Demonstração do Fluxo de Caixa: Análise e Relevância Empresarial
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Diante da abertura de mercado e da internacionalização de capitais, os investidores e financiadores de capitais buscam a cada dia mecanismos que permitam uma análise mais segura da situação financeira da empresa em que pretendam investir. As informações obtidas através das demonstrações contábeis clássicas não são suficientes para que os analistas de mercado avaliem os riscos e a capacidade de retorno do investimento que a empresa oferece. Segundo Yoshitake e Hoji (1997, p. 149), os analistas de balanços com visão moderna dão mais importância ao fluxo de caixa:
"... não é muito importante saber se uma empresa teve lucro ou prejuízo em determinado exercício, pois o resultado pode ter sido maquilado por algum artifício contábil permitido pela lei e, portanto, sem conhecer o fluxo de caixa, não se pode saber qual capacidade a empresa tem em gerar receita."
Seguindo esse raciocínio, pode-se concluir que lucro não é sinônimo de caixa. De forma que a empresa pode apresentar lucro em suas demonstrações contábeis e, no entanto, estar com dificuldade de geração de caixa. Ainda segundo os autores acima:
"É sempre bom lembrar que as empresas quebram não por falta de lucro e sim por falta de caixa."
Cabe, porém, ressaltar que as empresas também não sobrevivem sem lucros, pois, sem remunerar o capital investido, a tendência é que as atividades operacionais consumam todo o capital de giro disponível e as levem ao processo de falência.
Para conhecer a capacidade de geração de caixa de uma empresa, é necessário obter, além das demonstrações contábeis clássicas, uma demonstração que evidencie os recebimentos e pagamentos de um determinado período. Buscando atender a essas necessidades dos usuários da informação contábil, países como Inglaterra, Japão, Estados Unidos e outros estão exigindo a publicação da Demonstração do Fluxo de Caixa, por entenderem que somente as demonstrações contábeis clássicas não permitem uma análise segura da situação financeira da empresa.
Nos Estados Unidos, o Financial Accounting Standards Board (FASB), através do Pronunciamento FASB 95, de novembro de 1987, passou a exigir a apresentação da Demonstração do Fluxo de Caixa, em substituição à DOAR, por entender que essa demonstração facilita o entendimento por parte do usuário externo. De acordo com os §§ 4º e 5º do FASB 95, a Demonstração do Fluxo de Caixa tem a finalidade de fornecer informações sobre os recebimentos e pagamentos da empresa em um determinado período, as quais, utilizadas em conjunto com as informações das outras demonstrações contábeis, possibilitarão aos investidores, credores, acionistas e outros interessados conhecer aspectos importantes da forma de condução do negócio e avaliar a capacidade da empresa de geração de caixa futuro. Além desses aspectos, as informações sobre o fluxo de caixa poderão identificar a necessidade de financiamento a curto e a longo prazo.
Apresentação da Demonstração do Fluxo de Caixa
A Demonstração do Fluxo de Caixa não é um demonstrativo novo, pois há tempos é utilizada por muitas empresas para fins gerenciais. No entanto, com a crescente importância dada ao fluxo de caixa na avaliação de viabilidade econômica de projetos, na avaliação de riscos de investimentos, nas operações de fusão e aquisição de empresas, criou-se a necessidade de que o usuário externo tenha acesso a essas informações, para conhecer a real situação financeira da empresa. Assim, o Fluxo de Caixa realizado de um período passa a fazer parte das demonstrações contábeis dirigidas aos usuários externos, com o propósito de informá-los sobre o fluxo de ingressos e desembolsos de recursos financeiros resultantes das atividades da empresa.
Classificação das Atividades no Fluxo de Caixa
Numa visão moderna e buscando aumentar a capacidade informativa dessa demonstração, muitos países, inclusive o Brasil, estão aderindo ao modelo apresentado pelo Financial Accounting Standards Board (FASB), que classifica as atividades em três categorias: Atividades Operacionais, Atividades de Investimentos e Atividades de Financiamentos.
- Atividades Operacionais: são classificadas nessa categoria aquelas atividades normalmente decorrentes da operação da empresa, tais como: recebimentos pela venda de produtos e serviços; pagamento de fornecedores; despesas operacionais; salários; encargos sociais e outros recebimentos e pagamentos não classificados como Atividades de Investimentos ou de Financiamentos.
- Atividades de Investimentos: compreendem as transações: concessão e recebimento de empréstimos, compra e resgate de títulos financeiros, aquisição e venda de participações em outras sociedades, compra e venda de ativos utilizados na produção de bens e serviços ligados ao objetivo social da entidade. Não compreendem, porém, as aquisições de ativos com o objetivo de revenda.
- Atividades de Financiamentos: incluem-se nessa categoria: a captação de recursos dos proprietários ou acionistas; a devolução dos recursos e os rendimentos desses recursos em forma de dividendos ou não; a captação de empréstimos de terceiros, sua amortização e remuneração e a obtenção e amortização de outros recursos classificados no longo prazo.
Segundo Pinho (1996, p. 9):
"A Demonstração dos Fluxos de Caixa para um determinado período deve apresentar o fluxo de caixa líquido oriundo ou aplicado nas Atividades Operacionais, de Investimentos e de Financiamentos e o seu efeito líquido sobre os saldos de caixa, conciliando seus saldos no início e no final do período".
A movimentação dos recursos financeiros apresentados na Demonstração dos Fluxos de Caixa não inclui somente os saldos de moeda em caixa e os depósitos em contas bancárias; considera também os equivalentes de caixa, ou seja, as contas que possuem as mesmas características de liquidez e de disponibilidade imediata.