DTM e Ajuste Oclusal: Guia Completo

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DTM: Disfunção Temporomandibular

A Disfunção Temporomandibular (DTM) é uma patologia que afeta os músculos da mastigação, a articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas.

Sintomas da DTM

Os sintomas mais comuns da DTM incluem:

  • Dor no ouvido, face, pescoço e ombros;
  • Dificuldade para abrir a boca;
  • Dor de cabeça;
  • Dor ou fadiga nos músculos faciais;
  • Estalos ao abrir ou fechar a boca;
  • Dificuldade para mastigar;
  • Zumbido no ouvido;
  • Desvio na abertura da boca.

Causas da DTM

As causas da DTM podem ser variadas, como:

  • Apertamento dentário por tensão;
  • Prótese removível ou desgastada;
  • Dentes tortos ou ausentes;
  • Bruxismo;
  • Estresse;
  • Anomalias nos ossos faciais;
  • Má oclusão.

Tratamento da DTM

O tratamento da DTM pode envolver:

  • Medicamentos;
  • Tratamento oclusal (ajuste, reabilitação, ortodontia);
  • Cirurgia (artroscopia);
  • Tratamento biomecânico (placa oclusal);
  • Tratamento psicológico.

Placa Oclusal

A placa oclusal é um dispositivo utilizado no tratamento da DTM. Existem dois tipos principais:

  • Placas protetoras: feitas de acetato ou silicone, indicadas para bruxismo sem sintomas musculares e da ATM. Afetam apenas os dentes e são indicadas para adolescentes até 16 anos, pois não afetam a posição dos dentes, não interferem no rompimento dos dentes e no crescimento da mandíbula e maxila.
  • Placas miorrelaxantes: afetam dentes, periodonto, músculos e ATM. Podem ser anteriores (front plateau) com cobertura parcial, e confeccionadas de forma direta ou indireta.

Efetividade da Placa Oclusal para DTM

A placa oclusal é efetiva para DTM porque:

  • Cria harmonia neuromuscular, eliminando interferências oclusais;
  • Reduz o bruxismo;
  • Melhora a relação côndilo-disco.

Indicações da Placa Oclusal

  • Hiperatividade muscular;
  • Dores de cabeça, ombro e pescoço;
  • Relaxamento muscular para registros;
  • Redução dos sintomas de bruxismo;
  • Desordens intracapsulares;
  • Reabilitação oral.

Contraindicações da Placa Oclusal

  • Mordida aberta excessiva;
  • Distúrbios psíquicos;
  • Doença periodontal avançada;
  • Poucos dentes ou alto índice de cárie.

Diferença entre montagem em articulador semi-ajustável (ASA) para estudo e para confecção da placa: Pino em zero, mantendo o afastamento de 2 mm (espessura da placa).

Confecção da Placa Oclusal

  • Placa de confecção direta: contatos cêntricos, guia canina, protrusiva, lado de trabalho e não trabalho.
  • Placa de confecção indireta (protético): RC, protrusiva, lateralidade, avaliar adaptação, repetir o processo até que a adaptação seja perfeita, ajuste de oclusão - contatos uniformes em RC, guia canina, protrusiva em 2 pontos.
  • Front plateau: emergência (dor), diagnóstico diferencial, uso temporário.

Tempo de Uso das Placas Oclusais

  • Curto período: dias a poucas semanas;
  • Período prolongado: 4 a 6 meses;
  • Durante toda a vida do paciente (indefinidamente);
  • 24 horas por dia;
  • Apenas à noite para dormir.

Contatos Interceptivos e Ajuste Oclusal

Contatos interceptivos causam danos à ATM e ao sistema estomatognático.

Ajuste oclusal é a correção dos contatos oclusais danosos (interferências e prematuridades) através do desgaste seletivo. Deve ser executado SOMENTE quando há prova absoluta de que a oclusão existente está prejudicando o sistema mastigatório.

Objetivos Gerais do Ajuste Oclusal

  • Conforto do paciente;
  • Máxima eficiência mastigatória;
  • Estabilidade dos dentes e arcos dentais;
  • Aumentar a longevidade do sistema;
  • Proporcionar mínimo desgaste dos dentes;
  • Forças oclusais no sentido do longo eixo dos dentes;
  • Máximo contato dental em Relação Cêntrica (RC).

Desgaste Seletivo

  • O paciente deve estar neuromuscularmente relaxado;
  • É um processo irreversível;
  • É um procedimento limitado;
  • Uma vez iniciado, deve ser concluído;
  • Alterações na dimensão vertical de oclusão;
  • Não sabemos o relacionamento final dos dentes anteriores;
  • Dificuldade em manusear o paciente.

Indicações do Desgaste Seletivo

  • Pacientes com sinais e sintomas no sistema mastigatório, desde que não necessitem de ortodontia, cirurgia ortognática ou reabilitação oral;
  • Pacientes após tratamento de doença periodontal avançada, desde que não necessitem de ortodontia, “splint” oclusal ou reabilitação oral;
  • Pacientes que necessitam de odontologia restauradora extensa;
  • Após tratamento ortodôntico, quando necessário;
  • Após correções cirúrgicas;
  • Alguns casos de mordida aberta;
  • Pacientes com acentuada sintomatologia dental;
  • Trauma oclusal.

Contraindicações do Desgaste Seletivo

  • Acentuada classe II;
  • Acentuada mordida aberta (Ortodontia ou Cirurgia é a indicação);
  • Sintomas agudos: Músculo – ATM (Medicação e Placa Miorrelaxante é a indicação);
  • Paciente com estresse emocional (Medicação, Placa ou indicação médica);
  • Mordida aberta devido a hábitos de língua (Ortodontia).

Regras para Realizar o Ajuste Oclusal

  1. Montagem prévia em ASA + ajuste diagnóstico = VIABILIDADE DO TRATAMENTO;
  2. Ajustar inicialmente: dentes extruídos, coroas e próteses com oclusão aumentada;
  3. Manipulação do paciente em RC e marcação dos contatos.

Tipos de Contatos

  • Contato entre vertentes:
    • Contato entre vertente interna e externa: desgastar sempre a vertente externa;
    • Quando for entre internas: desgastar ambas.
  • Contato de ponta de cúspide X fossa:
    • Se a ponta de cúspide interferir nos movimentos de protrusão e lateralidade: desgasta-se a mesma;
    • Se não tocar: desgasta-se a fossa.
  • Contato (interferência em lateralidade e protrusiva):
    • Em protrusiva, os dentes anteriores devem desocluir todos os dentes posteriores;
    • Qualquer contato em dente posterior no movimento de lateralidade: desgastar ambas as cúspides até obter guia canina.

A força de contato em dentes posteriores deve ser ao longo do eixo do dente para evitar forças horizontais que podem levar a fraturas de cúspides e restaurações.

Avaliação Final do Ajuste Oclusal

Após o ajuste oclusal, os seguintes critérios devem ser observados:

  1. Não deve existir má oclusão deflectiva;
  2. Todas as cúspides de suporte devem ter o ponto de contato na ponta da cúspide e esta ocluir no fundo da fossa oponente, numa superfície plana;
  3. A morfologia oclusal deve melhorar com a introdução de sulcos e as cúspides pontiagudas para melhorar a eficiência mastigatória;
  4. A tábua oclusal é diminuída com as modificações nas cúspides de suporte;
  5. O paciente deve apresentar liberdade de movimentos em todas as direções excêntricas;
  6. O paciente deve desocluir todos os dentes posteriores imediatamente em qualquer movimento fora da oclusão cêntrica (MIC = RC) ou ter uma cêntrica longa para permitir que os dentes anteriores possam desocluir os posteriores sem interferências;
  7. O paciente deve sentir conforto e possuir contatos bilaterais, simultâneos e estáveis;
  8. Todas as superfícies desgastadas devem ser polidas e receber uma aplicação de flúor.

Interferências e Prematuridades Causam DTM?

Sim, entretanto, a etiologia das DTMs está mais relacionada com o limiar de tolerância de cada indivíduo (capacidade adaptativa) do que com fatores locais, sistêmicos ou emocionais. Pacientes com grandes interferências oclusais e alto limiar de tolerância podem não apresentar sintomatologias, enquanto outros, com melhores condições oclusais, mas com baixo limiar de tolerância, podem reagir a estas pequenas discrepâncias com forte sintomatologia.

Coroa Unitária: Ao ajustar uma peça em Máxima Intercuspidação Habitual (MIH), sempre verificar também em relação cêntrica.

Marcação dos contatos:

  • RC ou MIH: Preto (ponta de cúspide ou fossas);
  • Protrusiva: Vermelho (não deve haver contato em posteriores);
  • Lateralidade: Vermelho (molares não devem marcar).

Sistema Estomatognático

Entidade fisiológica, perfeitamente integrada por um conjunto heterogêneo de órgãos e tecidos, cujas biologia e fisiologia são absolutamente independentes.

Funções Específicas

  • Mastigação;
  • Deglutição;
  • Respiração;
  • Fonação;
  • Postura.

Enceramento Progressivo

Cúspides de Suporte (Cêntricas ou Funcionais)

  • Amplas e arredondadas;
  • Manutenção da Dimensão Vertical de Oclusão (DVO);
  • Responsáveis pela trituração dos alimentos;
  • Cúspide vestibular dos dentes inferiores e cúspide palatina dos dentes superiores.

Cúspides Guias ou Não Cêntricas

  • Pontiagudas (corte);
  • Minimizam o impacto nos tecidos moles;
  • Mantêm o bolo alimentar na mesa oclusal durante a mastigação;
  • Cúspide vestibular dos dentes superiores e cúspide lingual dos dentes inferiores.

Relação Dente para 2 Dentes

Cada dente oclui com 2 dentes opostos.

Exceção: Incisivo Central Inferior (ICI) e 3º Molar Superior (3º MS).

  • Distribuição de forças oclusais para vários dentes – toda a arcada;
  • Integridade da arcada;
  • Dentes inferiores para lingual e mesial de seus antagonistas.

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