Descartes e Platão: Dualismo, Razão e o Racionalismo

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Descartes defende um dualismo em relação aos homens, comparando-o a Platão. Por outro lado, Platão divide o ser humano em dois mundos: o sensível (corpo) e o inteligível (mundo das ideias), enquanto Descartes faz essa divisão, mas no próprio ser: o corpo e a razão (ideias). Mas ambos falam da existência clara da alma e, desta forma, da imortalidade.

Segundo Platão, na divisão que faz do ser humano entre mundo inteligível e mundo sensível, no mundo sensível está o corpo, no qual Platão distingue dois tipos de alma: a irascível e a concupiscível, enquanto no mundo inteligível está a alma espiritual. Daí Platão dizer que não se pode chegar à episteme sem uma separação do corpo e da alma, reconhecendo assim a imortalidade da alma e o conhecimento dos modelos da realidade universal, as ideias (teoria da reminiscência).

Além disso, para Descartes, a alma é igual à razão, por isso ele fala do homem como uma substância pensante que existe e não depende do corpo. Assim, na divisão entre corpo e razão, Descartes encontra três tipos de ideias:

  • Ideias acidentais: aquelas que vêm de fora, equivalentes ao mundo sensível de Platão.
  • Ideias fictícias: produzidas pela própria razão.
  • Ideias inatas: pertencem ao próprio pensamento, não derivadas da experiência (coincidem com o mundo das ideias de Platão).

René Descartes nasceu em 1596 em La Haye (França). O episódio mais importante da sua vida foi a sua estadia no colégio jesuíta de La Flèche (1604-1612), onde estudou humanidades clássicas, filosofia escolástica e matemática. Alistou-se em vários exércitos e viajou por toda a Europa, enquanto se aprofundava em estudos de matemática e física.

Descartes teve três sonhos que o impulsionaram a iniciar a busca da verdade através do uso da razão, a ideia central do seu método. Ele se estabeleceu na Holanda, onde iniciou a sua produção filosófica frutífera. A Rainha Cristina da Suécia pediu ao filósofo para ser educada na sua filosofia. Descartes mudou-se para Estocolmo, onde morreu em 1650, no século XVII.

O século XVII na Europa foi um momento de grande conflito, motivado pela intolerância religiosa e pelo desejo de dominação política. Uma das guerras mais sangrentas foi a chamada Guerra dos Trinta Anos, na qual Descartes esteve envolvido. As tensões políticas e religiosas que existiam na Europa também se refletiram na filosofia.

Segundo Descartes, a filosofia encontrava-se num estado de dúvida e incerteza contínuas. Neste contexto, o objetivo da filosofia de Descartes era estabelecer uma base sólida para o conhecimento geral, para o qual era necessária uma nova filosofia. Descartes usou a razão como o único instrumento.

Deve-se notar que, nesta época do Barroco, a cultura passou a ser dominada pelo antropocentrismo, que colocou os seres humanos no centro das reflexões. Assim, uma característica da filosofia racionalista de Descartes é o subjetivismo: o ser humano só conhece o seu próprio pensamento. Esta filosofia quebra radicalmente com a filosofia escolástica que dominava as universidades.

Assim surge, neste século XVII, o racionalismo filosófico. Também neste século se desenvolve o empirismo filosófico. Ambas as correntes têm em comum o subjetivismo característico de toda a filosofia moderna, e por isso não conhecemos as coisas diretamente, mas sim as nossas ideias sobre essas coisas.

A diferença fundamental entre essas duas correntes reside na origem dessas ideias: para o empirismo, a origem está na experiência, enquanto que para os racionalistas, a fonte de todo o conhecimento é a razão.

O racionalismo, juntamente com o empirismo, é a escola filosófica mais importante da filosofia moderna. É o período da história do pensamento europeu que começa com Descartes e termina com Kant (abrangendo os séculos XVII e XVIII). Embora as duas correntes mencionadas se oponham, especialmente diante da questão da fonte do conhecimento (Razão vs. Experiência).

A peculiaridade do racionalismo deriva principalmente da sua característica central: considerar a razão como a fonte básica de conhecimento, desvalorizando a experiência sensorial. Os principais representantes desta corrente, além de Descartes, são: Malebranche, Spinoza e Leibniz.

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