Desenvolvimento da Leitura e Escrita: Estádios e Fases

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Leitura: Definições e Perspetivas

Segundo os dicionários Porto Editora e Priberam da língua portuguesa:

  • “Conjunto de conhecimentos adquiridos pelo ato de ler”
  • “Maneira de interpretar um conjunto de informações”
  • Ler: “interpretar o que está escrito; compreender o sentido de”

Numa perspetiva psicolinguística:

  • “Reconhecimento e conversão dos sinais gráficos na sua pronúncia”
  • “Extrair representação fonológica a partir de material impresso” (Castro & Gomes, 2000, p. 119)
  • Descodificação de sinais gráficos e estabelecimento de uma correspondência entre estes sinais (letras/grafemas e sequências de letras/grafemas) e a pronúncia que lhes corresponde.

Estádios da Aprendizagem da Leitura

Diferem nos mecanismos específicos privilegiados para a identificação da palavra:

  1. Estádio logográfico (3 e 4 anos) – A identificação da palavra baseia-se nas características pictóricas/visuais dos símbolos e no reconhecimento do contexto, através de um processo de “adivinhação grosseira” (e.g., “ler” palavras associadas a marcas) – uso da estratégia logográfica.
  2. Estádio parcialmente alfabético (período pré-escolar e 1º ano de escolaridade) – A identificação da palavra baseia-se no (re)conhecimento de algumas letras e sons correspondentes, através de processos de “adivinhação sofisticada”.
  3. Estádio alfabético (leitor principiante) – Com o domínio do princípio alfabético, desenvolve-se a capacidade para identificar as palavras com base no estabelecimento de correspondências grafema-fonema – aplica a estratégia alfabética e o procedimento fonológico.
  4. Estádio ortográfico (leitor hábil) – Torna-se possível ler corretamente e identificar as palavras cuja correspondência grafema-fonema não é linear e direta, com base no conhecimento e compreensão das regras ortográficas – aplicação da estratégia ortográfica.

Escrita: Conceito e Desenvolvimento

A escrita tem como objetivo “a transmissão de uma mensagem”, permitindo “acesso a uma informação que ultrapassa os limites temporais e espaciais entre emissor e recetor”.

Numa perspetiva psicolinguística: escrever é transformar e codificar a fala em letras e palavras.

  • Um escritor hábil (diferente de bom escritor) é aquele que “com facilidade converte fonemas em grafemas” e que, para tal, “recupera rapidamente a forma ortográfica completa e precisa das palavras”, recordando a “sequência de letras que a compõem”.
  • Em primeira aproximação, escrita e leitura constituem o reverso uma da outra, como duas faces da mesma moeda. Se para ler temos de transformar letras em som, para escrever transformamos sons em letras.

Fases Pré-Alfabéticas da Escrita

  1. Expressão figurativa ou semasiográfica – Baseada no uso de símbolos (desenhos). A criança serve-se do traço para desenhar e pode completar os desenhos com uma marca/símbolo pessoal.
    • Representa graficamente as pessoas em função do seu tamanho (e.g., o pai é representado por um rabisco maior do que o usado para representar a criança).
    • Nesta fase, podem ser usadas sequências aleatórias de letras sem relação com a pronúncia da palavra e sem que a sequência da escrita seja respeitada (e.g., proto-assinatura; pseudo-letras).
    • A criança está a desenhar símbolos (letras) e não verdadeiramente a escrever – não segue a cadeia da fala nem a sequência da escrita.
  2. Escrita logográfica – A criança poderá ser capaz de reproduzir o seu nome ou outra palavra, mas faz uso de uma estratégia visual e não fonológica ou alfabética. Está ainda a desenhar letras e não a escrever.
    • Ex.: A criança é capaz de escrever Mariana, mas não é capaz de escrever “mar” ou “Ana”.

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