Dislipidemia: Tipos, Causas e Tratamento

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Dislipidemia: Alterações nos Lipídios Séricos

Lipoproteína: Lipídio + Proteína = Apolipoproteína (APO).

Permite a solubilização e transporte dos lipídios (substâncias geralmente hidrofóbicas) no meio aquoso plasmático.

Apolipoproteínas (APOs): Possuem diversas funções no metabolismo das lipoproteínas, incluindo a formação intracelular das partículas lipoproteicas (TG, fosfolipídeo, colesterol, proteína).

Classes das Lipoproteínas Plasmáticas

  • Quilomícron (QM): Contêm 90% de triglicerídeos (TG) absorvidos da dieta; origem intestinal.
  • VLDL (Very Low-Density Lipoprotein): Lipoproteína de muito baixa densidade, rica em TG de origem endógena.
  • LDL (Low-Density Lipoprotein): Lipoproteína de baixa densidade; carregam 2/3 do colesterol total do sangue.
  • HDL (High-Density Lipoprotein): Lipoproteína de alta densidade (50% de proteína, 20% de colesterol, traços de TG).

Classificação das Dislipidemias

Classificação Primária (sem causa aparente)

Pode ser classificada genotipicamente ou fenotipicamente através de análises bioquímicas:

  • Genotípica:
    • Monogênicas: Causadas por mutações em um só gene.
    • Poligênicas: Causadas por associações de múltiplas mutações que, isoladamente, não teriam grande repercussão.
  • Fenotípica: Considera os valores de Colesterol Total (CT), LDL-C, Triglicerídeos (TG) e HDL-C.
    • Hipercolesterolemia Isolada: Aumento do CT e/ou LDL-C > 160 mg/dL.
    • Hipertrigliceridemia Isolada: Aumento dos TG > 150 mg/dL.
    • Hiperlipidemia Mista: LDL-C > 160 mg/dL e TG > 150 mg/dL.
    • HDL-C Baixo Isolado: Diminuição do HDL-C, podendo estar associada ao aumento de TG ou LDL-C.

Classificação Etiológica

  • Primária: Origem genética.
  • Secundária: Causada por condições como diabetes mellitus, síndrome nefrótica, Insuficiência Renal Crônica (IRC), obesidade, alcoolismo.

Dislipidemia em Grupos Especiais

  • Casos Graves: Respostas limitadas a hipolipemiantes em doses habituais. Requerem monitorização laboratorial intensiva e seguimento clínico frequente devido à maior incidência de eventos adversos.
  • Diabetes Mellitus (DM): Aumenta o número de partículas de LDL pequenas e densas. O tratamento com estatinas em DM tipo II é crucial na prevenção da doença aterosclerótica.
  • Doença Renal Crônica (DRC): Aproximadamente 90% dos pacientes com DRC têm hipercolesterolemia e 60% têm hipertrigliceridemia. A prevalência varia com a gravidade da DRC e o tratamento (diálise, transplante renal). Níveis de HDL-C tendem a normalizar após o transplante.
  • Hipotireoidismo: Reduz a velocidade metabólica do organismo, diminuindo consequentemente a produção de ATP.
  • Hepatopatias Crônicas: Condições como cirrose biliar primária, colangite esclerosante e outras hepatopatias que cursam com colestase podem ser acompanhadas de hipercolesterolemia significativa.
  • Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS): Pode ocorrer hipercolesterolemia de difícil controle devido a medicações (ex: inibidores de protease), frequentemente com aumento de TG e diminuição de HDL.

Fatores de Risco para Dislipidemia

  • Obesidade: Aumento dos triglicerídeos e diminuição do HDL.
  • Tabagismo (Fumo): Diminuição do HDL e oxidação do LDL.
  • Alcoolismo: Aumento dos triglicerídeos.
  • Síndrome Metabólica: Presença de pelo menos 3 dos seguintes critérios:
    • Obesidade abdominal
    • TG > 150 mg/dL
    • HDL-C < 40 mg/dL (homens) ou < 50 mg/dL (mulheres)
    • Pressão Arterial (PA) > 135/85 mmHg
    • Glicemia > 110 mg/dL
  • Homocisteína: Aminoácido sulfurado. Níveis séricos elevados associados a: idade avançada, sexo masculino, pós-menopausa, tabagismo, sedentarismo, fatores dietéticos, diminuição da função renal e certos medicamentos.
  • Hiper-homocisteinemia: Níveis elevados de homocisteína aumentam o risco de aterosclerose (esclerose de artérias e veias), favorecendo a deposição de LDL.

Manifestações Clínicas

A grande maioria dos portadores de dislipidemia não apresenta sinais ou sintomas clínicos.

Sinais possíveis (geralmente em casos graves ou genéticos):

  • Xantomas Tendinosos: Massas fusiformes nos tendões, mais comuns no tendão de Aquiles, patelar e extensores das mãos.
  • Arco Corneal: Anel branco-azulado ao redor da córnea (deposição de lipídios).
  • Xantelasma: Depósitos de gordura amarelados na pele, tipicamente ao redor dos olhos.

Dislipidemia e Doenças Cardiovasculares

A dislipidemia contribui para a formação de placas de ateroma, levando à aterosclerose. Isso causa a diminuição do fluxo sanguíneo nas artérias, podendo resultar em doença arterial coronariana obstrutiva e insuficiência coronariana.

Tratamento da Dislipidemia

  • Não Farmacológico: Mudanças no estilo de vida (dieta equilibrada, exercício físico regular, cessação do tabagismo, controle de peso).
  • Farmacológico: Medicamentos hipolipemiantes (ex: estatinas, fibratos, ezetimiba, inibidores de PCSK9, etc.), conforme indicação médica.

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