Dimensões Ontológicas, Mediação e Dialética no Serviço Social

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Dimensões Ontológicas e Reflexivas das Categorias da Dialética

Ontológica:
É a dimensão da categoria em si mesma, independente de a consciência conseguir capturar ou não; ela está presente. Exemplo: a categoria trabalho, que é imanente ao ser humano, independente de sua compreensão.
Reflexiva:
Necessária a partir do questionamento, da negação, onde se descobrem novos elementos da categoria. É uma descoberta que não se esgota, não está acabada, pois o saber humano é apenas aproximativo. As reflexões são infindáveis.

Por que Pontes afirma que a particularidade é um inteiro campo de mediações?

Porque para se chegar ao particular, as mediações necessárias são feitas a partir do universal, que abarca o todo (um emaranhado de informações, senso comum, ideias diversas). Ao serem levadas para o singular, e realizando as abstrações necessárias, reconhecendo e percebendo a real essência dos fatos, chegamos ao particular. É a síntese desse movimento de negação/afirmação do fenômeno.

Importância para o Serviço Social: Proporciona ao profissional enxergar por detrás das relações sociais, entendendo as manifestações da Questão Social (Q.S.) não como problemas do indivíduo, mas como a classe trabalhadora sofre com a exploração do trabalho pelo capital.

Por que podemos afirmar que o Serviço Social é uma profissão privilegiada para trabalhar com e nas mediações?

Porque tem se direcionado por uma teoria social crítica e se apropriado de um discurso com mediações na busca incessante de estratégias que visem melhor atender à demanda dos sujeitos de direitos, que vá além da meritocracia, dos preconceitos e dos obstáculos institucionais. O Serviço Social é privilegiado *nas* mediações por ser uma profissão onde o estudo, a pesquisa e a busca de conhecimento que rasguem o véu das relações sociais burguesas é uma constante muito necessária.

O que diferencia um profissional que tem consciência das mediações do que não tem?

O fazer, a prática e o discurso. Ter consciência das mediações "salva" o Assistente Social (AS) do fatalismo, da não possibilidade e do imediatismo. O conhecimento dos entraves institucionais em questão é a categoria profissional que manterá o K (Capital/Conhecimento?), até porque há condição de assalariamento, como é impossível, mas o seu reconhecimento enquanto classe trabalhadora é a real aparência, ou melhor, essência das relações sociais. Estes são atributos de um profissional que absorveu a necessidade do uso constante da categoria *mediação* na atuação profissional.

Método Dialético (Tese, Antítese e Síntese)

A tese é uma afirmação ou situação inicialmente dada. A antítese é uma oposição à tese. Do conflito entre tese e antítese surge a síntese, que é uma situação nova que carrega dentro de si elementos resultantes desse embate.

Diferenças Conceituais: Marx e Hegel

Marx
  • O pensamento humano não cria o real, apenas o reproduz na consciência a partir de categorias lógicas, que são antes concretas.
  • Embora haja uma unidade, há uma primazia ontológica do objeto em face do sujeito.
  • A compreensão do real pela razão é sempre tendencial e aproximativa, pois o real possui uma dinamicidade intrínseca e permanente.
  • O real permanece em movimento histórico, independentemente da aproximação deste pela consciência humana.
Hegel
  • A razão é a própria história, uma unidade tendencial entre real e racional.
  • Se real e racional não são idênticos, o primeiro deve ser modificado até se ajustar ao segundo.
  • Não existe identidade entre razão e real, pois o movimento de ambos constitui uma unidade complexa e contraditória.
Síntese Marx vs. Hegel

Em Hegel, as categorias não são ontológicas, havendo a ideia de Estado absoluto, em que o estado aparece como realizado, pleno, um estado lógico, porém não ontológico. Marx afirma que a dialética de Hegel está invertida, e ele faz a inversão, partindo da realidade.

Afirmações Chave sobre Mediação e Ontologia
  • A teoria-método crítico-dialético somente é capaz de afirmar sua validade em sua autoaplicação.
  • A mediação é uma categoria que, associada à totalidade, imprime dinamismo e articulação no interior dos complexos e entre eles.
  • Na relação teoria e prática, a mediação é um impulso do real à razão, é uma volta da razão ao real com categorias reflexivas. É indispensável para uma ação consciente e competente e auxilia a compreensão e a ação. *Nota:* O texto original afirma que "Não imprime dinamismo e articulação no interior dos complexos."
  • A particularidade do Serviço Social, numa dada totalidade relativa, se encontra na consciência.
  • No estudo de Pontes, essência, fenômeno e aparência são um todo em movimento, não são a mesma coisa, não existem separadamente e articulam-se de forma mediata.
  • As dimensões ontológica e reflexiva das categorias da dialética constituem uma unidade complexa e contraditória.
  • Seu poder explicativo está, necessariamente, enraizado no momento histórico e na rede de mediações que o gestaram.
  • Existe uma primazia ontológica, ou seja, as categorias precisam existir na realidade para que possam se tornar reflexivas.
  • A compreensão reflexiva de uma categoria contribui para a apropriação consciente de seu movimento imanente, ou seja, ontológico.
  • No exercício profissional do assistente social, a reconstituição lógico-ontológica do objeto de intervenção pelo sujeito cognoscente-interveniente, em uma totalidade relativa e historicamente situada, inicia na demanda institucional, onde a forma imediata e aparente significa o ponto de partida.
  • A base filosófica do materialismo histórico e dialético de Marx é que a compreensão do real pela razão é sempre tendencial e aproximativa, pois o real possui uma dinamicidade intrínseca e permanente.
Referências e Páginas de Estudo
  • Dimensões Ontológica-Reflexiva das Categorias da Dialética: pg 175
  • "Inteiro campo de mediações": pg 175
  • Consciência das mediações / Sem consciência: pg 175
  • Inversão materialista por Marx: pg 40-43, 64-65
  • Importância da mediação: 170, 171
  • Leis sociais / naturais: pg 75, 76
  • Discussão teórico-metodológica da categoria mediação: pg 155
  • Assistente Social (AS) não é mediação nem mediador: pg 177, segundo parágrafo.
  • Dialética de Hegel (pág 42) e Dialética de Marx (pág 46 e 47).

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