A Década Moderada (1844-1854) e os Grupos Liberais Espanhóis

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A Década Moderada (1844-1854)

Os moderados formaram um governo liderado por Narváez, que defendia uma política baseada nos princípios do liberalismo moderado. Este governo foi apoiado pela prevalência da ordem e da autoridade. O sistema consolidou-se na predominância da aristocracia rural, enfrentando a reação Carlista e a subversão das classes populares. A Coroa e grandes [interesses] de Madrid, especialmente o Ministério do Interior, eram responsáveis por dois governadores civis.

Reformas e Medidas Administrativas

  • Estabeleceu-se um sistema nacional de educação pública, que regulamentou vários níveis de ensino e desenvolveu programas. Foi concluído com a Lei Moyano, a primeira grande lei de educação.
  • Adotou-se o sistema métrico, um sistema único de pesos e medidas.
  • Seguindo o princípio da uniformidade, a milícia anterior foi dissolvida e foi criada a Guarda Civil, um corpo armado com fins civis, mas com estrutura militar, responsável pela manutenção da ordem pública, especialmente no meio rural.

Crise e Fim do Governo Moderado

O autoritarismo aprofundou-se durante o governo de Bravo Murillo, em 1852, que propôs uma reforma constitucional que transformou o Estado numa ditadura tecnocrática. Esta reforma previa a possibilidade de governar por decreto e suspender os tribunais, enquanto restringia ainda mais os cadernos eleitorais. Ele ignorou o voto e o sistema parlamentar, acreditando que uma gestão eficiente e a construção de riqueza eram as únicas condições para um bom governo. Assim, uma nova revolução, em 1854, permitiu o retorno progressivo ao poder [dos progressistas] e terminou com dez anos de governo moderado.

As Opções Políticas: Diferentes Grupos do Liberalismo

Moderados

Definidos como o partido da "ordem", eram um grupo heterogêneo composto por grandes proprietários, comerciantes, intelectuais conservadores, nobreza, alto clero e alto comando militar.

  • Defendiam o direito à propriedade como garantia da ordem social e os princípios de autoridade.
  • Acolhiam o princípio da soberania partilhada entre as Cortes e a Coroa, concedendo a esta amplos poderes de intervenção (nomear ministros, dissolver as Cortes, vetar leis).
  • Baseados no sufrágio censitário.
  • Defensores da limitação dos direitos individuais (liberdade de imprensa, opinião, reunião e associação).
  • Liberalismo clerical, defendendo o Estado confessional e uma grande influência social da Igreja Católica.

Progressistas

Considerados os defensores da liberdade, entre eles dominavam a pequena e média burguesia e a classe trabalhadora urbana.

  • Defendiam o princípio da soberania nacional e o domínio das Cortes no sistema político.
  • Eram a favor do fortalecimento das autoridades locais e da ampliação dos direitos individuais.
  • Mantiveram o princípio do sufrágio selecionado (censitário, mas mais amplo) e defendiam a liberdade religiosa, sem limitar a influência social da Igreja.
  • Apoiavam a Milícia Nacional para defender os direitos e a liberdade dos cidadãos.

Democratas e Republicanos

Em 1849, uma cisão progressista levou à formação do Partido Democrático.

  • Defendiam a soberania popular e o sufrágio universal masculino.
  • Apoiavam a única câmara eletiva, a expansão das liberdades civis e o reconhecimento dos direitos coletivos (liberdade de imprensa, formação da Milícia Nacional, eleição de conselhos locais).
  • Pediam a liberdade de culto para todas as religiões (embora reconhecendo a predominância social da Igreja Católica).
  • Base social: classes trabalhadoras urbanas e níveis mais baixos do militar.
  • Defendiam a República, permitindo a eleição de todos os cargos públicos, e tinham uma forte componente social e popular.

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