Desenvolvimento e Estabilização no México (1940-1970)
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Unidade Nacional de Estabilização do Desenvolvimento (1940 - 1970)
Julio Labastida Martín del Campo
1. A Herança Cardenista
A Revolução Mexicana destruiu o Estado oligárquico e foi o nascimento de um novo Estado ao qual aderiram as massas urbanas e agrícolas. A busca por um equilíbrio entre as forças sociais e os ex-setores dominantes não chegou até o governo do general Lázaro Cárdenas del Río. O governo de Calles enfrentou a situação criada pela coexistência do líder máximo da revolução, Plutarco Elías Calles. O confronto entre Cárdenas e Calles ocorreu nos gabinetes, no Congresso e entre representantes dos dois poderes.
As contradições dentro do grupo dominante vieram das tentativas de religar os canais de retransmissão da elite política e de limitar o processo de institucionalização através da subordinação de um poder institucional, o Presidente, a um poder de fato, o do líder.
Outra contradição foi a estagnação da política agrícola que minou a base de um setor social importante do grupo dominante. Também foi contra o equilíbrio político que havia sido alcançado com a desmobilização das classes camponesas, com a promessa de distribuição de terras.
A terceira contradição foi a quebra de canais entre o Estado e a classe trabalhadora organizada, que teve uma repressão política crescente e um clima de agitação social.
A quarta contradição foi a política de entendimento com os Estados Unidos e empresas estrangeiras. A regulamentação do artigo 27 da Constituição foi deixada para depois, o que deixou intacto o peso econômico e político das empresas estrangeiras que controlavam o enclave de petróleo.
Na última etapa do Maximato, deu-se o paradoxo em que o processo de institucionalização do novo Estado foi acompanhado por uma perda de suas bases sociais, o que levou a uma política de aliança com a oligarquia e os interesses do enclave. A soma dessas contradições, a médio prazo, poderia ser a causa da abertura de um novo período de instabilidade política ou a restauração de uma ditadura com um alto custo em termos de repressão e de conflitos sociais.
O PNR foi um campo de batalha entre as várias tendências políticas que se manifestavam dentro da coalizão revolucionária. Em primeiro lugar, a tendência da decisão do grupo conservador ligado a Calles; por outro, uma facção dos senhores da guerra e líderes políticos apoiados em bases sociais agrárias; e em terceiro lugar, uma nova tendência encabeçada por dirigentes sindicais que estavam ligados a intelectuais radicais. Esta última tendência levantou novas formas de organização da classe operária e das classes camponesas e uma nova agenda política para a renovação da Revolução Mexicana.
Cárdenas, o líder da base agrária, chega ao poder como um candidato de conciliação entre essas três tendências, mas em breve será definido como um líder identificado com o programa de reforma apoiado por amplos segmentos da população. Com o exílio não oficial de Calles, o processo de institucionalização do poder executivo chega ao fim. Com a expulsão, paradoxalmente, de fato cumpriu a promessa que o próprio Calles havia feito na fundação do PNR, no sentido de que o país havia deixado a era dos senhores da guerra para entrar na era das instituições.
A principal contribuição de Cárdenas será a fundação do Partido da Revolução Mexicana (PRM) em 30 de março de 1938. Ao contrário do que aconteceu durante o Maximato, com Cárdenas o processo de fortalecimento do Estado, através do reforço de suas instituições e da expansão de suas bases sociais, converge. As reformas legais em curso na época de Cárdenas dão ao Estado os instrumentos necessários para desempenhar um papel na regulação da propriedade e da economia. Ao estabelecer as regras do artigo 27, com os decretos de desapropriação e nacionalização da propriedade, Cárdenas dá ao Estado os instrumentos legais para efeito de demandas sociais, em especial a agrária, e o programa de controle de recursos naturais da nação.
Do ponto de vista da política econômica, deve ser salientado que a expropriação do petróleo e a nacionalização das ferrovias e o consequente fortalecimento do controle estatal sobre esses setores estratégicos permitiram que o Estado mexicano tivesse uma maior capacidade de negociação com o exterior e uma maior margem de manobra na definição de uma política econômica autônoma.