Desvendando as Falácias: Erros Comuns na Argumentação
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As falácias lógicas são erros de raciocínio que invalidam um argumento, tornando-o enganoso ou inconsistente. Identificá-las é crucial para o pensamento crítico e para a construção de debates mais sólidos. Abaixo, apresentamos algumas das falácias mais comuns, com exemplos claros para facilitar sua compreensão.
Ambiguidade ou Equívoco
Esta falácia ocorre quando uma palavra ou frase é usada com dois ou mais significados diferentes dentro do mesmo argumento, levando a uma conclusão inválida.
- “A disputa foi decidida entre a menina e o menino. Aquele que derrubar o outro vence. Derrubou o menino a menina. Portanto, a menina é a vencedora”.
- “As mangas são comestíveis. E nessa camisa há duas mangas. Assim, vou alimentar-me dessa camisa”.
Apelo à Autoridade Irrelevante (Ad Verecundiam)
Consiste em usar a opinião de uma autoridade que não é especialista no assunto em questão para validar um argumento.
- “Votarei neste candidato, pois o ator da novela está apoiando a sua campanha”.
- “O creme é muito bom, pois ele é usado pela Xuxa”.
Contra-argumentação: Mostre que a pessoa citada não é uma autoridade qualificada no assunto. Ou que, muitas vezes, é perigoso aceitar uma opinião simplesmente porque é defendida por uma autoridade, pois isso pode nos levar a erro.
Apelo ao Povo (Ad Populum)
Baseia-se na ideia de que uma proposição é verdadeira porque muitas pessoas acreditam nela. Inclui boatos, o "ouvi falar", o "dizem" e o "sabe-se que".
- “Dizem que um disco voador caiu em Minas Gerais, e os corpos dos alienígenas estão com as Forças Armadas”.
- “Havaianas é uma boa sandália, tendo em vista que todo mundo usa.”
Ataque à Pessoa ou Argumento Contra o Homem (Ad Hominem)
Ataca o caráter, a motivação ou a reputação de uma pessoa em vez de refutar o argumento que ela está apresentando. Chamar alguém de corrupto, nazista, comunista, ateu, pedófilo, etc., não prova que suas ideias estejam erradas.
- Não deem ouvidos ao que ele diz: ele é um beberrão, bate na mulher e tem amantes.
Apelo à Misericórdia ou à Piedade (Ad Misericordiam)
Tenta manipular a emoção de pena ou compaixão para obter a aceitação de uma conclusão, em vez de apresentar evidências lógicas.
- “Ele não pode ser condenado: é bom pai de família, contribuiu com a escola, com a igreja, etc.”
Apelo à Força (Ad Baculum)
Usa a ameaça, a intimidação ou a força para coagir alguém a aceitar uma conclusão, em vez de apresentar um argumento lógico.
- “Você deve se enquadrar nas novas normas do setor. Ou quer perder o emprego?”
- “É melhor exterminar os bandidos: você poderá ser a próxima vítima.”
Questão Complexa (Perguntas Capciosas)
Apresenta uma pergunta que pressupõe uma verdade não estabelecida ou que contém duas proposições, onde uma pode ser aceita e a outra não, forçando o interlocutor a admitir algo que não deseja.
- “Você já abandonou seus maus hábitos?"
- “Você já deixou de roubar no mercado onde trabalha?"
Falsa Analogia
Compara objetos ou situações que não são comparáveis entre si em aspectos relevantes, levando a uma conclusão inválida.
- “Os empregados são como pregos: temos que martelar a cabeça para que cumpram suas funções”.
- “Tomei mata-cura e fiquei bom. Tome você também."
Apelo à Novidade (Ad Novitatem)
Argumenta que algo é melhor ou mais correto simplesmente porque é novo ou moderno, sem apresentar evidências de sua superioridade.
- “Saiu a nova geladeira Pólo Sul. Com design moderno, arrojado, ela é perfeita para sua família, sintonizada com o futuro."
Falsa Causa (Post Hoc Ergo Propter Hoc)
Assume que, porque um evento segue outro, o primeiro deve ter sido a causa do segundo, sem considerar outras possibilidades.
- “Não vou mais lavar o carro, pois chove toda vez que eu faço isso.”
Exemplos de Falácias Formais Comuns
Estas falácias ocorrem devido a uma estrutura lógica inválida, independentemente do conteúdo das premissas.
- Afirmação do Consequente:
1. Se A, então B.
2. B.
3. Logo, A.Exemplo: Se choveu, então o pátio está molhado. O pátio está molhado. Portanto, choveu. (O pátio pode estar molhado por outras razões, como ter sido lavado).
- Negação do Antecedente:
1. Se A, então B.
2. Não-A.
3. Logo, não-B.Exemplo: Se choveu, então o pátio está molhado. Não choveu. Portanto, o pátio não está molhado. (O pátio pode estar molhado por outras razões, mesmo que não tenha chovido).