O Desenvolvimento Moral Segundo Piaget: Fases e Implicações
Classificado em Psicologia e Sociologia
Escrito em em português com um tamanho de 3,62 KB
Segundo Piaget, no aspecto moral, a criança passa por uma fase pré-moral, caracterizada pela anomia, coincidindo com o "egocentrismo" infantil e que vai até aproximadamente 4 ou 5 anos. Gradualmente, a criança entra na fase da moral heterônoma e caminha progressivamente para a fase autônoma. Piaget afirma que essas fases se sucedem sem constituir estágios propriamente ditos. É comum encontrar adultos em plena fase de anomia e muitos ainda na fase de heteronomia, enquanto poucos conseguem pensar e agir pela sua própria cabeça, seguindo sua consciência interior.
Fase da Anomia: Ausência de Regras
Conforme Piaget, na fase de anomia, natural na criança pequena e ainda no egocentrismo, não existem regras ou normas. O bebê, por exemplo, quando está com fome, chora e quer ser alimentado imediatamente. As necessidades básicas determinam as normas de conduta. No indivíduo adulto, a anomia caracteriza-se por aquele que não respeita leis, pessoas ou normas.
Fase da Heteronomia: Moralidade Externa
À medida que a criança cresce, ela percebe que o "mundo" tem suas regras. Ela descobre isso também nas brincadeiras com crianças maiores, que são úteis para ajudá-la a entrar na fase de heteronomia.
Na moralidade heterônoma, os deveres são vistos como externos, impostos coercitivamente, e não como obrigações elaboradas pela consciência. O Bem é percebido como o cumprimento da ordem; o certo é a observância da regra que não pode ser transgredida nem relativizada por interpretações flexíveis. De certa forma, a intolerância de instituições, como a Igreja, por qualquer interpretação diferente da sua referente ao Evangelho, manteve a humanidade na heteronomia moral. O bem e o certo estavam na Igreja, no Estado, e não na consciência interior do indivíduo.
Segundo Piaget, a responsabilidade pelos atos é avaliada de acordo com as consequências objetivas das ações, e não pelas intenções. O indivíduo obedece às normas por medo da punição. Na ausência da autoridade, ocorre a desordem e a indisciplina.
Fase da Autonomia: Consciência Moral
Na moralidade autônoma, o indivíduo adquire a consciência moral. Os deveres são cumpridos com consciência de sua necessidade e significação. Ele possui princípios éticos e morais. Na ausência da autoridade, o comportamento permanece o mesmo. É responsável, autodisciplinado e justo. A responsabilidade pelos atos é proporcional à intenção, e não apenas às consequências do ato.
O Processo Educativo e a Transição para a Autonomia
O processo educativo deve conduzir a criança a sair de seu egocentrismo, natural nos primeiros anos e caracterizado pela anomia, e entrar gradualmente na heteronomia, encaminhando-se naturalmente para sua própria autonomia moral e intelectual, que é o objetivo final da educação. Esse processo de descentração conduz do egocentrismo (natural na criança pequena), caracterizado pela anomia, à autonomia moral e intelectual.
As atividades de cooperação, em um ambiente de respeito mútuo, baseadas na afetividade, preservam do egoísmo e do orgulho, auxiliando a criança no longo processo de descentração, conduzindo-a gradativamente da heteronomia para a autonomia moral. Um ambiente de medo, autoritarismo e respeito unilateral tende a perpetuar a heteronomia. Do egocentrismo inicial, a criança, gradualmente, vai "saindo" de si mesma, ampliando sua visão de mundo e percebendo que faz parte de um todo maior.
Gradualmente, ela aprende a cooperar, a respeitar e a amar o próximo.