Diretrizes de Terapia Nutricional em Doenças Cardíacas
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Hipercolesterolemia
- Ácidos Graxos Saturados:
- Elevado consumo → eleva colesterol plasmático;
- Recomendação: no máximo 7% do VCT (Valor Calórico Total).
Hipertrigliceridemia
- Recomendação: redução de gordura da dieta (no máximo 10% do VCT);
- Eliminar gorduras trans;
- Controlar o consumo de saturados;
- Priorizar poli-insaturados e monoinsaturados;
- Reduzir açúcares;
- Incluir carnes magras, frutas, grãos e hortaliças na dieta.
Terapia Nutricional no Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
Objetivos:
- Diminuir a sobrecarga cardíaca;
- Promover recuperação ou manutenção do estado nutricional;
- Garantir ingestão adequada de nutrientes.
- Fracionar a dieta em 4 a 6 refeições e diminuir o volume → evitar sobrecarga do trabalho cardíaco no processo de digestão.
- Adaptar a consistência de acordo com a necessidade do paciente.
- Ofertar de 20 a 30g de fibras solúveis e insolúveis ao dia.
- Oferta hídrica de 30mL/kg/peso. Em alguns casos, deve-se restringir a ingestão hídrica.
Recomendações de Macronutrientes:
- Carboidratos: 50 a 55% da ingestão energética total. Priorizar carboidratos integrais e de baixa carga glicêmica.
- Lipídios: 25 a 35% da ingestão energética total. Optar por ácidos graxos poli-insaturados e monoinsaturados. Limitar o consumo de alimentos ricos em colesterol (máximo 300mg/dia). Gorduras saturadas e trans devem corresponder a até 7% e 3% das calorias totais, respectivamente.
- Proteínas: 15 a 20% da ingestão energética. Priorizar as de alto valor biológico.
- Sódio: 5g de cloreto de sódio/dia (equivalente a 2g de sódio).
Terapia Nutricional na Insuficiência Cardíaca (IC)
Objetivos:
- Fornecer calorias e nutrientes necessários;
- Minimizar a perda de peso;
- Recuperar o estado nutricional;
- Evitar sobrecarga cardíaca.
Recomendação Calórica:
- 28 kcal/kg de peso para pacientes com estado nutricional adequado.
- 32 kcal/kg de peso para pacientes com estado nutricional depletado.
Nota: Considerar peso sem edema.
Terapia Nutricional Pré-Transplante Cardíaco
Objetivos:
- Nutrição adequada com o mínimo de trabalho cardíaco.
- Avaliar o estado nutricional do paciente.
- A caquexia cardíaca é frequentemente encontrada em pacientes com IC avançada (IMC < 21kg/m² em homens e < 19kg/m² em mulheres).
- Atuar na reversão da caquexia cardíaca.
- Utilizar TNE (Terapia Nutricional Enteral) e TNP (Terapia Nutricional Parenteral) caso não seja possível a utilização da VO (Via Oral).
Recomendações Nutricionais Específicas:
- Energia:
- 20-25 kcal/kg de peso/dia → pacientes críticos.
- 25-30 kcal/kg de peso/dia → pacientes estáveis e de ambulatório.
- 30 kcal/kg de peso/dia para pacientes com caquexia; evitar a síndrome da superalimentação.
- Proteínas:
- 1-1,5 g/kg de peso/dia para pacientes críticos.
- 1,5-2 g/kg de peso/dia para pacientes com caquexia.
- Atenção aos pacientes com insuficiência renal.
- Sódio:
- 2-4 g/dia de ingestão de sal em “dieta restrita”.
- 3-4 g/dia de ingestão de sal em “dieta moderada”.
- Restrição Hídrica: De forma individualizada.
- Potássio: Preconiza-se a ingestão de 3500 mg/dia; em casos de baixa ingestão, deve-se suplementar por via medicamentosa.
Características Gerais da Dieta Pré-Transplante:
- Avaliar consistência da dieta.
- Oferecer dieta fracionada e de fácil mastigação e digestão.
Terapia Nutricional Pós-Transplante Cardíaco
Nesta fase, deve-se fornecer alimentação balanceada para a recuperação e/ou manutenção do estado nutricional. Controlar fatores de risco como Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus (DM), obesidade e dislipidemia.
No Primeiro Mês (Fase Aguda):
As necessidades nutricionais estão aumentadas nos primeiros dias após a cirurgia.
- Dieta Hiperproteica: 1,5 a 2 g/kg de peso/dia.
- Calorias: 30 a 35 kcal/kg de peso/dia.
- Sódio: Restringir (1 a 2 g/dia) para diminuir a retenção hídrica.
- Priorizar as gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas.
- Evitar carboidratos simples.
- Fibras: Oferta de 30 g/dia.
Após o Primeiro Mês (Fase Crônica):
- Proteína: 1 g/kg de peso/dia.
- Sódio: A ingestão deverá ser individualizada (considerar retenção e HAS) e não ultrapassar 6 g/dia.
- Evitar o consumo de monossacarídeos e dissacarídeos. Priorizar carboidratos complexos.
- Fibras: 30 g/dia, sendo 6 g de solúveis para auxiliar no controle do colesterol e da glicemia.
- Vitaminas e Minerais: Suplementar de acordo com a necessidade.
- Na presença de anemia → suplementar ferro.
- No acompanhamento tardio, monitorar e prevenir: hiperlipidemia, obesidade, HAS e osteoporose.