Descartes: A Dúvida Metódica e o Penso, Logo Existo
Classificado em Filosofia e Ética
Escrito em em português com um tamanho de 2,7 KB
Descartes punha em dúvida não só as informações fornecidas pelos seus sentidos, mas também a existência do seu próprio corpo. Ele duvidava ainda da existência de um mundo externo, alheio aos seus pensamentos, e até mesmo da sua própria existência.
No entanto, neste ponto, surge uma verdade primária que é a base da sua filosofia: "Penso, logo existo". Descartes usou a dúvida metódica como ferramenta para alcançar esta primeira verdade: a do sujeito pensante.
Ao duvidar de tudo o que podia ser duvidado, Descartes chegou à sua primeira certeza inabalável. A dúvida metódica suspende tudo (exceto, na prática, as verdades da fé e da moral), mas revela uma certeza: o facto do próprio pensamento e a existência simultânea do sujeito que pensa. A existência como sujeito pensante é incontestável.
A ideia fundamental do texto é a descoberta desta verdade absoluta: a própria existência do sujeito que pensa e duvida. Esta constatação é feita após duvidar da realidade externa e da existência do seu próprio corpo. A dúvida metódica de Descartes é aplicada como uma ferramenta para alcançar a verdade absoluta na filosofia.
A dúvida cartesiana é universal no seu alcance e teórica, pois pode ser aplicada a qualquer crença ou ideia. Contudo, Descartes limita a sua aplicação prática à reflexão filosófica, não a estendendo às crenças morais ou religiosas no quotidiano. Não é uma dúvida cética, estacionária, que se torna um hábito de pensamento. A sua dúvida não é um fim em si mesma, mas um meio para filosofar.
Descartes aplica a dúvida a diferentes domínios:
- Aos Sentidos: Se os sentidos nos enganam por vezes, como podemos ter a certeza de que não nos enganam sempre? Embora seja muito improvável que nos enganem sempre, essa improbabilidade não equivale a certeza absoluta, e a possibilidade de dúvida sobre o testemunho dos sentidos não pode ser eliminada.
- Ao Mundo Exterior: Se os sonhos, por vezes, nos mostram mundos de objetos com extrema vivacidade, como distinguir o sono da vigília com certeza absoluta? Naturalmente, a maioria das pessoas tem critérios para isso, mas esses critérios não servem para justificar uma certeza absoluta.
- Ao Próprio Raciocínio: Mesmo as verdades matemáticas podem ser postas em dúvida.
A questão, levada a este extremo de ceticismo radical, parece conduzir a um impasse. No entanto, é precisamente neste ponto que Descartes encontra a sua verdade absoluta: a própria existência do sujeito que pensa e duvida.