspera.

Hume e a Interdependência das Ciências

Todas as ciências estão relacionadas, em maior ou menor grau, com a natureza humana. Não poderíamos prever as mudanças e a evolução da ciência se não soubéssemos a extensão e a força da compreensão humana. Especialmente na religião natural, mais progresso pode ser esperado, uma vez que somos seres não apenas racionais, mas também um dos objetos sobre os quais a razão atua. Portanto, se ciências como a matemática, a filosofia natural e a religião natural dependem do conhecimento que temos sobre o homem, pode-se esperar mais daquelas ciências que estão mais próximas da natureza humana.

As Quatro Ciências Essenciais para o Homem

  • A lógica serve apenas para explicar nossa faculdade de raciocínio e a natureza de nossas ideias.
  • A moralidade e a crítica de arte examinam os nossos gostos e sentimentos.
  • O comportamento político dos homens na sociedade.

Nestas quatro ciências – lógica, moral, crítica de arte e política – compreende-se tudo o que pode interessar ao conhecimento do homem e ao seu progresso.

Condições para Estabelecer a Ciência do Homem

A fim de estabelecer uma ciência do homem, deve haver uma uniformidade e permanência no tempo. Estas duas condições tornam possível a obtenção de leis generalizadoras sobre a conduta dos homens e o estudo da natureza humana.

Uniformidade e Diversidade da Conduta Humana

Os mesmos motivos produzem sempre as mesmas ações. Ambição, ganância, amizade, vaidade, etc., são a fonte de todas as ações que têm sido observadas na humanidade. A humanidade é a mesma em todos os tempos e lugares. No entanto, nem todos os homens nas mesmas circunstâncias se comportam da mesma maneira, porque é preciso levar em conta a diversidade de caráteres, preconceitos e opiniões.

Experiência e Observação: Bases do Conhecimento

A experiência e a observação são as bases da ciência da natureza humana, e só se pode obter conhecimento através delas. A "essência última da natureza humana" não se enquadra nas capacidades do homem e está fora dos limites estabelecidos pela experiência.

A Experiência Humeana e o Senso Comum

A experiência de Hume é um conjunto de observações detalhadas da vida cotidiana, da história e da sociedade, tanto mentais quanto comportamentais, que ocorrem na vida dos homens. No entanto, a experimentação repetida em seres humanos não é possível. A humanidade tem suas peculiaridades, e é aqui que a introspecção psicológica e a análise histórico-social revelam as diferenças que complementam as leis gerais dos assuntos humanos. Hume procura fundamentar a ciência e o conhecimento no que chamamos de senso comum.

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