Democracia Ateniense, Renascimento e Reforma Religiosa

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Princípios da Democracia Ateniense

A democracia em Atenas foi construída sobre três pilares fundamentais:

  • Isonomia (igualdade perante a lei): A lei era para todos, sem exceção, e todos os cidadãos deviam obediência.
  • Isocracia (igualdade de acesso a cargos políticos): Todos os cidadãos atenienses tinham o direito e o dever de participar no governo da pólis. As decisões eram, normalmente, tomadas em conjunto, respeitando a vontade da maioria.
  • Isegoria (igualdade de direito ao uso da palavra): Nas assembleias, nos tribunais ou no exercício das magistraturas, todos podiam defender livremente as suas opiniões. A liberdade de palavra era limitada apenas pelos interesses do Estado, o que garantia uma larga margem de expressão.

Estrutura Social e Exclusão na Cidadania

  • Cidadãos: Apenas eram considerados cidadãos os indivíduos do sexo masculino, com mais de 18 anos, filhos de pai e mãe atenienses, nascidos em Atenas e com serviço militar cumprido. Só eles podiam possuir terras e participar no governo da cidade (direitos cívicos).
  • Mulheres: Tinham poucos direitos. Esperava-se delas a dedicação permanente à família e ao marido, embora as mulheres pobres trabalhassem no campo ou no mercado.
  • Metecos: Eram estrangeiros com licença para viver em Atenas em troca de um tributo. Não tinham direitos cívicos nem podiam possuir terras, mas podiam dedicar-se a atividades artesanais, pagavam impostos e tinham de combater em tempo de guerra.
  • Escravos: Geralmente prisioneiros de guerra, mas também podiam ser cidadãos endividados que perdiam todos os seus bens. Não tinham liberdade nem quaisquer direitos, realizando os trabalhos mais pesados (minas, construção, agricultura, etc.). Contudo, também havia escravos cultos que eram professores dos filhos dos cidadãos ou secretários.

Características da Arte Renascentista

Arquitetura

  • Colunas
  • Arcos de volta perfeita
  • Frontões
  • Cúpulas

Escultura

  • Naturalismo e realismo (incluindo o nu)
  • Disposição geométrica
  • Estátuas equestres

Pintura

  • Pintura a óleo
  • Sfumato
  • Perspetiva
  • Disposição geométrica
  • Realismo e naturalismo

A Crise Religiosa do Século XVI

Crise na Igreja Católica e a Reforma Protestante

No século XVI, a Igreja Católica enfrentava uma crise caracterizada por:

  • Cisma do Ocidente: A cristandade estava dividida na obediência a dois papas, um em Roma e outro em Avinhão.
  • Conduta dos Papas: Os papas do Renascimento não eram modelos de virtude, muitos tinham filhos, viviam em luxo e interferiam no poder dos reis.
  • Abusos do Clero: Bispos acumulavam benefícios e ausentavam-se das suas paróquias, enquanto o clero regular era, muitas vezes, ignorante e negligente nos seus deveres.

Esta situação levou muitos fiéis à superstição, ao fanatismo e à bruxaria, e gerou críticas de figuras como John Wycliffe, Jan Hus e Savonarola. Neste contexto, destacou-se o monge agostiniano alemão Martinho Lutero, que criticou a venda de indulgências pelo Papa Leão X para financiar a Basílica de São Pedro. Ao afixar as suas "95 Teses Contra as Indulgências" na catedral de Wittenberg, defendendo que a salvação da alma se consegue pela fé, deu origem às novas religiões protestantes (Luteranismo, Calvinismo e Anglicanismo).

A Contrarreforma ou Reforma Católica

Como resposta à expansão protestante, as principais autoridades da Igreja Católica reuniram-se no Concílio de Trento (iniciado em 1545) e tomaram várias medidas:

  • Reafirmação de Dogmas e do Culto: Manutenção da Bíblia em latim, dos sete sacramentos e reafirmação da autoridade do Papa.
  • Disciplina do Clero: Reforço do celibato, fundação de seminários para a formação do clero e proibição da acumulação de benefícios eclesiásticos.

Para combater a heresia, foram utilizados três instrumentos principais:

  • Índex: Uma lista de livros de leitura proibida aos católicos, que incluía obras de humanistas (Erasmo, Galileu) e de autores protestantes.
  • Inquisição: O tribunal foi reativado para julgar suspeitos de heresia, utilizando métodos cruéis como a tortura para obter confissões. Os condenados eram executados em cerimónias públicas chamadas autos de fé.
  • Companhia de Jesus (Jesuítas): Considerados os "Soldados de Cristo", os jesuítas destacaram-se como missionários (na Ásia, África e América), professores (criando uma vasta rede de colégios) e pregadores.

A Reforma Católica em Portugal

A reforma católica foi implementada em Portugal, com membros da Igreja portuguesa a aplicarem as decisões do Concílio de Trento:

  • Os bispos passaram a residir nas suas dioceses e a supervisionar a população através de visitas pastorais periódicas.
  • Os Jesuítas foram fundamentais na missionação (conversão à fé católica) no Oriente e no Brasil, e também na criação de uma rede escolar em Portugal e nas suas colónias.
  • A Inquisição criou a censura prévia, publicando o primeiro Index de livros proibidos. Os inquisidores perseguiram acusados de heresia protestante, bruxaria e blasfêmia, mas o seu principal alvo foram os cristãos-novos, cujas riquezas revertiam para a Inquisição após a condenação.

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