Doenças Periodontais e Lesões Bucais: Guia Essencial

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Gengivite Ulcerativa Necrosante (GUN)

Gengivite Ulcerativa Necrosante (GUN): Processo inflamatório inespecífico que pode afetar a gengiva marginal, papilar e inserida, produzindo necrose epitelial e conjuntiva, resultando no aspecto característico de crateras.

Sinais Orais

  • Pseudomembrana necrótica
  • Papila invertida
  • Salivação
  • Hemorragia gengival
  • Odor fétido

Localização

Área marginal periodontal da papila, áreas das papilas de incisivos superiores e posteriores. Áreas necróticas contornando a área marginal por vestibular mais do que por lingual.

Sintomas Orais

  • Sensibilidade
  • Sabor metálico
  • Sialorreia
  • Dor e ardência
  • Mal-estar e febre
  • Dor irradiada ou localizada ligada à necrose, intensificada pelo calor, frio ou condimentos
  • Sangramento: Decorrente da destruição epitelial
  • Halitose: Consequência da necrose intensa dos tecidos em decomposição do sangue, acúmulo de placa e impossibilidade de higiene
  • Sensação de cansaço
  • Aceleração do pulso e depressão

Fatores Predisponentes

  • Locais: Gengivite prévia (100%), trauma e tabaco
  • Gerais: Deficiências nutritivas, doenças debilitantes (AIDS), fatores psicossomáticos

Prevalência

Adulto jovem, compreendendo o grupo etário entre 13 a 30 anos, ambos os sexos, sendo na maioria do sexo masculino. Sua prevalência está relacionada à higiene oral deficiente. Pode ocorrer também em pacientes com boa higiene. Mais comum em bocas com gengivites e periodontites.

Complicações

  • Noma (gengivite ou estomatite gangrenosa)
  • Meningite ou periodontite fuso-espiroquetal
  • Infecções pulmonares
  • Abscesso cerebral fatal

Terapêutica

Dois estágios:

  • Controle da Fase Aguda:
    • Uso de agentes antibacterianos: água oxigenada em solução a 5 volumes
    • Raspagem superficial dos dentes afetados
    • Terapia antibiótica: metronidazol oral 20mg e/ou penicilina
  • Tratamento da Condição Residual:
    • Enquadra o paciente dentro da rotina de tratamento
    • Procedimentos básicos: raspagem coronorradicular, instruções de higiene oral, retirada dos fatores de retenção de placa
    • Deformidades teciduais remanescentes serão corrigidas por cirurgias de procedimentos a retalhos ou cirurgias de gengivoplastia

Diagnóstico Diferencial da GUN

Pode ser confundida com:

  • Gengivoestomatite herpética aguda
  • Gengivite descamativa
  • Afta
  • Gengivoestomatite gonocócica
  • Bolsas periodontais crônicas
  • Difteria
  • Sífilis
  • Leucemias, etc.

Gengivite Ulcerativa Necrosante (GUN): Limita-se às lesões gengivais, envolvendo somente tecido gengival sem perda de inserção.

Periodontite Ulcerativa Necrosante (PUN)

Periodontite Ulcerativa Necrosante (PUN): Frequentemente resulta em perda de inserção. É uma doença inflamatória grave e aguda provocada pela placa bacteriana. As lesões estão restritas aos tecidos periodontais, incluindo gengiva, ligamento periodontal e osso alveolar.

Prevalência

Ocorre principalmente em adultos jovens, mas pode ser observada em outras faixas etárias, com diferenças geográficas. Comum em pacientes portadores do vírus HIV.

Características Clínicas

  • Ulceração e necrose das papilas com aspecto de cratera
  • Úlceras cobertas por uma camada branco-amarelada ou cinza, denominada pseudomembrana
  • Material da membrana consiste de fibrina e tecido necrótico com leucócitos, eritrócitos e massas de bactérias
  • As lesões necrosantes são dolorosas e sangrantes
  • A dor é o motivo pelo qual o paciente procura a clínica
  • Primeiras lesões vistas na região anterior da mandíbula

Localização

Região anterior da mandíbula, nas áreas interproximais, confinadas às extremidades das papilas. Pode ocorrer em qualquer espaço interproximal. Frequentemente, na gengiva de dentes semi-impactados. Região posterior da maxila.

Fatores que Predispõem à PUN

  • Doenças sistêmicas: leucemia, sarampo, varicela, tuberculose, gengivoestomatite herpética, malária
  • Má nutrição
  • Higiene oral deficiente
  • Indivíduos infectados pelo HIV
  • Estresse
  • Sono inadequado
  • Tabagismo

Tratamento

  • Fase Aguda:
    • Raspagem a mais completa possível
    • Substituir a escovação por agentes químicos (água oxigenada a 3% e água morna) e solução de clorexidina a 0,2%
    • Uso de antibióticos sistêmicos com quimioterápicos
  • Fase de Manutenção:
    • Raspagem e polimento radicular
    • Correção cirúrgica: gengivectomia, cirurgia a retalho

Gengivoestomatite Herpética Aguda (GHPA)

Gengivoestomatite Herpética Aguda (GHPA): Inflamação aguda da mucosa bucal, caracterizada pelo desenvolvimento de grupos de vesículas sobre base eritematosa.

Etiologia

Herpes simplex (HSV) tipo 1.

Localização

Ocorre em qualquer lugar da gengiva inserida ou livre, ou na mucosa alveolar. Apresenta eritema difuso que pode cobrir toda a gengiva e parte da mucosa alveolar. Apresenta lesões ulceradas nos lábios, língua e mucosa vestibular.

Prevalência da GHPA

Geralmente em crianças (1-10 anos), ambos os sexos.

Incubação

4 dias a uma semana.

Sintomatologia

  • Vesículas generalizadas em várias áreas da boca
  • Febre e irritação
  • Inapetência e dor na boca e na cabeça
  • Sensibilidade gengival e adenopatias submandibulares
  • Gengivite aguda com sangramento
  • Sintomas desaparecem em 21 dias

Diagnóstico Diferencial com a PUN

  • Idade: GHPA (3-10 anos) vs. PUN (15-30 anos)
  • Período: PUN (1-2 dias) vs. GHPA (1-2 semanas)
  • Destruição Tecidual: PUN (há destruição do tecido periodontal) vs. GHPA (não há destruição)
  • Localização: PUN (papila interdental) vs. GHPA (gengiva e toda a mucosa oral)

Diagnóstico Diferencial com a GUN

  • Febre Alta: Acima de 39ºC na GHPA
  • Localização da GHPA: Outras áreas da boca
  • Idade: Acima de 7 anos, a GHPA é rara
  • Eritema: A GHPA apresenta eritema difuso

Terapêutica

O tratamento é sintomático e de suporte. Aconselha-se repouso, dieta líquida. Recomenda-se violeta de genciana diluída a 1:1000 em toda a mucosa bucal. Prescrevem-se antibióticos (tetraciclinas 250mg/4 horas). Creme de aciclovir como método preventivo.

Abscesso Gengival

Abscesso Gengival: Coleção purulenta localizada na gengiva, resultante de uma inflamação aguda no local onde se formou. É provocado pela penetração de corpo estranho nos tecidos gengivais.

Causas

  • Corpo estranho (bandas ortodônticas e restos de alimentos)
  • Após procedimentos de moldagem
  • Quando não se restabelece o ponto de contato

Localização

Junto à margem gengival na papila interdental, podendo atingir a gengiva inserida.

Abscesso Periodontal

Abscesso Periodontal: Coleção localizada de pus no periodonto, resultante de uma inflamação aguda (osso, ligamento periodontal e cemento radicular). Para sua ocorrência, o paciente deverá ser portador de doença periodontal.

Causas

  • Locais: Estão diretamente relacionadas aos fatores ligados ao dente:
    • Bolsas profundas
    • Bolsas sinuosas de bifurcações e trifurcações
    • Bolsas profundas após raspagem, com tendência a estrangular
    • Causas iatrogênicas
    • Presença de corpo estranho
    • Fraturas radiculares
    • Trepanações com perfurações
    • Trauma oclusal primário
    • Ausência de contato proximal
    • Após raspagem e polimento coronorradicular (RPCR)
    • Perfurações endodônticas das raízes
  • Sistêmicas:
    • Diabetes: Pacientes com maior quantidade de abscesso periodontal
    • AIDS: Paciente aidético não tem defesa imunológica adequada

Desenvolvimento

  • Estágio 1 (Primeira Fase): Paciente apresenta dor pulsátil, radiografia não mostra sinais, não existem características agudas.
  • Estágio 2 (Segunda Fase): Edema e área avermelhada, sinais de destruição clínicos e radiográficos visíveis. Pode ocorrer flutuação se não for tratado.
  • Estágio 3 (Terceira Fase): Apresenta fistulação via sulco ou mucosa.
  • Estágio 4 (Quarta Fase): Apresenta cronificação, não tem dor aguda. Apresenta edema junto ao ligamento.

Tratamento da Fase Aguda

  • Emergencial: Drenar via sulco gengival, localizar com uma sonda um orifício e fazer a drenagem com uma cureta.
  • Se apresentar flutuação, faz-se uma incisão.
  • Anestesiar a área.
  • Tentar raspar para eliminar o processo agudo.
  • Usar solução salina.
  • Medicação somente se o paciente estiver muito debilitado.

Tratamento da Fase Crônica

Tratamento definitivo e o diagnóstico diferencial tem que ser estabelecido.

  • Problema endodôntico
  • Problema periodontal
  • Avaliar presença de restaurações profundas
  • Fazer radiografias com cone de guta para diferenciar lesões endo-perio

Diagnóstico Diferencial

Feito em relação aos abscessos periapicais e gengivais.

Abscesso Periapical

Abscesso Periapical: Coleção purulenta circunscrita envolvendo os tecidos que circundam a porção apical de um dente. Pode ser causado por agentes físicos, químicos e microbianos, que são responsáveis por alterações inflamatórias irreversíveis do órgão pulpar, com posterior infecção.

Diagnóstico Diferencial do Abscesso Periodontal com o Abscesso Periapical

  • Abscesso Periapical: Dor pulsátil, localizada e contínua. Mobilidade ocasional. Vitalidade pulpar negativa. Ausência de exsudato. Radiograficamente, reabsorção circunscrita ao ápice radicular.
  • Abscesso Periodontal: Dor difusa e irradiada. Presença de bolsa periodontal. Mobilidade dentária. Vitalidade pulpar normal.

Para diferenciar um abscesso periodontal de um periapical, coloca-se na fístula um cone de guta.

Pericoronarite

Pericoronarite: Inflamação do capuz pericoronário do dente em erupção.

Características

  • Dente parcialmente erupcionado
  • Coroa do dente que se desenvolveu perto de tecido frouxo
  • Dente com localização que dificulta as condições de higiene

Causas

  • Dente parcialmente erupcionado, próximo do ramo da mandíbula
  • Sulco distal profundo
  • Dificuldade de higiene local
  • Trauma mecânico sobre o tecido

Complicações

  • Abscesso periodontal
  • Celulite
  • Extensão da inflamação para o assoalho da boca e orofaringe
  • Comprometimento ganglionar: submandibular, cervical profundo, cervical posterior
  • Abscesso amigdaloperitonsilar
  • Angina de Ludwig
  • Septicemia

Riscos de Disseminação

  • Espaço temporal e infratemporal
  • Espaço vestibular
  • Espaço massetérico
  • Espaço mentoniano
  • Espaço mandibular

Sintomas do Paciente

Dor pulsátil, persistente e irradiada para o ouvido médio, assoalho bucal e garganta.

Tratamento

  • Terapêutica de Emergência: Assepsia, anestesia, irrigação com soro fisiológico morno, raspagem superficial.
  • Quando houver coleção purulenta, faz-se uma incisão.
  • Instrução de bochechos com água salina morna.
  • Prescrever antibiótico quando o paciente apresentar sintomatologia sistêmica.

Tratamento Definitivo

  • Eliminação do capuz quando indicado.
  • Indica-se a exodontia quando não for possível fazer uma cunha distal, quando não houver espaço na arcada ou em caso de impactação dental.

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