A Ditadura de Franco na Espanha (1936-1975)

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Em fevereiro de 1936, durante a Segunda República Espanhola, a esquerda, agrupada na Frente Popular, chegou ao poder e formou um governo liderado por Manuel Azaña. Durante o governo da Frente Popular, altos oficiais do Exército organizaram uma sublevação para estabelecer uma ditadura sob a liderança de Sanjurjo. Finalmente, em 17 de julho de 1936, começou o levante militar contra o governo em Marrocos. Os generais rebeldes tinham o apoio dos latifundiários, da burguesia, do meio católico e das classes mais baixas. Receosos de que o triunfo de reformas liberais, ou mesmo que houvesse uma revolução, correram para a conquista do Estado, a fim de manter a situação econômica e social na Espanha durante a ditadura de Primo de Rivera. No entanto, o golpe de Estado falhou e tornou-se uma longa e sangrenta guerra civil.

Os motivos que levaram ao confronto entre os espanhóis foram principalmente a luta de classes, o antagonismo ideológico e conflitos religiosos.

A intervenção das potências estrangeiras estendeu e prolongou o conflito espanhol. Ambos os lados procuraram suprimentos e armamentos no exterior. No entanto, foi alcançado um compromisso internacional para isolar o conflito espanhol. Foi criado o Comitê de Não Intervenção, que juntou quase todos os países europeus, com exceção da Alemanha e da Itália. Nesta situação, o lado republicano procurou a ajuda da França e da Inglaterra, que decidiram ser neutras. Perante esta recusa, o lado republicano entrou em contato com o governo de Stalin e da União Soviética, que ainda não haviam aderido ao Comitê de Não Intervenção, e que os ajudou.

Em princípio, os rebeldes não tinham um projeto político para substituir as instituições republicanas. Foi decidido que todo o poder seria centralizado em uma única liderança para garantir uma direção estratégica mais eficaz. Francisco Franco foi eleito como chefe de Estado desde a morte do general Sanjurjo. No início de 1937, Franco declarou sua recusa em restaurar o trono de Alfonso XIII.

A partir de 1939, Franco tornou-se o governante absoluto da Espanha. O regime de Franco, inimigo do marxismo e do anarquismo, também rejeitou o liberalismo político e a democracia.

Características do Regime Franquista

Portanto, Franco instituiu um estado caracterizado pelo autoritarismo extremo, de modo que, nascido como uma ditadura, modelado nos regimes italiano e alemão, foram proibidos todos os partidos políticos, exceto o partido da Falange Espanhola e Tradicionalista das JONS. Franco atribuiu a si o título de Caudilho da Espanha e Generalíssimo de todos os exércitos, aboliu a Constituição de 1931, retirou o direito de greve, suprimiu os estatutos de autonomia para o nacionalismo basco, galego e catalão, e instalou a censura na mídia. Os meios de comunicação foram a máquina de propaganda de Franco.

A Igreja Católica apoiou a ditadura de Franco, sustentando a ideia de que Franco governava pela vontade de Deus. No novo estado não havia verdadeira separação de poderes: o poder executivo apoiava-se unicamente em Franco; o legislativo, em um Tribunal, cujos membros eram escolhidos somente entre os partidários do regime; e o poder judicial, em juízes nessas condições. O Estado exerceu um rígido controle político e ideológico da população. Os únicos políticos aceitos eram os do novo regime ditatorial.

Após a Guerra Civil, a situação econômica da sociedade espanhola foi dolorosa. Franco impôs a cooperação obrigatória dos empregadores e dos trabalhadores, proibiu o locaute e a greve e estabeleceu a filiação obrigatória em um sindicato vertical.

Isolamento e Recuperação Econômica

Nem a situação interna nem a situação internacional facilitaram a reconstrução e recuperação da economia espanhola. A Segunda Guerra Mundial não contribuiu para a melhoria dos laços econômicos. A Espanha entrou em um período de isolamento internacional, juntamente com vários anos de seca e colheitas escassas, que acentuaram a extrema pobreza da população espanhola e consolidaram um sistema de racionamento.

Nos anos seguintes, culminou o reconhecimento internacional do regime de Franco. Em 1953, assistiu-se à assinatura dos acordos hispano-americanos, que, em troca de vários bilhões de dólares em assistência técnica, econômica e em armas, permitiram que os EUA instalassem três bases aéreas na Espanha e uma da Marinha.

Nessa conjuntura econômica, a produção chegou finalmente a taxas pré-guerra, permitindo o abandono do sistema de racionamento e o início de um considerável desenvolvimento industrial.

Graças a estas medidas, tentou-se conter a subida dos preços e aumentar a competitividade da economia espanhola. Na década de 1960, com o investimento de capital estrangeiro, a indústria recebeu o impulso final e as exportações aumentaram. A abertura das fronteiras para a Europa facilitou a emigração de milhares de trabalhadores e a entrada de milhões de turistas.

Oposição e Fim do Regime

Por outro lado, uma parte da intelligentsia exigiu uma modernização social e democratização política no país, mas o regime de Franco, indiferente às mudanças sociais, manteve-se fiel à estagnação política e às práticas repressivas. Na década de 1960, a resposta normal às demandas do movimento operário e estudantil e aos apelos da oposição foram os chamados estados de emergência, durante os quais se suspendiam os direitos contidos na Carta dos Espanhóis, o encerramento das universidades, julgamentos e penas de prisão e até mesmo as execuções de opositores do regime. Naqueles anos, foi nomeado Juan Carlos de Borbón como futuro sucessor com o título de rei.

Em 1973, Franco renunciou ao exercício das funções de Presidente e Primeiro-Ministro, elegendo para esse cargo o almirante Carrero Blanco, que era a pessoa que representava a garantia de continuidade do regime de Franco após a sua morte. No entanto, no final de 1973, Carrero Blanco foi assassinado em Madrid, vítima de um ataque do ETA. Para sucedê-lo, Franco designou Arias Navarro, especialista em políticas públicas.

Em 1974, Franco, gravemente doente, teve que deixar a Chefia de Estado nas mãos de Don Juan Carlos de Borbón. Ao seu retorno, o regime havia perdido toda a iniciativa política, que foi assumida pelo PCE, que juntamente com o PSOE, o Partido Carlista e outros, fundaram a Junta Democrática da Espanha, com um calendário preciso para a democratização.

Finalmente, em 1975, Juan Carlos de Borbón assumiu, pela segunda vez, a Chefia de Estado. Logo depois, em novembro do mesmo ano, deu-se a morte de Franco, encerrando assim a ditadura franquista.

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