Didática: Conceito, Tipos e Âmbitos de Intervenção
Classificado em Desporto e Educação Física
Escrito em em português com um tamanho de 13,37 KB
Conceito de Didática
Origem e Definição
Este termo vem do grego: didáskein, didaskalían, que significa ensinar, instruir.
Definição: Ciência do ensino e da aprendizagem nas preocupações educacionais gerais. A didática ocupa-se da organização e orientação das situações de ensino-aprendizagem para instruir e promover a formação do indivíduo, dependendo da sua formação integral. É a ciência que estuda a educação e está envolvida no processo ensino-aprendizagem a fim de atingir o desenvolvimento intelectual do educando.
Didática: Ciência Teórico-Prática
A didática é a ciência entre a teoria e a prática. Como a educação é tanto uma atividade prática quanto uma ciência prática, devem-se combinar adequadamente o conhecimento didático com a teoria e a prática de ensino, que consiste em praticar o ato didático.
O Valor da Práxis
O valor da prática é muito amplo. Também se ensina pela experiência. Se a teoria não consegue explicar a realidade concreta, então esta é uma má prática de acordo com a teoria.
Segundo Grundy (1987, 115-116): Os elementos da práxis são a ação e a reflexão. A práxis ocorre no mundo real, não no hipotético. A prática é eficaz no mundo da interação social e cultural. O mundo da práxis é construído, não é o mundo natural. A prática envolve o processo da construção de sentidos, reconhecendo neste processo a construção social.
Natureza da Didática
A didática é uma ciência prática, de intervenção e tratamento da realidade. Tem uma dimensão Artística e Tecnológica.
A Didática situa-se entre as ciências da educação e as ciências humanas. São a visão da educação; como tal, não têm as mesmas características das ciências naturais e físicas. Pelo contrário, trata-se de corpos de conhecimento cuja cientificidade é turva e pouco finalizada, inacabada.
Tipos de Didática
Dentro da classificação das ciências da educação, a didática é classificada nos tipos de ensino aplicada. Existem diferentes tipos:
- Didática Geral: Aborda a parte fundamental e global. Trata dos princípios gerais e normas para guiar o processo e as metas educacionais. Estuda os elementos comuns ao ensino em qualquer situação, oferecendo uma visão geral. Fornece também modelos descritivos, explicações e interpretações aplicáveis ao ensino geral a qualquer pessoa e em qualquer estágio ou ambiente educativo. Analisa criticamente as principais correntes do pensamento educacional e as tendências predominantes na educação contemporânea.
- Didática Diferencial: Aplica-se mais especificamente a situações diferentes de idade ou características dos indivíduos. O ensino diferencial está incorporado na didática geral, pois visa responder aos problemas da diversidade dos alunos. Aborda as adaptações curriculares.
- Didática Específica (Ensino Especial): É a aplicação das normas gerais de educação à área específica de cada disciplina ou área de estudo.
- Didática Tecnológica.
Objeto da Didática
O Processo Ensino-Aprendizagem
O objeto material da didática é o estudo do processo ensino-aprendizagem. E seu objeto formal é a prescrição de metodologias e estratégias para o desenvolvimento do processo mencionado.
Perspetiva de Zabalza
Zabalza considera a vasta gama conceitual e operacional a ser abordada no ensino e refere um conjunto de situações problemáticas que exigem a posse de informações suficientes para a tomada de decisão correta. Ele cita os seguintes temas:
- Educação, como chave.
- Planeamento e análise do desenvolvimento curricular.
- Aprofundamento dos processos de aprendizagem.
- Conceção, acompanhamento e controlo de Inovações.
- A conceção e desenvolvimento de recursos no âmbito das novas tecnologias educativas.
- A formação e desenvolvimento do professorado.
- Programas especiais de ensino.
Se a didática é a ciência que visa estudar o processo do ensino-aprendizagem, como dissemos antes, este será o seu objeto de estudo, não só teórico mas também prático.
Perspetiva de Ferrández
Também se pode considerar que o objetivo é o estudo, preparação e prática do currículo. Ferrández distingue o objeto material do formal. Salienta a educação, com os seus elementos representados nas faces de um tetraedro: alunos, professores, método, matéria. Como objeto formal, explícita a "atividade mecânica, semântica ou sintaxe do ensino e aprendizagem, com matiz bidirecional, que emprega o mais adequado para cada ato de ensino".
Elementos do Processo Ensino-Aprendizagem
No processo ensino-aprendizagem terão de considerar-se estes aspetos: a relação entre professor e aluno, o método ou conjunto de estratégias, a matéria ou conteúdo de aprendizagem... e o ambiente sociocultural, na sua envolvente mais próxima. Ao qual devem ser adicionados os elementos culturais da comunidade em que está incardinada a escola.
O Ensino
Definição e Intencionalidade
Ensinar é mostrar algo a alguém para que se tenha aproveitado intelectualmente dele. O ensino é uma atividade humana intencional, implementada através do currículo como objeto do ato de ensinar. Consiste na implementação de estratégias desenvolvidas para atingir as metas planeadas. Esta atividade baseia-se na influência de umas pessoas sobre outras. Ensinar é transmitir conhecimento aos alunos, é conduzir o processo de aprendizagem.
Características do Ensino
Mencionam-se as qualidades necessárias para ensinar para que se torne uma instrução 'educativa':
- Valor daquilo que se ensina;
- A verdade do que é ensinado (valor e utilidade);
- Adaptação aos sujeitos que aprendem.
Características:
- Ensinar é equivalente à transmissão de conhecimentos ou instruir.
- A educação não é considerada completa se não atinge o seu objetivo de aprendizagem.
- É a atividade propositada concebida para provocar a aprendizagem do aluno; é a arte e a técnica de guiar a aprendizagem para atingir objetivos positivos. Assim, pode-se dizer que a educação é o processo de organização das experiências dos alunos.
- Como atividade intencional, destaca a intenção face ao sucesso obtido.
- Como atividade reguladora, guia a ação docente tanto do ponto de vista técnico (para alcançar metas e objetivos de aprendizagem) quanto do ponto de vista ético.
- Como atividade interativa de comunicação, que ocorre numa instituição. Na família, há uma socialização primária, não intencional, inconsciente, enquanto na escola ocorre uma socialização secundária, atividade deliberada, consciente e reflexiva.
- Como atividade reflexiva, opõe-se à rotina de repetição mecânica de atos.
A Aprendizagem
Definição de Aprendizagem
Aprender significa obter, tirar, apropriar-se de algo. Isto é, é próprio do conteúdo a ser ensinado no ato didático. É a atividade que corresponde ao aluno, a versão ou o outro lado da moeda do ensino, que resulta em sucesso no processo.
Aprender é o processo que cria ou modifica o comportamento ou conhecimentos adquiridos de forma mais ou menos permanente.
Para Rogers, o ensino é a arte e a técnica de orientar a aprendizagem.
A aprendizagem é muito mais importante que o ensino; os professores podem ensinar tudo, mas pode ser inútil se o aluno não aprende. O processo de ensino não é apenas ensinar, mas criar condições para que os estudantes aprendam.
A Instrução
Esta consiste na construção de estruturas mentais. Sinónimo poderia ser formação intelectual internalizada. A instrução é a aprendizagem que contribui com a construção de um pensamento eficiente. Também foi considerada como instrução educacional aquela que atinge o seu efeito positivo, isto é, a aprendizagem pretendida.
A Formação
É nomeado o processo de desenvolvimento que acompanha o ser humano a uma situação de plenitude pessoal. Sua introdução no léxico pedagógico é relativamente recente. A formação diz respeito à educação oferecida que por vezes não tem objetivos pré-determinados, centrando-se na livre comunicação com os professores e orientadores.
Esta abrange, pelo menos, a formação de caráter geral. Isso incluiria aprendizagens básicas de leitura, escrita e aritmética. Haveria uma educação humanista (línguas e literatura, ciências sociais, filosofia, arte...), e uma formação específica que inclui a preparação concreta (formação inicial/contínua de professores, formação em contexto de trabalho,...). É no sentido que melhor corresponde ao conceito de preparação para o trabalho, através de formação e exercícios práticos.
Componentes do Ato Didático
Mialaret (1984) define os principais problemas a serem resolvidos pela didática:
- O quê?
- Como?
- A quem?
Elementos a considerar:
- A aprendizagem dos alunos.
- Os professores e suas aulas (o currículo).
- Os materiais e a estrutura do contexto da aplicação do currículo.
Âmbitos de Intervenção Didática
A intervenção didática mais adequada ocorre no campo curricular, considerando a educação formal e não formal. A educação informal não seria passível de planeamento e, portanto, não ocupa um domínio curricular. Isto não implica que não tenha efeito, mas seus efeitos não são generalizados ou sistemáticos. A aprendizagem ao longo da vida deve conseguir a integração dos três tipos de ensino em convergência possível.
Educação Formal
Apresenta-se como a ação institucionalizada mais evidente, embora com a possibilidade de considerar a intervenção de um currículo oculto. Os conteúdos são determinados pelas autoridades académicas, explicitamente. Devem ser tratados como obrigatórios pelos alunos e assim são sistematicamente avaliadas. Estes conteúdos devem representar uma síntese, extraída para a realização dos objetivos educacionais, o que significa toda a informação necessária para a vida social. O conteúdo é ensinado de forma sistemática por especialistas que seguem as normas de ensino e um horário escolar determinado. As revisões periódicas são esperadas para progredir e passar de um ciclo para outro.
Educação Não-Formal
Um campo formal, mas não considerado totalmente institucionalizado, embora organizado de alguma forma. Suscetível a um plano de tratamento e treino rigoroso, dispondo de um processo que visa a obtenção de um certo nível de aprendizagem (atividades extracurriculares). Exemplos incluem projetos educativos em estabelecimentos de ensino de lazer, clubes, campos de férias, escolas de dança, línguas, etc. Outro exemplo são os meios de comunicação (imprensa, rádio, televisão). Nestes meios, pode haver a presença de um consultor educacional, com consultoria curricular e aconselhamento educacional. Nestes contextos são aprendidas habilidades, atitudes, etc. Claro, aprende-se um idioma. E pode-se planear didaticamente.
Os conteúdos típicos da educação não-formal representam atividades opcionais complementares, flexíveis e variadas, raramente obrigatórias. Eles são organizados pela escola ou por organizações ou movimentos, associações desportivas e culturais, etc. Eles ajudam a descobrir talentos e qualidades que a instrução formal pode ignorar.
Os principais aspetos da educação não-formal podem incluir:
- Os efeitos educativos produzidos são obtidos por agentes com a finalidade deliberada de obtê-los (podendo ser controlados e monitorados).
- Objetivos previamente formulados explicitamente que são realizados seguindo uma metodologia específica, usando meios específicos.
- Existência de reconhecimento institucional específico do papel social do espaço e do tempo de formação de professores.
- Atividade de desenvolvimento concreto realizada.
- Função educativa independente.
- Um certo grau de institucionalização.
Outros exemplos de atividades de educação não formal podem ser competições, semanas culturais, festas e celebrações nas escolas. E além disso, visitas de estudo, caminhadas, aulas de natureza, centros de lazer, playgrounds, ou as atividades do escotismo.
Educação Informal
Difusa e imprevista, fora do âmbito curricular. É um tipo de atividade educativa não organizada, individual, muitas vezes causada pela mera receção de influências ambientais, efeitos da comunicação difusa, etc. Não é passível de tratamento didático rigoroso e sistemático.
Assim, pode-se questionar se é tema da didática. Apenas este campo pode ser pensado em ligação a ações específicas, algumas das quais podem ter alguma consideração didática como parte da técnica para melhor transmissão ou comunicação.
A educação informal ou paralela é composta por um conjunto de informações heterogéneas, com variáveis muito desiguais. É um conjunto que ajuda a moldar a experiência humana. Em suma, são fenómenos muito diferentes, cuja assimilação depende da pessoa.