Desafios e oportunidades para as empresas brasileiras na era da globalização
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Na era da globalização, as organizações brasileiras devem estar preparadas para competir com fortes empresas estrangeiras, posto que estas investem em pesquisas e têm tradição em gestão. Dessa forma, as empresas nacionais precisam de um modelo de gestão que as torne mais competitivas, de modo que o Brasil possa gerar mais riqueza e empregos. Nesse sentido, este livro possibilita a criação de metodologias de diagnóstico, de planejamento e de implementação da melhoria da competitividade. Escrita por renomados autores, a obra apresenta temas como criação de valor, gestão da inovação, tecnologia da informação, estratégia, competitividade empresarial, entre outros. O livro traz, ainda, estudos de caso de empresas de diferentes áreas, que ilustram, na prática, a teoria abordada.
1.1 Introdução
Na década de 1970, o Brasil experimentou o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), sob a gestão de um governo militar. Para suportar o desenvolvimento acelerado da economia e gerar o crescimento esperado, era necessário incentivar e estimular alguns setores produtivos, como a construção civil, para acompanhar a construção de casas e de usinas hidroelétricas; e de bens de capital, para desenvolver tecnologia de produtos. Nesse sentido, muitas empresas nacionais foram chamadas a investir. Alguns dos efeitos do II PND mostravam resultados, como boa oferta de estágios e empresa em pleno crescimento. Na década de 1980, havia uma forte atuação das empresas brasileiras em programas de qualidade, em decorrência da influência do sucesso do modelo japonês de gestão, com destaque para melhoria contínua pelo sistema kaizen, círculos de controle de qualidade, etc. No final dos anos 1980, o governo reduziu substancialmente os investimentos em bens de capital, levando as empresas que haviam feito investimentos a ficarem com suas capacidades ociosas. Já no fim do governo Sarney, o Brasil mergulhou em uma crise, com a inflação chegando a 2.751% entre fevereiro de 1989 e março de 1990. Foi nesse cenário que surgiram diversos planos econômicos voltados para o freio da inflação galopante, como o Plano Cruzado, o Plano Cruzado II. Esse processo culminou com a decretação da moratória brasileira em 20 de janeiro de 1987. Sucederam-se o Plano Bresser e o Plano Verão, igualmente sem sucesso no combate à escalada inflacionária. Nesse contexto, criou-se uma oportunidade para o sistema bancário, em razão da necessidade de informações diárias em tempo real para manter os clientes cientes de seus saldos, etc... Houve, com isso, fortes incentivos governamentais para o surgimento de uma indústria nacional focada na produção de software e hardware. Em 16 de março de 1990, Fernando Collor de Mello lançou o Plano Collor I, que confiscou a poupança dos brasileiros, e seis meses depois, com a volta da inflação, o Plano Collor II. Do ponto de vista econômico, o projeto de governo de Fernando Collor não foi um insucesso total, mas a iniciativa de privatizar as empresas estatais, a modernização de indústrias, a abertura da economia para novos mercados, etc, modificaram a mentalidade de muitos empresários e arejaram os meios econômicos tradicionais do país. Em julho de 1990 foram implementadas reduções nas tarifas alfandegárias, dando início à abertura internacional da economia brasileira. Em termos empresariais, houve um questionamento sobre a qualidade dos produtos no Brasil, em particular na indústria automobilística. O processo de abertura da economia, no entanto, ocorreu sem um planejamento conjunto e adequado entre governo e empresas. Com a abertura do mercado, iniciada no final da década de 1980, essa situação começou a se modificar, na medida em que as empresas nacionais ficaram expostas a novas variáveis que passaram a compor uma nova realidade. Quase de forma instantânea, com a eliminação gradativa das tarifas de importação, as empresas brasileiras perceberam que as estratégias até então adotadas para melhorar a produtividade e reduzir os custos estavam se esgotando. Com a estagnação da tecnologia nacional e o avanço da tecnologia dos países globalizados, a maior parte das empresas do país não estava preparada para enfrentar a concorrência de produtos estrangeiros. Até 1990, o enfoque era a produtividade. Foi nessa época que as empresas começaram a entender as reais exigências do mercado, as necessidades de atender às expectativas dos clientes, etc... A indústria brasileira passa, assim, a trabalhar com os programas de qualidade total e de Gestão da Cadeia de Suprimentos, em uma fase que representava o início do entendimento de que mais competitividade levaria a entender melhor o mercado e a planejar a produção e a cadeia de forma integrada. Houve, no início da década de 1990, uma corrida voltada para a implantação de programas de qualidade que pudessem viabilizar a certificação, em consonância com as normas especificadas pela família ISO 9000. A economia brasileira começa a entender que a redução dos desperdícios, que foi fundamental para o sucesso do sistema Toyota de produção poderia não apenas reduzir seus custos, mas também manter clientes e conquistar novos mercados. Na década de 1990, a questão da globalização acirrou a concorrência e colocou para as empresas e seus respectivos países um desafio ainda maior. Isso significa que elas deveriam entender e assimilar cultura, legislação, hábitos e costumes dos novos mercados. Alguns desses novos desafios têm sido a ampliação de competências em inteligência mercadológica, a gestão da logística interna e externa, a gestão de novos fatores críticos de sucesso para a competitividade, etc... Tudo de forma integrada, buscando atender aos requisitos de qualidade dos mercados. O processo de globalização dos últimos dez anos teve como consequências a tomada de decisões centralizada nos escritórios das grandes empresas, o crescimento dos grandes oligopólios decorrentes de aquisições e fusões nos diversos setores da economia, o acirramento da concorrência e a tendência da comoditização. O Brasil, nesses 15 anos, passou a ser um grande produtor de produtos comoditizados em setores como agronegócios, açúcar, álcool, soja, etc... Nesses setores, as empresas têm conseguido uma ampliação de seus mercados via internacionalização, com abertura de empresas no exterior. A geração de riqueza e de empregos ocorre principalmente por meio de projetos em que se podem alinhar as iniciativas e canalizar energias de entidades do governo, das empresas, dos centros e das entidades de ensino e pesquisa. O grande desafio atual da economia brasileira decorre do fato de que o crescimento do PIB nacional tem sido inferior a 4% ao ano, enquanto o de países asiáticos tem girado em torno de 11%.