Dificuldades na Leitura e Escrita: Práticas Pedagógicas
Classificado em Psicologia e Sociologia
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Dificuldade de Aprendizagem na Leitura e Escrita: Práticas Pedagógicas
Nascimento Souza, Michelle[1]
Souza Santos, Kelen[2]
Resumo
O presente Trabalho de Conclusão de Curso objetivou problematizar o funcionamento das práticas pedagógicas com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita. O interesse por essa pesquisa emana das leituras e estudos realizados na Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional e das experiências vivenciadas na Graduação de Educação Especial – Licenciatura Plena, na disciplina de Estágio Supervisionado/Dificuldade de Aprendizagem no sexto semestre, em uma escola municipal de Santa Maria-RS, referente ao tema Dificuldade de Aprendizagem na Leitura e Escrita: Práticas Pedagógicas, tendo como pesquisas bibliográficas e aspectos teóricos do referido tema. Além das leituras realizadas, optou-se pelo eixo Intervenções Psicopedagógicas, usou-se como instrumento metodológico, fundamentação teórica baseada na perspectiva das Intervenções Pedagógicas e a importância do especialista em psicopedagogia no contexto escolar e, por fim, as considerações. Após pesquisas realizadas através de leituras, pôde-se constatar que algumas escolas não possuem profissionais capacitados para atender alunos com dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita.
Palavras-chave: Intervenções. Psicopedagogo. Dificuldade de Aprendizagem.
1 Introdução
No decorrer desses doze meses do Curso de Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional do Centro Universitário Internacional, diferentes experiências levaram-me a vários questionamentos. Um dos conhecimentos que mais me provocaram inquietações diz respeito a problemas de aprendizagem na leitura e escrita, motivo pelo qual culminou com outros conhecimentos construídos nas disciplinas relacionadas à dificuldade de aprendizagem, foi na disciplina Estágio Supervisionado/Dificuldade de Aprendizagem, na qual se percebia a escassez de profissionais capacitados para atender alunos que apresentam essas dificuldades, assim como o aluno que foi atendido, pois notei dificuldade na leitura e escrita, na concentração e atenção. Esses conhecimentos emergiram os maiores questionamentos sobre: “Qual a realidade das crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita?”. Essas inquietações seguiram durante as observações e as práticas pedagógicas desenvolvidas no período do estágio em uma sala de aula do terceiro ano onde estava matriculado o referido aluno.
Tais experiências despertaram em mim o desejo de realizar o Trabalho de Conclusão de Curso pesquisando sobre a temática: “Dificuldade de Aprendizagem na Leitura e Escrita: Práticas Pedagógicas”.
A partir deste tema, busca-se entender: “Como funcionam as práticas pedagógicas com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita”?
Para responder à problematização, traça-se como objetivo principal problematizar “O funcionamento das práticas pedagógicas com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita”.
Esta pesquisa deu-se pela necessidade de analisar a importância do psicopedagogo na escola.
2 Breve Contexto Histórico da Psicopedagogia
O termo Psicopedagogia curativa foi criado por Janine Mery para caracterizar a ação terapêutica dos fatores pedagógicos no tratamento de crianças com insucesso escolar.
O séc. XIX marcou o interesse de vários estudiosos em compreender e atender os portadores de deficiências sensoriais, debilidade mental e outros problemas relacionados à aprendizagem. Os pioneiros no tratamento das dificuldades de aprendizagem incluíram a necessidade de preparar pessoas para trabalharem em indústrias, para atuarem em sociedade, e o responsável maior para a atuação é a escola. A partir desse século, os professores já tinham papel nessa época, somente alguns cidadãos tinham direito à escola e, quando começaram a surgir os problemas dentro da escola, quem era preparado para resolver esse tipo de situação e interferir eram médicos e psicólogos. E começaram então a tratar dos problemas escolares.
Na bibliografia francesa, as atividades influenciaram as propostas sobre a Psicopedagogia na Argentina, que por sua vez dominaram a práxis no Brasil.
Em 1998, Édoard Claperède[3], famoso professor de psicologia, juntamente com o neurologista François Nevilli, estabeleceu nas escolas públicas as “classes especiais”, destinadas à educação de crianças com retardo mental. Esta foi a primeira iniciativa registrada de médicos e educadores no campo de reeducação. Em 1904 e 1908, iniciaram-se as primeiras consultas médico-psicopedagógicos, as quais tinham o objetivo de encaminhar as crianças para as classes especiais.
No final do referido século, existia um tipo de preocupação e de entendimento com relação à necessidade de estudar, quais as pessoas teriam direito a esses estudos. Foi formada uma equipe médica-pedagógica pelo educador Seguin e pelo médico psiquiatra Esquirol e, a partir daí, a neuropsiquiatria infantil passou a se ocupar dos problemas neurológicos.
Nessa mesma época, Maria Montessori[4], psiquiatra italiana, criou um método de aprendizagem destinado inicialmente às crianças retardadas.
A Psicopedagogia inscreve-se no âmbito pedagógico ante a necessidade de orientar o processo educativo, oferecendo um conhecimento mais profundo dos processos de desenvolvimento, maturidade e aprendizagem humana.
Em 1970, criaram-se em Buenos Aires Centros de Saúde Mental onde atuavam equipes de psicopedagogos que faziam diagnósticos e tratamentos.
Esses profissionais observaram que, após um ano de tratamento, tempo do retorno para controle, os problemas de aprendizagem estavam resolvidos, porém eram substituídos por graves problemas de personalidade: fobias, traços psicóticos, etc.
Em 1980, surge a ABPp[5], uma associação sem fins lucrativos localizada na cidade de São Paulo. A partir do trabalho de um grupo de psicopedagogos e, consequentemente, da necessidade de dar identidade à Psicopedagogia no Brasil.
Pode-se dizer que a psicopedagogia teve uma trajetória significativa, tendo inicialmente um caráter médico-pedagógico, das quais faziam parte da equipe do centro psicopedagógico, médicos, psicólogos, psicanalistas e pedagogos.
3 A Importância do Especialista em Psicopedagogia no Contexto Escolar
O especialista em psicopedagogia observa, analisa e investiga os diversos setores em todos os aspectos, como por exemplo: a dinâmica das perspectivas, rotinas, a estrutura organizacional, o mecanismo da organização do trabalho, as convivências e as indagações metodológicas de instrução.
Dessa forma, aprimora uma abordagem pensativa e avalista junto à equipe educativa e docente, com objetivo de auxiliar para a diminuição dos problemas de aprendizagem.
Nesse momento, na expectação de Santos (2010), encontram-se cuidados que um psicopedagogo deve ter em sua atuação em uma instituição de ensino, as quais seguem em conjunto:
A partir de uma macro visão da instituição, como um todo, proporcionada através do diagnóstico psicopedagógico institucional, poderá tomar decisões mais acertadas nos momentos de crise. A previsão de tais momentos e as estratégias para evitá-los, e ainda o adequado planejamento, culminarão para o alcance dos objetivos da instituição. Evidencia-se assim, ser esta umas atividades constantes. (p.1)
No que tange ao caráter assistencial, o referido especialista participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, levando aos professores, diretores e coordenadores reflexões que possibilitem reconsiderar a função da escola frente a sua prática e às expectativas e necessidades individuais de aprendizagem da criança. No meio de algumas ações, destacam-se: orientação direcionada aos pais, auxílio aos professores e demais profissionais nas indagações pedagógicas, colaboração com a direção para que ocorra um bom entrosamento em todos os integrantes da instituição e socorrer o aluno que esteja sofrendo, qualquer que seja o contratempo.
O experimento de intervenção juntamente ao regente da turma, em um procedimento de associação, permite uma aprendizagem essencial e principalmente enriquecedora. Entretanto, apenas a intervenção do psicopedagogo com o regente da turma não é o suficiente, ele também precisa participar na gestão escolar, expondo seus objetivos, suas ideias e ter a participação em reuniões com os pais, conselhos de classe, na escola como um todo, averiguando o comportamento do professor e aluno, sempre objetivando estratégias e base para as dificuldades que surgem, de acordo com Bossa:
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo de aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processo de orientação. Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e as necessidades individuais de aprendizagem da criança ou da própria ensinagem. (Bossa, 1994, p.23)
O psicopedagogo, posteriormente, que almeja seus propósitos, compõe-se que o espaço escolar serve para propiciar meios para melhor entendimento para esse indivíduo como merece e necessita. Dessa maneira, a psicopedagogia se modifica, podendo tornar uma ferramenta poderosa no auxílio da aprendizagem.
É interessante destacar que na escola convive-se com o ensinar e com o aprender, como afirma Barbosa:
“[…]. Na instituição escolar, convive-se com o ensinar e com o aprender de uma forma muito dinâmica, não sendo possível, na prática, haver uma intervenção que recaia somente sobre o aprender. Para se fazer Psicopedagogia na instituição escolar, tanto de natureza preventiva, quanto remediativa, é necessário considerar que os protagonistas da ação educativa, em interação, tornando concreta a unidade de ensinar/aprender.” (Barbosa 2001, p.23)
Esse recorte mostra como é significativo suceder trabalhos psicopedagógicos voltados não obstante aos alunos, como também aos professores, técnicos administradores e pais (adultos que participam da unidade de ensino-aprendizagem), isto é, voltado à escola. Dar importância à dificuldade do alunado é um exercício admirável para que a escola possa assumir seu papel na relação ensino/aprendizagem.
Sabe-se que o pensamento e o estudo não estão sendo adquiridos apenas na escola, também estão sendo edificados pela criança no contato dentro da família e no mundo que a cerca.
A família exerce uma missão primordial na formação do sujeito, portanto deixa e oportuniza a constituição de sua essencialidade. É nela que o indivíduo atinge suas origens e faz-se um ser com eficiência de elaboração de competências próprias, o lar é a principal escola formadora da criança. Dela depende, em ampla parte, a personalidade do adulto que a criança virá a ser, é na família que começa a construção de conhecimentos variados em que a sociedade é parceira para o auxílio da construção de seus conhecimentos, suas práticas, preceitos e valores.
No campo escolar, a criança necessita encontrar estrutura para o seu desenvolvimento elaborado. Porém, os deveres não acontecem como deveriam em relação ao contexto escolar. As escolas têm sido um local de aparecimento de trocas de informações diversas e não de desenvolvimento de competências integrais do aluno, aptidões essas que são primordiais na inclusão social. Entende-se o porquê da necessidade de compreender a função do psicopedagogo, que é o progresso de desenvolvimento do ser humano sobre um pronunciamento de dados de que apenas o conhecimento, como se fosse uma receita pronta, é que vale. O desenvolvimento e o uso ativo de um contexto afetivo em sala de aula estão sendo fundamentais ao educando. O instituto precisa ser um local de bem-estar e amplificação de vontades e desejos, sobretudo do bel-prazer de aprender, conquanto que na instituição escolar a criança recebe formação cultural, tornando-se parte do corpo social.
Desde o ingresso da criança no âmbito escolar, é essencial que a família possibilite a ida de seu filho para esse novo espaço, caso contrário, a criança terá dificuldades de adaptação. A participação dos pais na vida escolar dos filhos é primordial e, para aprender a participar, não significa estarem todos os dias na escola ou dentro de uma sala de aula sentados em uma carteira olhando para o quadro e escrevendo mecanicamente, e também estar ordenando a criança da realização das atividades propostas para fazer em casa. A escola veio para ocupar uma das mais notáveis funções da família, que é a inserção, a escola é o único lugar em que todos os alunos têm a possibilidade de interagir como iguais e em que necessitam se submeter continuamente a uma norma de convivência coletiva.
A manifestação do Psicopedagogo juntamente à família pode auxiliar no desenvolvimento da criança que mostra dificuldade de aprendizagem, obter um melhor conhecimento de dados sobre a sua vida orgânica, cognitiva, emocional e social, entender o que a família reflete com relação ao desenvolvimento da criança é de ampla valia para chegar a um diagnóstico.
Como diz Bossa sobre o diagnóstico:
O diagnóstico psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre revisável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia como vimos, numa atitude investigadora, até a intervenção. É preciso observar que esta atitude investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo de observação ou acompanhamento da evolução do sujeito. (Bossa, 1994, p.74)
Mudanças de endereços, a escassez de acesso de transporte e transferência de escolas, também podem ocorrer problemas de aprendizagem baseado no fato que o método de ensino de cada escola é distinto, por isso surgem tais problemas. Essas situações se tratam da lentidão de raciocínio, carência de atenção e desinteresse nas atividades propostas pela professora. Esses fatores necessitam ser desenvolvidos para se obter melhor produtividade intelectual. Cabe ao psicopedagogo refletir em alguma estratégia que desperte a atenção e o interesse do aluno, algo que seja prazeroso, pois somente dessa forma o aluno terá uma produtividade melhor em seu aprendizado.
A família possui uma função decisiva no desenvolvimento dos conflitos neurológicos, não têm avaliação da tamanha dificuldade que a criança mostra, por isso que na maior parte das vezes quando chega à escola, essa pede socorro de diversas formas, ou é subindo em mesas e cadeiras, batendo nos colegas, tais atitudes que a criança tem para chamar atenção, para ganhar um abraço, um carinho, um beijo. Pois o que ela não tem na família, ela busca na escola ou na sociedade.
Souza, em uma fala importante, diz que:
Fatores da vida psíquica podem atrapalhar o bom desenvolvimento dos processos cognitivos, e sua relação com aquisição de conhecimentos e com a família, na medida em que atitudes parentais influenciam sobremaneira a relação da criança com o conhecimento. (Souza, 1995, p.58)
Sabe-se que uma criança somente aprende se ela tem vontade de aprender. O psicopedagogo é um investigador permanente, um sujeito que, a cada movimento, ação e conduta enquanto profissional, procura alternativas para os dilemas, tensões, limites que lhe surgem, vislumbrando sempre novas possibilidades.
3.2 Intervenção Psicopedagógica
A intervenção psicopedagógica deve estar voltada às necessidades da criança.
O trabalho psicopedagógico se desenvolve a partir de atitudes investigativas, desde o motivo da entrevista até a intervenção, é preciso ter uma percepção atenta no sujeito e ser criativo.
Vygotsky afirma que o desenvolvimento e a aprendizagem estão ligados ao outro, sendo este último, possibilita o despertar dos processos internos de progresso, motivo pelo qual ocorre graças ao ambiente cultural. Para ele, o sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de relações inter e interpessoais e de troca com o meio, a partir de um processo denominado mediação.
De acordo com Vygotsky (2003, pp. 58 – 65):
A zona de desenvolvimento proximal é o caminho que vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento, e que virão a serem funções consolidadas, ou seja, a criança irá aprender sob a supervisão de outra criança ou adulto que já domina esse saber e a zona de desenvolvimento potencial é determinada por aquilo que a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com ajuda de alguém mais experiente, fazendo-a entrar na zona de desenvolvimento real em relação ao novo. Exemplo: aprender a escrever. A criança sabe “desenhar símbolos” que correspondem a palavras, imitando a escrita do adulto, mas sem relação com conteúdos ou informações (zona de desenvolvimento real). Trabalhar com ela a necessidade de se utilizar marcas diferentes em sua escrita, de modo a relacionar ao conteúdo memorizado (zona de desenvolvimento proximal) capacita-a a descobrir a natureza instrumental da escrita e, em seguida, assimilar os mecanismos simbólicos da escrita de sua cultura (zona de desenvolvimento proximal) que, ao serem consolidados, passam a fazer parte da zona de desenvolvimento real.
Através das intervenções psicopedagógicas por meio de atividades lúdicas, os educandos acabam sendo desafiados a produzir e oferecer soluções às situações-problemas impostas pelo psicopedagogo, além de desenvolver a interação social e a troca de experiências e vivências.
A proposta do lúdico é essencial, visto que constitui uma forma prazerosa em aprender e possibilita à criança desenvolver suas capacidades e habilidades de modo amplo. Durante o jogo, é possível observar diferentes situações relacionadas à atenção, concentração, raciocínio lógico e noção espacial, regras, tolerância, frustração, como o sujeito lida com o erro e o não saber, entre outros.
Para aprender, o aluno precisa estar apto a fazer um investimento pessoal no sentido de renovar-se com o conhecimento. Implica um movimento que envolve tanto a utilização dos recursos cognitivos mesclados com os processos internos, quanto com suas possibilidades sócio afetivas. Vale dizer que a aprendizagem vai acontecendo à medida que o educando vai construindo uma série de significados, pois são resultados das interações que ele fez e continua fazendo em seu contexto social.
Conforme Almeida (1998, p. 35):
Aproximando-se da perspectiva de aprendizagem, relata que os objetivos da aprendizagem lúdica, além de explicarem as relações múltiplas do ser humano em seu contexto histórico, social, cultural e psicológico, enfatizam a libertação das relações pessoais possíveis às técnicas para as relações reflexivas, criadoras, inteligentes, fazendo do ato de educar um compromisso consciente, intelectual, de esforço sem perder o caráter de prazer, de satisfação.
Dessa forma, o educando constrói a aprendizagem sem sair do seu “mundo”, do seu contexto, da sua realidade, pois toda criança precisa do brincar, e se esse aprender for associado a suas vivências e ao brincar, torna-se mais atraente e fácil à assimilação de diferentes conhecimentos. O lúdico também é um dos motivadores na percepção e na construção de esquemas de raciocínio. Segundo Goulart (2000, p.27):
O educador deve colocar-se na posição de facilitador da aprendizagem, colocando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto, ele deverá estabelecer com seus alunos uma relação de ajuda para atitudes de quem ajuda e de quem é ajudado, respeitando a dignidade do aluno, tratando-o com compreensão e ajuda construtiva, desenvolvendo na criança a capacidade de procurar dentro de si mesma a resposta para seus problemas, tomando-a responsável e, consequentemente, agente de seu próprio processo de aprendizagem.
Diante da teoria do autor, o psicopedagogo precisa estar com o olhar direcionado na construção do conhecimento das crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem, fazendo da sua prática pedagógica uma busca constante de novos saberes. Conforme Freire (1996, p. 134):
A coisa fundamental na vida é trabalhar para criar uma existência que transborde da vida, uma vida que seja muito bem pensada, uma vida criada e recriada, uma vida que seja feita e refeita nessa existência. Quanto mais faço alguma coisa, mais êxito. E, eu existo com muita intensidade.
Dessa forma, acredita-se que a intervenção psicopedagógica não vem somente de melhores teorias, materiais mais adequados ou de informações mais acessíveis aos educadores, e sim da sua situação no tempo, de acompanhar a evolução e exigências da sua época em que estamos vivendo.
O desenvolvimento do sujeito se faz a partir da interação com grandes variedades de fatores ambientais. O foco da teoria é uma relação complementar entre os fatores orgânicos e socioculturais.
Para reflexão dos leitores, o autor mencionado acima nos faz raciocinar em uma de suas escritas:
Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais, políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que obstáculos não se eternizam. (Freire, (1996) apud Leal e Nogueira (2012, p. 47)).
No referido pensamento do autor, faz-se entender que o psicopedagogo precisa estar atento aos alunos, quando esses, através de obstáculos que surgem perante as crianças, a partir daí que o especialista em psicopedagogia atua, mostrando a esses indivíduos que eles podem destruir barreiras, desviar de obstáculos através de intervenções, demonstrando interesse com incentivo do psicopedagogo, dessa forma quando se tem essa compreensão, torna-se um rendimento escolar dos alunos que apresentem dificuldade de aprendizagem.
3.3 Metodologia
Utilizou-se como ferramenta teórico-metodológica a concepção da dificuldade de aprendizagem da leitura e escrita: Práticas Pedagógicas.
A realização desta pesquisa traz como problema: “como funcionam as práticas pedagógicas com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita”? E objetiva: problematizar “o funcionamento das práticas pedagógicas com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita”.
Obteve a definição da temática, do problema e do objetivo da pesquisa a partir das leituras realizadas e de alguns questionamentos que afloraram durante o curso, conforme já descrito. Definição da metodologia - pesquisa de cunho bibliográfico, com intuito de buscar teorias relacionadas ao referido tema.
4 Considerações Finais
Após realizar esta pesquisa que abordou a Dificuldade de Aprendizagem na Leitura e Escrita: Práticas Pedagógicas, pode-se compreender a realidade de crianças que apresentam essas dificuldades, qual seja o uso da Intervenção Psicopedagógica, pois alunos na maior parte das escolas municipais não estão contemplados com essas intervenções e os recursos necessários ao atendimento dessas crianças.
Mas por que pesquisar essa temática? Para responder meus questionamentos relacionados à dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita, bem como para obter a percepção de que a criança que apresenta a referida dificuldade necessita de novos recursos através de intervenções e práticas pedagógicas de profissionais capacitados.
Considera-se, através deste trabalho, o processo da leitura e escrita para alunos que apresentam essa dificuldade pelo motivo de trazer certa preocupação, uma vez que pedagogos percebem a necessidade de maior conhecimento sobre Intervenções Psicopedagógicas e Práticas Pedagógicas, adaptação dos métodos de ensino aos alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita. Diante de estudos e leituras realizados, verificou-se que a maior parte das escolas recusa a ser adequada ao processo de aquisição da leitura e escrita, vista à escassez de profissionais capacitados para realização de intervenções pedagógicas e práticas pedagógicas para essas crianças. Cabe salientar que a dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita apresentadas em alguns alunos torna-se cada vez mais urgente, não como um mero instrumento para ensinar matérias, mas como parte de algum método novo de ensino e que os professores não ignorem as dificuldades apresentadas em algumas crianças. Esta pesquisa teve por finalidade analisar o contexto histórico da Psicopedagogia e o funcionamento das práticas pedagógicas com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita, com a qual podemos concluir que há a necessidade urgente de proporcionar aos professores e alunos os conhecimentos necessários para a prática de Intervenções Psicopedagógicas e Práticas Pedagógicas para crianças que apresentam Dificuldade de Aprendizagem na Leitura e Escrita.
Todas as ações e produções do psicopedagogo, por serem humanas, estão sempre em desenvolvimento de permanente abertura, colocadas num prisma próprio para novas interpretações e busca de significados e sentidos, situados num movimento incessante de desconstrução e de reconstrução.
O indivíduo deve ser considerado como um ser interativo ativo no seu processo de construção do conhecimento. O Psicopedagogo, por sua vez, deverá assumir um papel fundamental nesse processo, como um sujeito mais experiente. Por essa razão, cabe ao profissional de Psicopedagogia considerar o que a criança já sabe, sua bagagem cultural, é muito importante para a construção do conhecimento. O Psicopedagogo é o mediador da aprendizagem, facilitando-lhe o domínio e a apropriação dos diferentes instrumentos culturais.
O processo ensino-aprendizagem só pode ser analisado como uma unidade e são faces de uma mesma moeda. A relação professor/aluno é um fator determinante para o conhecimento da criança, para tornar esse processo mais produtivo e prazeroso, nesse caso o professor deverá orientar, propiciar, planejar e testar atividades adequadas aos alunos inseridos em sala de aula e que promovam entrosamentos mais produtivos entre os trabalhos aplicados.
Diante das teorias citadas, sugere-se uma reunião com pais a fim de oferecer psicólogas e intervenções com psicopedagogos às crianças, como um apoio psicológico e psicopedagógico necessário neste primeiro momento, atividades lúdicas a que venha desenvolver interação, autoestima, e principalmente a concentração dos alunos, com isso um melhor desenvolvimento no desempenho das intervenções psicopedagógicas.
Em suma, para beneficiar o aprendizado dos alunos com dificuldade, é significativo classificar, apresentar o contexto, modificar. O conhecimento é, geralmente, um desenvolvimento extraordinário. Cada aprendiz tem sua própria maneira de compreender, mesmo que possa ser digno pelo estudo. O ensino-aprendizagem, por sua vez, deve ser um método dialógico. É através da conversa que o regente da turma deve conhecer seus alunos, perceber como ele reflete e, apenas dessa forma, pode-se raciocinar a respeito das alterações necessárias no processo para favorecer seu processo. É necessário auxiliar o educando a determinar vínculo por meio do conhecimento recente e o que já sabe. É considerável, também, reconhecer o que ele sabe executar satisfatoriamente, para que desenvolva o envolvimento de auto reconhecimento e sinta-se estimulado a encarar os obstáculos.
Realizar este trabalho trouxe aprendizado, pois através de estudos, leituras e orientações, adquiriu-se conhecimento a respeito das dificuldades que alguns alunos enfrentam na maior parte das escolas.
Para a finalização desse trabalho, uma reflexão de Freire (1996, p. 21) faz o leitor raciocinar a respeito da educação: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”.
O professor necessita assumir a função de mediador do conhecimento, dispondo de oportunidades no qual o aluno seja ouvido, e que possua voz e vez. Com esse motivo, haverá uma troca de informações e uma progressividade na aprendizagem.
Enfim, a pesquisa realizada respondeu aos questionamentos sobre a temática Dificuldade da Leitura e Escrita: Práticas Pedagógicas.
Referências
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- BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
- CAGLIARI, L. C. O príncipe que virou sapo. Considerações a respeito da dificuldade de aprendizagem das crianças na alfabetização. In Cadernos de Pesquisa, nº 55. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, nov. 1987, PP 50 – 62.
- FERRERO. E. Alfabetização Em Processo. 15ª Edição --São Paulo: Cortez, 2004.
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- SANTOS, M. B. dos. Quem é o psicopedagogo institucional numa instituição de nível superior? Disponível em: C:\Users\Michelle\Desktop\Psicopedagogia\Quem é o psicopedagogo institucional numa instituição de nível superior.html. Acesso em: 22 Nov. 2017.
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- VISCA, J. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre, Artes Médicas, 1987.
[1] Michelle Aparecida Nascimento Souza, formação em Educação Especial Licenciatura Plena – Universidade Federal de Santa Maria e atualmente Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional.
[2] Kelen Conrado de Souza Santos, Psicopedagoga Clínica e Institucional (IBPEX); Especialista em EAD (IBPEX); Pós-graduada em Educação Infantil e Alfabetização (Universidade Tuiuti do Paraná - UTP); Pedagoga (Universidade Tuiuti do Paraná - UTP); Orientadora de TCC do Centro Universitário Internacional UNINTER.
[3] Neurologista e psicólogo do desenvolvimento infantil, que se destacou pelos seus estudos nas áreas da psicologia infantil, da pedagogia e da formação da memória.
[4] Pedagoga, pesquisadora e médica italiana, a criadora do “Método Montessori” que revolucionou o ensino na educação infantil.
[5] Associação Brasileira de Psicopedagogia