DTM, Bruxismo e Tratamentos: Guia Completo de Diagnóstico e Terapia
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1. Bruxismo: Causas, Sintomas e Tratamento
O bruxismo é caracterizado pelo ranger ou apertar dos dentes, sendo classificado como um distúrbio de movimento relacionado ao sono ou um hábito diurno.
Razões Físicas e Psicológicas para Desencadear o Bruxismo:
- Sensações de ansiedade, estresse, raiva, frustração ou tensão.
- Alinhamento anormal dos dentes superiores e/ou inferiores (má oclusão).
- Outros problemas do sono, como a apneia ou ronco.
- Resposta à dor de ouvido ou dor de dente (principalmente em crianças).
- Efeito colateral incomum de alguns medicamentos psiquiátricos, tais como certos antidepressivos.
- Complicação de uma doença, tal como a doença de Parkinson.
Sinais e Sintomas:
- Hipertrofia muscular.
- Presença de desgaste nas bordas incisais e nos dentes anteriores.
- Facetas dentais polidas.
- Tórus (exostoses ósseas).
- Edentações no bordo lateral da língua.
- Dor na musculatura facial, entre outros.
Tratamento:
Preconiza-se o uso da placa miorrelaxante e aplicação de toxina botulínica como coadjuvante. Se notarmos melhora, deve-se realizar acompanhamento e orientar o paciente para também buscar um acompanhamento psicológico, psiquiátrico ou psicoterapeuta (se for o caso).
Bruxismo Noturno (do Sono):
O bruxismo do sono é considerado um distúrbio de movimento relacionado ao sono. Neste tipo de bruxismo, é mais comum ranger os dentes, o que não ocorre durante toda a noite, mas vem em crises, principalmente nas fases de sono mais leves (REM).
2. Deslocamento do Disco Articular (DTM)
Disco com Redução (Estalido):
É o estágio inicial. O disco articular está começando a afinar a zona posterior e anterior descendente, perdendo elasticidade. O disco ocupa cada vez mais uma região inferior. Quando a fibra perde a elasticidade, não há mais força para puxar o disco para trás, e ocorre o estalido, que é o deslocamento com redução.
Disco Sem Redução (Travamento):
É quando o disco não volta à sua posição original, ou seja, a lâmina não o traz de volta, não havendo força suficiente. Neste caso, o paciente apresenta limitação na abertura bucal.
3. Distúrbio Inflamatório e Fisiologia da Dor
A dor faz conexão com o neurônio do trato espinal até o tálamo e hipotálamo, na parte mais externa do córtex. Temos um dano tecidual, destruição de células e reação do organismo.
Condução da Dor:
A dor é conduzida por dois tipos de neurônios, principalmente a fibra A-delta e a fibra C, pelo processo químico de despolarização do sódio e potássio.
- Fibra A-delta: Possui bainha de mielina e, por isso, conduz a dor mais rapidamente (dor aguda).
- Fibra C: Não possui bainha de mielina e, por isso, tem que despolarizar a fibra por completo, mantendo a dor (dor crônica).
Mecanismo Inflamatório:
Quando a célula é destruída, ela extravasa potássio e bradicinina, além de liberar ácido araquidônico. O potássio e a bradicinina se ligam ao nervo. O ácido araquidônico é quebrado pela enzima COX (Ciclo-oxigenase) em prostaglandina e leucotrieno, que se ligam ao nervo, causam vasodilatação e disparam o estímulo doloroso. Quando a prostaglandina e o leucotrieno se ligam ao nervo, secretam a Substância P, atingindo outros neurônios que irão desencadear mais ácido araquidônico, intensificando a dor na região.
4. Farmacologia Aplicada
Anti-inflamatório:
Atua se ligando na COX-2 e inibindo o processo inflamatório. O mais indicado é a nimesulida.
Ação do Antidepressivo:
Os neurônios têm conexões que chamamos de sinapse. Alguns neurônios se ligam nos canais de sódio, causando a dor. Outros neurônios, chamados de inibitórios, liberam serotonina, que abre os canais de sódio e os deixa hiperpolarizados. O antidepressivo estimula esses neurônios inibitórios, reduzindo a percepção da dor.
Relaxante Muscular:
Atua relaxando neurônios e núcleos motores que disparam o sinal elétrico, impedindo a contração muscular involuntária.
5. Confecção da Placa Miorrelaxante
Especificações da Placa:
- Espessura: 3 mm (anterior), 1 mm (posterior).
Materiais Utilizados:
- Resina acrílica.
- Gesso especial.
- Alginato.
- Silicone de condensação.
- Moldeira de estoque.
- Articulador.
- Arco facial.
- Cubeta.
- Fresa (Maxxicut).
- Peça reta.
Passos da Confecção:
- Moldar o paciente (moldeira e alginato).
- Utilizar o arco facial para determinar a distância intercondilar, que coincide com o Plano de Frankfurt. O garfo, paralelo ao solo, coincide com o Plano de Camper.
- Transferir essas relações, verificar a estabilidade do arco e a linha média.
- Travamento das esferas condilares (condilar em 30° e ângulo de Bennet 15°).
- Confecção do Jig (misturar pó e líquido, acomodar Duralay, envolver dois incisivos superiores e estender 2 cm para a palatina).
- Pedir para o paciente morder e marcar o Jig: com a broca, criar uma rampa na região lingual.
- Registro da Relação Cêntrica.
- Montagem do modelo inferior.
- Colocação de cera (placa de cera), realizar ajustes e enviar para o protético acrilizar.
- Ajuste final na boca do paciente.
6. Diagnóstico Diferencial da Dor Orofacial
O diagnóstico é realizado pela palpação do músculo masseter e temporal. Podemos colocar o dedo indicador dentro do ouvido para sentir a presença de estalido.
Caso não seja possível diferenciar a origem da dor apenas pela palpação, podemos fazer o diagnóstico diferencial com a Placa de Desprogramação Anterior (Jig). Se a dor não cessar após alguns dias de uso, a origem é provavelmente na ATM; se a dor cessar, a origem é muscular.