Descartes: Dúvida Metódica e a Busca da Certeza

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Os racionalistas do século XVII e os empiristas formularam uma questão filosófica transcendental: quais são os limites do conhecimento? Do ponto de vista racionalista, os avanços científicos dedutivos realizados desde o século XVI serão especialmente importantes. Descartes pretende, assim, alcançar uma certeza absoluta no campo metafísico, assim como a matemática possui verdades irrefutáveis, como "2 + 2 = 4" ou "o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos". Para este fim, o autor irá realizar o caminho da dúvida metódica. Para alcançar a certeza absoluta, deve-se começar a duvidar. Esta dúvida é universal, pois refere-se a questionar todas as certezas que tínhamos até agora, incluindo as filosóficas (uma clara alusão à escolástica medieval). A dúvida não é cética, mas sim um instrumento para alcançar a verdade, com uma finalidade construtiva. Além disso, a dúvida é puramente teórica, o que significa que não se aplica ao campo da conduta e do comportamento moral.

O procedimento consiste, então, em expor as verdades em que confiamos e depois verificar se há alguma razão para duvidar delas:

  • Dúvida do testemunho dos sentidos: Em princípio, confiamos nos sentidos, mas todos nós sabemos que eles podem se tornar enganosos. Não temos nenhum critério para saber quando os sentidos nos enganam e quando não, e, embora seja improvável que estejamos sempre sendo enganados, é melhor não confiar naqueles que nos enganaram uma vez. Portanto, a verdade da evidência empírica é colocada entre parênteses, pois não serve como axiomas inquestionáveis.
  • Dúvida da Realidade. Distinção entre a vigília e o sono: Quem nos garante que não estamos sonhando quando pensamos que o que temos diante de nós é a realidade? Às vezes, diz o francês, acontece que em sonhos parece que estamos em um determinado lugar e que certas coisas acontecem conosco, e depois, quando acordamos, sabemos que isso é falso. Parece que não há uma razão clara para distinguir entre o estado de sono e o de vigília. A consequência é que a existência do mundo exterior e de nós mesmos é questionada, talvez tudo seja produto de nossos sonhos.
  • Dúvida dos princípios matemáticos: Sabe-se que meu raciocínio pode falhar quando argumento, mesmo nas elaborações matemáticas. Será que existe um gênio maligno que nos criou de tal forma que acreditamos ser verdade de qualquer forma o que é falso, sem a possibilidade de perceber isso? Portanto, não há verdades racionais que sirvam como princípio da filosofia, não podemos confiar na razão como fonte de conhecimento confiável.

Quando parece que o ceticismo aniquilou as duas fontes de conhecimento, o sentido e a razão, podemos afirmar, no entanto, uma grande certeza: o ato do pensamento e da consciência. Posso duvidar de tudo, mas não posso duvidar de que estou duvidando. Pensamento e existência são percebidos simultaneamente. Em conclusão, e com a certeza absoluta da existência do sujeito pensante, como uma verdade clara e distinta, que se manifesta sem obscuridade e confusão.

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