Descartes: Dúvida Metódica, Cogito e a Primeira Certeza
Classificado em Filosofia e Ética
Escrito em em português com um tamanho de 2,9 KB
Dúvida Metódica Cartesiana: O Caminho para a Certeza
A Dúvida é o ato de recusar todas as crenças em que notemos a mínima suspeita de incerteza.
Justificativas da Dúvida
A dúvida justifica-se pelos seguintes motivos:
- Preconceitos e Juízos da Infância: Os juízos que formulamos na infância estão sujeitos a preconceitos.
- Engano dos Sentidos: Os sentidos enganam-nos muitas vezes. Seria de extrema imprudência e falta de reflexão depositar confiança excessiva naqueles que nos enganaram, mesmo que só uma vez.
- Dificuldade em Distinguir Sonho e Vigília: Porque não conseguimos distinguir se estamos a sonhar ou não, não há justificação para acreditar que estamos despertos. Isso fará com que tudo o que julgamos saber seja ilusório.
- Erros Matemáticos: Há matemáticos que se enganam em demonstrações matemáticas.
- Hipótese do Deus Enganador ou Génio Maligno: É possível que haja um Deus enganador ou um génio maligno que nos ilude a respeito da verdade, seja tocante às verdades e às demonstrações matemáticas, até no que se refere à própria existência das coisas, entrando por isso no domínio da metafísica (o que parece levar a um túnel sem saída).
Características da Dúvida
Metódica e Provisória
É um meio para atingir a certeza e a verdade, não constituindo um fim em si mesma. Esta última atitude seria típica de filósofos céticos.Hiperbólica
Rejeita como se fosse falso tudo o que levanta uma mínima suspeita de incerteza.Universal e Radical
Incide não só no conhecimento em geral, como também nos seus fundamentos e raízes.A dúvida é um exercício voluntário e uma suspensão do juízo. Leva-nos a construir de forma sólida o edifício do saber.
O Cógito: A Afirmação da Existência
O Cógito é a afirmação da minha existência (obtida por intuição), enquanto ser que pensa e duvida. Mesmo que um génio maligno tente enganar, ele nunca conseguirá que alguém seja nada, enquanto esse alguém pensar em algo. A apreensão intuitiva da existência mostra como esta é indissociável do próprio pensamento. O pensamento refere-se à atividade consciente e é equivalente à alma.
Características do Cógito
- É um princípio evidente e indubitável, uma certeza inabalável.
- Obtém-se por intuição de modo inteiramente racional.
- Serve de modelo de conhecimento e fornece o critério de verdade.
- É uma crença fundacional relativamente a todo o sistema do saber.
- Apresenta uma condição de dúvida e impõe uma exceção à sua universalidade (não se pode duvidar da nossa própria existência).
- Revela a natureza do sujeito: pensamento ou alma.