Descolonização, Conflitos e o Surgimento do Terceiro Mundo
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A Descolonização
Causas
O enfraquecimento das potências europeias após as Duas Guerras Mundiais.
A existência de elites indígenas, formadas e enriquecidas culturalmente no período colonial pela metrópole, que se tornaram futuros líderes do processo de descolonização.
O papel dos EUA e da URSS foi fundamental no apoio ao processo de descolonização:
- Ambos os estados forneceram apoio ideológico, político e militar.
- A descolonização enfraqueceu as potências europeias e ajudou a consolidar a nova ordem liderada por duas superpotências.
- O apoio a essas nações era também uma forma de aumentar suas esferas de influência.
O apoio da ONU ao processo. Após a Primeira Guerra Mundial, a Sociedade das Nações já havia incentivado a descolonização, mas as Nações Unidas foram mais longe: em sua carta, salientaram a necessidade de dar autonomia às colônias. Em 1960, a Assembleia Geral estabeleceu a Comissão de Descolonização.
Características
- Revolução Demográfica: Acelerou o crescimento da população desses países, que passou a aumentar a uma taxa muito mais elevada do que na Europa e nos EUA.
- Nacionalismo: A maioria dos políticos africanos e asiáticos tinha um forte sentimento nacionalista e anticolonial.
- Modelo de Desenvolvimento: Os governos dos países independentes adotaram modelos ocidentais de crescimento, fossem eles mais liberais ou comunistas.
- Diferenças Sociais: A descolonização consolidou fortes diferenças nas sociedades dos novos países: surgiu uma minoria ocidentalizada e a grande maioria das pessoas manteve os costumes de sua cultura tradicional.
- Caminhos Diversos: Na maioria dos países, a descolonização foi pacífica. Contudo, em alguns casos, a independência foi alcançada após conflitos armados que levaram a guerras internas. Em todos os casos, a metrópole manteve sua capacidade de influenciar os assuntos internos de suas antigas colônias. Não houve um caminho único para a emancipação das colônias.
Médio Oriente
A Gênese do Conflito entre Árabes e Israelenses
Até 1914, os territórios do Oriente Médio haviam sido dominados pelo Império Otomano. Após sua derrota na Primeira Guerra Mundial, seus bens foram dados sob mandato britânico e francês.
Em 1896, foi criado um movimento político conhecido como Sionismo, que se concretizou com a fundação da Organização Sionista Mundial em 1897. Seus objetivos eram: a criação de um Estado judeu, a consolidação de uma consciência nacional do povo judeu e a proteção dos judeus. O Sionismo tornou-se um importante instrumento de pressão internacional.
O Estado de Israel
O enorme impacto internacional da Shoah (Holocausto) levou à necessidade de criar um Estado judeu como uma compensação simbólica. Em 1947, a ONU propôs um plano para dividir a Palestina em dois estados (árabe e judeu). Isso foi aceito pelos judeus, mas não pelos árabes, criando um conflito entre eles. Os britânicos retiraram-se da Palestina devido ao aumento das tropas militares e da resistência armada, que incluía o terrorismo judeu do Haganah e do Irgun.
O Conflito Árabe-Israelense
A proclamação do Estado de Israel provocou a rejeição do mundo árabe, que passou a considerar o novo Estado judeu como um inimigo comum, resultando em conflitos sucessivos:
- 1948: A fundação de Israel desencadeou o 1º Conflito Árabe-Israelense.
- 1956: Durante o conflito do Canal de Suez, Israel atacou o Egito, juntamente com França e Reino Unido.
- 1964: Os palestinos formaram a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), que ganhou reconhecimento das Nações Unidas.
- 1967: Ocorreu a Guerra dos Seis Dias.
- 1973: A Guerra do Yom Kipur.
- E outros conflitos subsequentes.
O Movimento dos Não Alinhados
O Início da Cooperação
As origens da cooperação entre os novos estados estão nos anos quarenta, com a realização de conferências asiáticas para promover a solidariedade entre as colônias e denunciar as políticas neoimperialistas.
A Conferência de Bandung
Vinte e nove países da África e da Ásia se reuniram em 1955 com a intenção de discutir seus problemas comuns. Decidiram criar um bloco global, uma "terceira via" fora da lógica imposta pela Guerra Fria. A reunião foi convocada pela Índia. Os principais objetivos foram:
- Fomentar as relações entre as nações da África e da Ásia.
- Reforçar a posição internacional dos povos independentes.
- Discutir os problemas comuns a nível global.
- Defender o direito dos povos à autodeterminação.
- Censurar a lógica da Guerra Fria.
- Apoiar medidas de desarmamento.
- Discutir a participação das metrópoles.
Princípios do Não Alinhamento
O Movimento dos Não Alinhados rejeitou o modelo da Guerra Fria imposto e definido pela presença de duas superpotências, cujo objetivo era expandir sua esfera de influência. Além da rejeição à política militar dos blocos, os estados participantes foram inspirados pela forte condenação do colonialismo. O não-alinhamento foi definido por um conjunto de princípios:
- Preservar a independência nacional.
- Rejeitar a adesão a blocos militares.
- Lutar por um desarmamento completo e geral.
A longo prazo, a integridade dos países em um dos dois blocos e a variabilidade da aliança foram comprometidas por uma série de fatores:
- O aumento da pobreza hipotecou sua independência, forçando-os a aceitar ajuda financeira.
- A solidariedade entre os estados foi prejudicada por conflitos internos e confrontos internacionais.
- Havia pontos de vista diferentes sobre a análise dos problemas.
Subdesenvolvimento e o Terceiro Mundo
O Terceiro Mundo
O processo de descolonização culminou no acesso à independência política na Ásia e na África. Os novos países foram confrontados com problemas que têm dificultado seu desenvolvimento permanente. A diferença no nível de desenvolvimento econômico era enorme. Aos poucos, consolidou-se a separação entre um Norte rico e um Sul empobrecido. A partir desta análise, um sociólogo francês desenvolveu uma teoria sociológica que falava de um "Terceiro Mundo". A análise fazia uma comparação entre os países da Conferência de Bandung e o Terceiro Estado da Revolução Francesa.
O Desenvolvimento Desigual
A base dessa desigualdade era:
- A industrialização dos séculos XIX e XX, que, embora tenha unificado áreas internacionais e desenvolvido zonas economicamente prósperas, também gerou grande riqueza e profundas desigualdades sociais.
- O colonialismo europeu, que, longe de trazer realizações técnicas e sociais para os povos das várias colônias, tratou os povos da África e da Ásia como inferiores.
- Em muitos países, as empresas multinacionais continuaram a explorar os recursos.
- Em muitos estados, não se conseguiu evitar a interferência da metrópole nos assuntos internos, com governos que desenvolveram políticas corruptas e totalitárias.
- A luta interna levou a sangrentas guerras civis.
- A lógica da economia de mercado apenas acentuou essa situação.
Características das Sociedades do Terceiro Mundo
- Econômicas: São regiões onde a maioria da população está envolvida no setor primário, enquanto o setor secundário é praticamente inexistente.
- Sociais: São estados onde o acesso aos serviços básicos é muito precário.
- Populacionais: São sociedades com uma expectativa de vida muito baixa e altas taxas de natalidade, o que resulta em uma população muito jovem.
- Políticas: São geralmente governados por regimes autoritários ou democracias formais, mas com forte influência militar e fraudulenta, o que costuma causar muitos conflitos.
As Teorias de Interpretação do Subdesenvolvimento
Para explicar o fenômeno do subdesenvolvimento, surgiram teorias que buscam entender sua origem e comportamento:
- Uma postura otimista, que confia nos benefícios do capitalismo e da economia de mercado como um mecanismo para resolver os problemas do subdesenvolvimento.
- Um segundo grupo de teorias, agrupadas como teorias estruturais, que insistem em interpretar o subdesenvolvimento como um fenômeno global.