Digestão e Absorção de Lipídios: Guia Completo

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Digestão dos Lipídios

1. Lipase Lingual

Produzida pelas glândulas serosas da língua (não ativada no estômago). Função: hidrolisa ácidos graxos de cadeia curta em diglicerídios (DG) e ácidos graxos livres. Ação mecânica (peristalse) do estômago atua em gorduras como glóbulos menores.

2. Lipase Gástrica

Produzida pela mucosa gástrica. Função: hidrolisa até 30% das gorduras e atua sinergicamente com a lipase pancreática.

3. Bile

Fluido produzido pelo fígado e armazenado na vesícula biliar, contendo ácidos biliares e fosfolipídios (detergentes biológicos). Liberada pela CCK (contração da vesícula biliar e pâncreas). Função: emulsificação de gorduras, aumentando a superfície de contato para as enzimas.

4. Lipase Pancreática

Principal enzima na digestão de lipídios, produzida pelo pâncreas e secretada no duodeno. Função: hidrolisa triglicerídeos (TG) em ácidos graxos livres e 2-monoacilglicerol (formas absorvidas pelos enterócitos).

Velocidade de esvaziamento e ação das enzimas gástricas, pancreáticas e biliares são controladas.

Esteatorreia: presença excessiva de gordura nas fezes.

Considerações:

  • Colesterol Livre: absorvido sem ação enzimática.
  • Colesterol Esterificado: sofre ação da colesterol hidrolase, liberando colesterol livre para absorção.
  • Fosfolipídios (dieta e bile): hidrolisados pela fosfolipase A2.

Formação de Micelas: produtos da ação enzimática são insolúveis, dependendo da formação de micelas para absorção. Micelas atuam como veículos para transportar lipídios até a superfície dos enterócitos, facilitando a absorção. Também transportam vitaminas lipossolúveis.

A absorção ocorre por difusão passiva (solubilização na membrana lipídica dos enterócitos).

Absorção e Transporte

Nos enterócitos, monoglicerídeos e ácidos graxos são esterificados em triglicerídeos. São então envolvidos por uma camada de proteína (apolipoproteína), fosfolipídios e colesterol, formando os quilomícrons (QM).

Os QMs vão para a circulação periférica e interagem com a lipoproteína lipase (LPL), que hidrolisa os TGs dos QMs, liberando ácidos graxos livres. O restante da partícula (quilomícron remanescente) é captado pelo fígado, que produz aminoácidos, ácidos graxos e colesterol.

Drenagem Linfática dos Quilomícrons Intestinais no Pós-Prandial

No conteúdo abdominal, os quilomícrons sintetizados pelos enterócitos preenchem os ductos linfáticos, que aparecem como linhas esbranquiçadas finas. Quando grandes quantidades de quilomícrons são absorvidas, a drenagem linfática do intestino delgado torna-se leitosa. Esta linfa passa pelos linfonodos mesentéricos e, em seguida, para ductos maiores.

Destino dos Ácidos Graxos Circulantes

  • Adipócitos: ressintetizam os ácidos graxos em TGs e os armazenam.
  • Músculo: em repouso, utiliza ácidos graxos insaturados, que podem ser armazenados como TGs. A captação de ácidos graxos aumenta quando os níveis plasmáticos estão altos, diminuindo a captação de glicose.
  • Fígado: utiliza ácidos graxos circulantes para produzir CO2, H2O, triglicerídeos, fosfolipídios e corpos cetônicos (acetoacetato e hidroxibutirato). Quanto maior a quantidade de ácidos graxos, maior a captação. Ácidos graxos não oxidados no fígado são convertidos em TGs, podendo levar à esteatose hepática se a síntese de TGs exceder a capacidade. Os ácidos graxos podem sair do fígado para o coração e músculos como fonte de energia.
  • Cérebro: utiliza preferencialmente glicose como fonte de energia. Em jejum prolongado, utiliza corpos cetônicos.

Destino do Glicerol

Fígado: metabolizado em glicerol-fosfato (para triglicerídeos e fosfolipídios) e diidroxiacetona fosfato (para gliconeogênese).

Lipídios no Transporte Sanguíneo

Devido à sua natureza hidrofóbica, os lipídios são transportados no plasma por lipoproteínas. Estas são formadas por uma camada hidrofílica de fosfolipídios, colesterol livre e proteínas, envolvendo um núcleo hidrofóbico de TGs e colesterol esterificado. As proteínas das lipoproteínas são chamadas apolipoproteínas (apo), que exercem várias funções no metabolismo das lipoproteínas, como montagem de partículas, ligação a receptores de membrana e atuação como co-fatores enzimáticos.

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